terça-feira, 14 de abril de 2015

Indícios de água líquida em Marte durante a noite. Mantém-se a dúvida sobre a possibilidade de haver vida


Fotografia © NASA/JPL-CALTECH/MSSS

NASA diz que se formam gotas de água no solo, na presença de um composto que é ali abundante. Mas não se sabe se este ciclo hidrológico é suficientemente ativo para promover o aparecimento de vida.

As noites marcianas estão cheias de segredos, mas um deles foi agora revelado pelo rover Curiosity da NASA: na cratera Gale, na zona equatorial de Marte, onde o robô terrestre se encontra, o solo cobre-se durante a noite de água líquida, que depois se evapora quando o Sol volta a nascer. É uma observação indireta, mas esta é a primeira vez que ali se deteta a pista da água no estado líquido - uma condição essencial à vida.

A conclusão, publicada hoje na revista Nature Geoscience, é de um grupo de cientistas liderado por Javier Martín-Torres, do Instituto Andaluz de Ciências da Terra de Granada, em Espanha, e da Univer-sidade Luleå de Tecnologia de Kiruna, na Suécia.

Os investigadores estudaram os dados recolhidos pelo Curiosity no solo e na atmosfera marciana e, pela análise dos compostos que encontraram à superfície e do teor de vapor de água no ar, concluíram que há um ciclo noturno da água que está perfeitamente marcado nas observações do robô da NASA.

O que acontece durante a noite no Planeta Vermelho é que uma parte do vapor de água que existe na sua fina atmosfera sofre um processo de condensação no solo, e gela. No entanto, o perclorato de cálcio, que existe ali em grande quantidade, absorve parte desse vapor de água e forma uma espécie de salmoura que faz diminuir muito o ponto de congelação, permitindo a liquefação da água.

Os investigadores admitem, no entanto, desconhecer se este é um ciclo hidrológico suficientemente ativo. E, na discussão das suas implicações para a existência de vida em Marte - é nisso que toda a gente pensa de imediato -, colocam a hipótese de esta atividade ser demasiado reduzida. Isso, combinado com as baixas temperaturas ali existentes, não permitiria a existência de micro-organismos, tal como os conhecemos na Terra. Mas não há qualquer certeza.


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