Fóssil do jabuti gigante foi encontrado no Acre em 1995 e pode ser espécie ainda desconhecida, segundo pesquisador (Foto: Allen Ferraz / Assessoria Ufac)
Doutor em zoologia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Edson Guilherme crê que espécie de jabuti gigante encontrada nas Ilhas Galápagos pode ser descendente dos jabutis que viveram na Amazónia há 8 milhões de anos (Foto: Edson Guilherme/Arquivo Pessoal)
Investigador crê em relação entre o animal e tartarugas de Galápagos. 'Possui um género, mas não possui espécie ainda', diz cientista.
O fóssil de um jabuti gigante que viveu na Amazónia há cerca de 8 milhões de anos e que foi reconstituído por cientistas da Universidade Federal do Acre (Ufac) pode ser de uma espécie ainda desconhecida pela ciência. Essa é a tese defendida pelo doutor em zoologia e paleontólogo da Ufac, Edson Guilherme.
"Por enquanto, ele [o fóssil] só possui um género, Chelonoidis, mas não possui espécie ainda. Provavelmente deve ser uma espécie nova para a ciência que vai depender de mais estudos para ser descoberta", explica.
Ainda segundo o investigador, é possível que o fóssil do jabuti gigante tenha parentesco com as tartarugas gigantes de Galápagos, um arquipélago formado por 13 ilhas a 1.000 km da costa do Equador, surgido há aproximadamente 5 milhões de anos e que, por sua biodiversidade, inspirou o naturalista inglês Charles Darwin a escrever seu livro "A Origem das Espécies. Guilherme conta que esteve em fevereiro de 2015 na região e se surpreendeu com a semelhança.
"É impressionante como a carapaça dos bichos que existem em Galápagos são parecidas com a do fóssil", explica, ressaltando ainda que o mesmo não ocorre quando se compara o jabuti gigante com os atuais jabutis que vivem na região. "São completamente diferentes", afirma.
Para o investigador, se comprovada a relação entre os dois animais, novas questões devem surgir.
"Umas das perguntas é sobre as mudanças climáticas que ocorreram e fizeram com que os animais gigantes da Amazónia fossem extintos e os de lá não. Como eles chegaram lá? Boiando no mar? Presos em balseiros levados pelo rio até o mar?", questiona.
O investigador enfatiza ainda que a descoberta pode colocar a Universidade Federal do Acre em evidência, por ter um exemplar do animal. "Imagine ter dentro da Ufac um elo de ligação da Amazónia com as ilhas Galápagos, um local icônico graças ao trabalho de Darwin", enfatiza.
Entenda o caso
O fóssil foi encontrado em 1995 no município acreano de Assis Brasil, na fronteira com o Peru. Como estava muito fragmentado, ficou armazenado no laboratório e só começou a ser reconstruído em 2011, um trabalho que levou cerca de dois anos para ser concluído.
O fóssil amazónico possui mais de um metro e meio de comprimento sendo maior que os jabutis-gigantes de Galápagos. Até o momento, os investigadores sabem é que ele viveu na região amazónica e no Peru há mais de 8 milhões de anos, no Período Mioceno. O réptil era omnívoro e se alimentava de frutas, carcaças de outros animais, além de pequenos répteis e anfíbios.
fonte: G1
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