segunda-feira, 21 de julho de 2014

Cratera do "fim do mundo" resulta do aquecimento global


O mistério da cratera detetada sexta-feira passada na península de Yamal (que se traduz por "o fim do mundo"), no norte da Sibéria, está resolvido. A expedição que tinha partido para investigar a descoberta diz tratar-se de uma consequência do aquecimento global e afasta a hipótese de meteorito.

As novas imagens mostram um lago no fundo da cratera, proveniente do permafrost derretido. No vídeo, disponibilizado no YouTube por um canal de televisão russo, vê-se a equipa científica no local.


Cientistas russos crêem que a cratera descoberta na península de Yamal, na Sibéria, se deve ao aquecimento global e não a um meteorito, como se tinha especulado no fim da semana passada. Em declarações ao Siberian Times, Andrei Plekhanov, investigador sénior no Centro para o Estudo do Ártico, disse que , a cratera era composta por 80% de gelo e não havia indícios de explosão e que, por isso, se eliminava a hipótese do buraco se dever à queda de um meteorito.

As declarações que davam como certa a explosão, através da observação das bordas "queimadas" do buraco, são assim desmentidas e Plekhanov salienta o fato de se ter tratado de uma ejeção, sem a libertação de calor, e não de uma explosão.

O russo também disse àquela publicação que "estão a trabalhar com imagens do espaço para perceber o momento exato da sua formação" e acrescentou que a cratera terá aparecido "há um ou dois anos", mas que ainda "temos de fazer os nossos testes e depois dizê-lo mais definitivamente". No fundo da cratera encontra-se um lago gelado, composto pela água que cai das paredes de permafrost em erosão.

As primeiras observações no local corroboram a teoria que indicava o aumento de temperaturas como gerador do mistério que espantou a comunidade científica, afastando as possibilidades que muitos internautas levantaram, incluindo a da aterragem de um OVNI. "Não há nada de misterioso aqui, é simplesmente a lei da Natureza com as suas pressões internas e mudanças de temperatura", disse Plekhanov.

Vladimir Pushkarev, diretor do Centro russo para o Estudo do Ártico crê que "é um fenómeno interessante, faz todo o sentido continuar o trabalho científico sobre ele e agora estamos a discutir as melhores maneiras de explorar o local".

Os peritos que se dirigiram ao local, acompanhados por um especialista do Ministério da Emergência, recolheram amostras do solo, do ar e da água. Composta por elementos do Centro para o Estudo do Ártico (da Rússia) e do Instituto da Criosfera da Academia de Ciência, a equipa ainda investiga as razões que levaram à aparição do buraco.

A peninsúla de Yamal é a principal zona de produção do gás que a Rússia fornece à Europa, cujo maior campo de extracção é Bovanenkovo, a 30 km da zona da cratera. A quantidade de gás no local pode tornar acontecimentos como este potencialmente perigosos.