quarta-feira, 30 de março de 2016

Bactéria construída em laboratório tem o menor genoma de sempre




Imagens de células sintéticas, que foram baptizadas syn3.0 e obtidas por microscopia electrónica TOM DEERINCK E MARK ELLISMAN/CENTRO NACIONAL PARA INVESTIGAÇÃO DA IMAGEM E MICROSCOPIA/UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA EM SAN DIEGO/REUTERS

Equipa de Craig Venter fez uma bactéria usando apenas 473 genes, que se divide a cada três horas. Ainda não se conhece a função para um terço destes genes, apesar de serem vitais na sobrevivência destas células.

O ano “zero” da biologia sintética foi 2010, quando a equipa do geneticista Craig Venter construiu a primeira célula, capaz de se multiplicar em laboratório. Nessa altura, os cientistas juntaram as unidades do ADN para montarem a sequência genética de uma bactéria (tendo como ponto de partida o genoma da bactériaMycoplasma mycoides). Agora, Craig Venter aproximou-se do genoma mínimo essencial para uma bactéria viver e multiplicar-se. Para isso, os cientistas tiraram cerca de metade do ADN da bactéria feita em 2010. Os resultados foram publicados num artigo na última edição da revista Science e mostram que há muito por saber na genética dos organismos mais simples.

“A nossa tentativa de construir e criar uma nova espécie, ao mesmo tempo que foi bem-sucedida, mostrou que 32% dos genes essenciais para a vida desta célula têm uma função desconhecida, e muitos destes genes estão altamente conservados num grande número de espécies”, disse Craig Venter, num comunicado do Instituto J. Craig Venter, que fica em La Jolla, na Califórnia, Estados Unidos.

Desde meados do século XX que a genética se tornou-se uma chave importante para compreender a biologia. As células – que podem existir sozinhas, como nas bactérias, ou em conjunto, formando plantas e animais – tornaram-se modelos estudados a partir da genética. Uma célula tem a maquinaria específica para retirar do ambiente os nutrientes necessários para sobreviver, e contém as moléculas que permitem partir estes nutrientes para produzir energia ou construir proteínas novas e outras estruturas essenciais. Além disso, uma célula consegue dividir-se, perpetuando-se. No centro desta actividade estão o ADN e os genes.

O ADN é uma longa molécula constituída pela repetição de apenas quatro bases ou “letras” diferentes – A, T, G, C. Mas é nesta sequência de letras que estão os moldes para todas as proteínas necessárias para um organismo, quer estejamos a falar das bactérias ou dos seres humanos. A cada um destes moldes dá-se o nome de gene.

A nossa espécie tem cerca de 20.000 genes, com eles é possível gerar um indivíduo a partir de uma única célula. Já aMycoplasma genitalium – uma bactéria que habita as vias genitais humanas e tem o genoma mais pequeno da natureza conhecido – alimenta-se, respira e multiplica-se com apenas 525 genes, ligados numa sequência de ADN que forma um único cromossoma.

Craig Venter fez parte da equipa que sequenciou o genoma daquela bactéria em 1995. De então para cá, o cientista tem tentado perceber esta relação fundamental entre o genoma e a função celular. “A única forma para responder às questões mais básicas sobre a vida seria alcançar um genoma mínimo, e provavelmente a única forma para se conseguir é tentar sintetizar um genoma”, disse, numa conferência de imprensa organizada na semana passada pela Science.

O genoma que a sua equipa construiu em 2010 (com o nome desyn1.0) tinha cerca de um milhão de pares de base de ADN e 901 genes. O novo genoma (syn3.0) tem cerca de metade do número de pares de bases de ADN e resulta da junção de apenas 473 genes – menos 52 do que o do genoma da Mycoplasma genitalium. Ainda assim, as células crescem e dividem-se a cada três horas.

Para esta redução, os cientistas reorganizaram o genoma dosyn1.0 agrupando os genes consoante as suas funções e foram-nos testando para encontrar aqueles que eram essenciais à célula. Muitos não o eram, mas outros funcionavam aos pares. Sem um dos genes do par, ainda célula funcionava, mas quando os cientistas retiravam os dois, deixava de funcionar.

No fim, 41% dos genes eram importantes para actividades genéticas da célula, 18% estavam relacionados com a estrutura e a função da membrana, 17% eram importantes para o metabolismo celular e 7% tinham funções de preservação da informação genética. Mas 149 genes não tinham uma função conhecida. Ou seja, não se sabe para que proteínas (ou outras moléculas) são moldes.

Este grau de desconhecimento tem consequências na bioética, defendem os autores. “Quando apenas compreendemos dois terços da célula mais simples que conseguimos obter, então provavelmente compreendemos apenas 1% do genoma humano”, defende Clyde Hutchison, outro autor do estudo, do Instituto J. Craig Venter, na conferência de imprensa. “Por isso tenho defendido que é imensamente prematuro falar sobre ‘editar’ o genoma humano.”

Outra conclusão importante da equipa é que a biologia sintética também depende do contexto. Ou seja, um genoma mínimo depende do tipo de ambiente e de funções que um organismo cumpre. Um microorganismo que se alimenta de metano “com um metabolismo completamente diferente, vai requerer um [genoma] mínimo diferente”, diz Craig Venter.

Na quinta-feira, a biologia sintética estará no centro do debate do ciclo Conversas Ciência Conhecimento, às 19h30, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, onde se abordará a potencialidade da técnica no desenvolvimento de microrganismos para produzir fármacos e biocombustíveis. Neste contexto, os avanços de Craig Venter são incontornáveis.

fonte: Público

São muito altas as montanhas de Titã (Saturno)


Os cientistas ficaram impressionados com a altura das montanhas de Titã, que é duas vezes e meia mais pequena do que a Terra.

A partir das imagens captadas pela sonda Cassini foi possível medir a altura das montanhas desta lua de Saturno.

O ponto mais alto de Titã, analisado até agora, tem 3337 metros (muito menos do que o Monte Everest, com 8848 metros, ainda que esta lua seja duas vezes e meia mais pequena do que no nosso planeta).

Outras montanhas locais têm em média 3000 metros de altura.

Os cientistas perceberam também que esta lua tem uma grande diversidade geológica.

O recorde de altura no nosso sistema solar encontra-se em Marte, com 22000 metros de um vulcão extinto, e em Vénus, com valores próximos deste.

fonte: TSF

sábado, 26 de março de 2016

Erupções vulcânicas viraram Marte ao contrário


Os pólos sul e norte do planeta moveram-se com a quantidade extraordinária de lava que foi libertada há 3,5 mil milhões de anos

Estudos, publicados na revista Nature, revelam que, durante duas centenas de milhões de anos, Marte esteve sujeito a contínuas erupções vulcânicas, tão violentas que transformaram o panorama no planeta.

Uma zona vulcânica, metade do tamanho de França, libertou tanta lava que criou um planalto, chamado Tharsis, com 5000 quilómetros quadrados de largura e 12 quilómetros de espessura.

O volume da matéria expelida foi tal que fez mover o pólo sul e norte do planeta vermelho. "Se algo parecido ocorresse no nosso planeta, Paris iria ficar no círculo polar. Veríamos as auroras boreais em França e as uvas cresceriam no Sudão", explicou Sylvain Bouley, geomorfóloga na Universidade Paris-Sul, ao The Guardian.

Isto vem explicar alguns dos mistérios associados a Marte. Por exemplo, a localização de leitos de rios secos e de reservatórios de água gelada, que deviam estar mais perto dos pólos e não estão. 

fonte: Sábado

Cientistas publicam atlas tridimensional do dodo


Investigadores publicaram o primeiro atlas tridimensional da ave não voadora que desapareceu há 300 anos

Com o nome científico Raphus cucullatus, o dodo era uma grande ave não voadora endémica da Maurícia e o último exemplar foi documentado em 1693, menos de cem anos após a colonização da ilha pelos holandeses.

As ratazanas e outros predadores introduzidos pelos humanos tiveram um efeito devastador sobre os ovos e as crias.

Apesar da sua importância na cultura popular, que vê a ave como um dos mais conhecidos exemplos da extinção causada por humanos, a comunidade científica sabe pouco sobre esta espécie e das colecções do século XVII não resta qualquer esqueleto completo.

Entre 1899 e 1910, o barbeiro e entusiasta naturalista francês Etienne Thirioux encontrou um esqueleto completo e outros restos parciais da espécie que agora foram utilizados para criar o primeiro atlas anatómico tridimensional do dodo, graças a modernas técnicas de digitalização a laser.

Publicado na revista Society of Vertebrate Paleontology Memoir, este atlas é "o tratado mais amplo e completo sobre a anatomia do esqueleto do dodo e representa o esforço de uma ampla equipa de cientistas internacionais durante mais de cinco anos", explicou a paleontóloga holandesa Hanneke Meijer, da Universidade de Bergen, na Noruega, envolvida no projeto.

O dodo era um pássaro enorme, que podia chegar a medir um metro de altura e pesar 18 quilos. Pertencia à família dasColumbidae, a mesma de aves relativamente pequenas, como as pombas e as rolas.

O novo atlas é o primeiro que mostra as proporções relativas exactas do animal e inclui alguns ossos previamente desconhecidos, como a rótula, o tornozelo ou alguns ossos do punho.

O estudo em 3D também permitiu fazer simulações de como este animal se deslocava. "O crânio do dodo é tão grande e o seu bico tão robusto que é fácil de entender que os primeiros naturalistas o tenham relacionado com os abutres e outras aves de rapina e não com uma pomba", disse Meijer.

Os antepassados do dodo chegaram à Maurícia há oito milhões de anos e, segundo os especialistas, as espécies das ilhas evoluíram de forma bastante diferente das espécies continentais. No caso do dodo, perdeu a capacidade de voar, provavelmente devido à ausência de predadores.

O estudo multidisciplinar permitiu também perceber como era o ecossistema onde viveu o dodo e por que motivo muitos vertebrados desapareceram durante a alteração climática que ocorreu há 4.200 anos, principalmente como consequência da escassez de água, o que permite estimar o efeito das atuais alterações climáticas sobre a fauna.

"As espécies confinadas a ilhas são muito mais sensíveis às alterações climáticas, especialmente devido à falta de água e à salinização e contaminação das águas durante as secas", disse Kenneth Rijsdijk, investigador da Universidade de Amsterdão, que também participou no estudo.

fonte: Sábado

Fungo torna rãs mais «sexys» para facilitar propagação, indica pesquisa


Cientistas na Coreia do Sul descobriram que um fungo está a tornar as rãs asiáticas mais atraentes às fêmeas da espécie colaborando no sucesso da evolução de uma geração a outra.

Em entrevista à BBC, o professor-associado da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, Bruce Waldman, falou sobre a sua pesquisa com uma rã comum na Ásia, a Hyla japonica, e um fungo que ataca rãs, o Batrachochytrium dendrobatidis, também chamado de Bd.

Segundo a pesquisa de Waldman este fungo causa uma doença pandémica que pode matar o anfíbio além de afectar de várias formas a saúde do hospedeiro.

«Bd interfere com o equilíbrio electrolítico e a osmorregulação, causando insuficiência cardíaca nos indivíduos afectados», escreveu o pesquisador.

Além disso, o fungo também interfere no sistema imunológico e em muitos outros tecidos o que leva o anfíbio a ficar letárgico, perder a coordenação além de outras mudanças no comportamento.

Mas Waldman notou que os machos da espécie estudada infectados por este fungo mudam o padrão de vocalizações para atrair mais fêmeas para a reprodução.

O investigador chegou à conclusão de que «machos infectados chamam (as fêmeas) mais rapidamente e produziram chamamentos mais longos do que os machos não infectados».

E isto, de acordo com Waldman, pode mudar a reação das fêmeas.

«Muitas rãs procuram parceiros através de vocalizações (dos machos). Nem todas, mas muitas rãs fazem isso», disse o pesquisador em entrevista à BBC.

«Por conseguinte, um factor preliminar determinante do sucesso reprodutivo é como se chama (uma parceira). Se chama muito, arranja uma parceira melhor, ou mais parceiras.»

Waldman afirmou que o fungo afectou os anfíbios, principalmente no instinto de colocar mais esforço nos chamamentos pelas fêmeas.

«A estrutura do chamamento é diferente, eles fazem chamamentos mais longos, mais rapidamente. Eles parecem fazer chamamentos mais vigorosos do que os feitos por indivíduos saudáveis, que não foram infectados», afirmou.

Quando perguntado se a fêmea da rã asiática pensa que o macho infectado é mais viril, o cientista respondeu com bom humor: «Não sei exactamente o que ela pensa (risos). Mas é mais provável que escolha o macho infectado ao invés do não infectado.»

«Aquele macho poderá infectá-la e é possível que as crias também sejam infectadas», acrescentou.

Waldman afirma que as rãs estudadas sobreviveram à infestação por este fungo.

«Fizemos outros estudos que mostram que, mesmo que este tipo de fungo mate rãs noutras partes do mundo, na Coreia e na maior parte da Ásia ainda não vimos uma grande mortandade de anfíbios. E muitos deles estão infectados por este fungo.»

«As rãs sobrevivem. Na verdade elas parecem estar muito bem! Esta descoberta é muito surpreendente, não é o que esperávamos», acrescentou.

O pesquisador afirmou que os anfíbios na Ásia parecem ter desenvolvido uma «boa resposta imunológica que permite que mantenham o fungo sob controlo».

«Lançar este tipo de resposta imunológica (geralmente) parece ter um custo (...) e nós esperávamos que (este custo) seria uma diminuição de energia noutras actividades como o chamamento (pela parceira). Mas a energia aumentou e este resultado foi surpreendente para nós», afirmou o cientista à BBC.

O cientista afirma que as rãs, asiáticas ou não, têm um papel importante já que «o ecossistema tem que ser visto como um todo e todos os animais e plantas têm um papel».

«Rãs têm um certo papel para eliminar insectos ou (também) noutros tipos de necessidades humanas, mas isto não é o principal. Temos que manter a biodiversidade e rãs são parte da biodiversidade.»


Cidade fantasma emerge nas nuvens "universo paralelo"


Milhares de pessoas ficaram abismadas, após uma enorme cidade fantasma ter aparecido sob as nuvens.

Gawping registou um fenómeno natural estranho na sua câmara, enquanto uma multidão assistia com admiração arranha-céus que pareciam surgir nas nuvens.

Os edifícios fantasma dominaram os céus por minutos na sexta-feira em Dalian, China.

A filmagem impressionante mostra estruturas assustadoras aparecem na poluição atmosférica por cima de um lago.

Mas os peritos em meteorologia disseram o que aconteceu pode ser explicado como uma ilusão de óptica chamada de Fata Morgana.

Pode ver-se em terra ou no mar e envolve a distorção e a inversão de objectos distantes, tais como barcos.

Em outubro, milhares ficaram chocados na China após uma "cidade misteriosa " ter sido observada nas nuvens.




Os teóricos da conspiração sugerem o que aconteceu em Foshan, sul da China, não é nada de outro mundo, mas poderia ter sido do Blue Beam Project da NASA para enganar o mundo em e sequência surgir uma nova religião.

Isto está acontecer para enganar o mundo em acreditarem numa invasão alienígena que está em andamento, fazendo as pessoas desistir de seus deuses e aceitar a nova fé.

No ano passado, quando uma nuvem "nuclear" gigante foi visto pairando sobre Tyumen na Rússia central , os moradores pensaram tinha iniciado a 3ª Guerra Mundial.



Os Simpsons" previram a eleição de Donald Trump... em 2000


Há 16 anos, muitos antes do mediatismo político, Donald Trump chegou à Casa Branca num episódio da série.

No episódio de 19 de março de 2000 de "Os Simpsons", Bart vê o futuro da família e descobre que Lisa é a presidente dos Estados Unidos da América. Ao telefone, a irmã diz-lhe que tem de resolver alguns problemas deixados por Donald Trump, o seu antecessor. Ao mesmo tempo, na Sala Oval, um dos empregados da Casa Branca mostra um gráfico que prova que o país está falido.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter, o argumentista da série de animação, Dan Greanet, explicou que a ideia era mostrar o que aconteceria se tudo corresse "da pior forma possível". "A ideia era de uma América a enlouquecer (...) Foi um aviso à América", frisou.


fonte: Sapo Mag

Astrónomos voltam a registar um sinal extraterrestre


A natureza das rajadas rádio eléctricas ainda não é claro, mas existem duas hipóteses.

Astrónomos australianos, graças ao observatório espacial Microvariability and Oscillations of Stars (MOST), conseguiram registar uma nova explosão de rádio informaram através do Facebook, o assistente do subdirector do Centro de Astrofísica e super computação da Universidade de Tecnologia de Swinburne, Matthew Bailes.

Uma explosão de rádio é um breve estalo que causa a emissão de uma enorme quantidade de energia no espaço, equivalente à energia emitida pelo Sol durante milhares de anos de radiação, informa o site russo Lenta. Até agora, os cientistas gravaram 17 sinais deste tipo. Devido à natureza inesperada dos sinais, ainda não foram capazes de registar a tempo a sua localização.

A primeira explosão de rádio acidentalmente foi detectada em fevereiro de 2007, quando um grupo de cientistas liderados por Duncan R. Lorimen, de West Virginia University, analisaram dados das observações do telescópio australiano Parkes de 2001.


Mattew Bailes


Fun with an interferometric detection of an FRB (for nerds only)! The Molonglo radio telescope's backend (UTMOST) forms 352 fan beams. Here are three time series from adjacent fan beams, dedispersed at FRB 160317's best DM and scrunched to the best width. It clearly peaks in BEAM 212, but is present in BEAM 213 too. This reduces the east-west position error significantly - probably to about 10" or so. Sadly the NS-positional error is large (+/- a degree or so). We are soon upgrading the backend to give 8x freq resolution. That would have improved the SNR on this burst by a factor ~3. Detection was at 843 MHz - good news for CHIME Victoria Kaspi!


Os cientistas esperam continuar a estudar este fenómeno e explicar a sua natureza. Neste momento, há duas teorias. De acordo com a primeira, a explosão rádio tem uma fonte extra galáctica e vem de um blitzar, uma estrela de neutrões maciça cuja a velocidade de rotação impede-o de se tornar num buraco negro.

A segunda hipótese afirmam que a explosão de rádio tem uma origem galáctica. Em particular, entre as possíveis fontes dos magnetares, que são estrelas de neutrões com um forte campo magnético.

fonte: RT

Plutão. Um estranho mundo que pode ter um oceano lá dentro


Primeiros estudos sobre os dados enviados pela sonda New Horizons foram publicados na Science. Há ali processos geológicos ativos e muita diversidade mineral

No dia 14 de julho do ano passado, a sonda New Horizons, da NASA, fez um sobrevoo histórico junto a Plutão - passou à "curtíssima" distância de 12.550 quilómetros da sua superfície - e recolheu uma bateria de dados que continua, ainda agora, a caminho da fronteira do sistema solar, a enviar para a Terra. Os primeiros estudos sobre as observações que a nave fez, publicados esta semana na revista Science, mostram que aquele é um mundo ainda mais bizarro do que os cientistas supunham, onde parece haver criovulcanismo (das erupções, em vez de lava, brotam compostos gelados) e, possivelmente, um oceano subterrâneo.

Um dos grandes contributos da New Horizons foi o de mostrar em grande detalhe uma paisagem que era inteiramente desconhecida e que, segundo um dos cinco estudos agora publicados, se revela movediça, porque desde há centenas de milhões de anos que ela se tem alterado, refeito, e modificado devido aos processos geológicos ali em curso. Como é que isso acontece? Os investigadores supõem que o planeta-anão nos confins do sistema solar tem um núcleo interno feito de minerais radioactivos que, pela sua natureza, transmitem calor aos materiais geológicos até à superfície, deformando-os e, possivelmente causando o seu degelo nalguns pontos ­ daí a possibilidade de um oceano sub-superficial.

Entre os inúmeros compostos gelados identificados na superfície de Plutão estão o metano, o azoto, o monóxido de carbono e, sim, também há ali água.

"A distribuição dos diferentes materiais à superfície é incrível. Nunca tínhamos visto nada assim no sistema solar", afirmou Anne Verbiscer, da Universidade de Virginia, uma das autoras desse estudo, citada na revista The Verge.

Atmosfera densa e poucas poeiras

Duas semanas depois da missão histórica, e com os primeiros dados na mão, os cientistas associados à New Horizons já conseguiam dizer que havia estruturas geológicas nítidas na superfície daquele pequeno mundo gelado.

Até então, o que poderia ali ser descoberto era uma incógnita. Depois do voo da New Horizons, a grande novidade foi a descoberta de estruturas geológicas, ponto. Uma delas erauma montanha gelada, com 3,5 quilómetros de altitude.

Agora o retrato é bem mais completo, com uma nova visão da grande diversidade química e uma riqueza inesperada de paisagens.

A atmosfera é outra surpresa. Os primeiros dados mostraram logo uma atmosfera que devia conter partículas porque, visto pelas lentes da New Horizons, Plutão surgiu envolto num halo azulado ­ um efeito de dispersão da luz que em geral é causado pela presença de partículas.

O estudo publicado agora na Science sobre a atmosfera plutónica vai bem mais longe e mostra, não sem alguma surpresa, que a atmosfera do pequeno planeta é mais fria e mais compacta do que se esperava, com camadas sobrepostas de "nevoeiros", que se tornam menos frios à medida que eles surgem a maiores distâncias em relação da superfície.

Mas estas não são as únicas novidades que chegam de Plutão, que, surpreendentemente também, quase não tem poeiras - restos de materiais planetários - em torno de si. Porquê? A resposta parece ser simples: o espaço é sobretudo esse vazio. "Os restos de poeiras que restaram do processo que deu origem a Plutão e às suas luas há muito que foram removidos pelos processos planetários", afirma Fran Bagenal, que liderou a experiência a bordo da New Horizons programada para fazer a meticulosa contagem das poeiras.

Nesta altura, que a New Horizons já vai mais além, os dados indicam maior número de poeiras na região que ela agora atravessa, o que "é, possivelmente um sinal de que já estamos na fronteira interna da cintura de Kuiper", sublinha Bagenal. O que aí vem é uma nova fase da aventura New Horizons.


terça-feira, 22 de março de 2016

China constrói "misteriosa base" na Patagónia


É a BBC que lhe chama "misteriosa base", mas na Argentina também são muitas as dúvidas e as críticas sobre o investimento chinês na Patagónia.

É apresentada como a "mais moderna estação interplanetária [da China] e a primeira fora de seu próprio território" e situa-se em Paraje de Quintuco, na Patagónia argentina.

A China explica o investimento como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.

Na Argentina, contudo, são muitas as dúvidas, quanto à possibilidade da instalações terem aproveitamento militar e relativamente à existência de cláusulas secretas no acordo bilateral. Se é verdade que as autoridades espaciais argentinas desmentem esse cenário, o facto é que o novo presidente do país, Mauricio Macri, disse que as iria revelar - terá sido mal informado, como defende o responsável máximo pelo programa espacial em Buenos Aires?

O argumento mais repetido na Argentina pelos críticos do projeto é o facto de a base depender do Exército Popular chinês e não de uma entidade civil.


Estima-se que a base esteja a funcionar em pleno no final deste ano.

fonte: TSF

Mulher desaparece em direto na TV


Vídeo faz sucesso na internet. 

O vídeo de uma mulher a "desaparecer" do plano num direto televisivo tornou-se viral nas redes sociais. 

A cena ocorreu durante uma entrevista num aeroporto dinamarquês. Enquanto o entrevistado fala, há uma mulher à sua esquerda que espera pela bagagem. Mas quando outra passa à sua frente, a mulher "desaparece" do plano. 

A explicação está, afinal, num fenómeno de ilusão ótica.



sábado, 19 de março de 2016

Ursa enfurecida mata 3 pessoas na Índia


Imagem mostra urso-preguiça em centro de salvamento; animal é da mesma espécie que matou 3 pessoas na Índia no sábado (12) (Foto: Manpreet Romana/AFP)

Policial que tentava capturar o animal está entre os mortos. Animal está ameaçado de extinção, segundo entidade.

Uma ursa selvagem matou duas pessoas e depois mais um policial que tentava capturá-la em uma floresta do centro da Índia antes de ser abatida.

O ataque da ursa contra dois homens que recolhiam flores comestíveis em uma floresta do estado de Chattisgarh aconteceu no sábado (12).

A polícia foi chamada para conter o animal e acabou perdendo um agente. Na região de Mahasamund, onde ocorreu o episódio, vivem centenas de ursos perigosos.

Trata-se de uma espécie em risco de extinção – restam apenas 20 mil no mundo – devido à caça ilegal e à redução de seu habitat natural, segundo a União Internacional de Conservação da Natureza.

fonte: G1

Passagem de meteoro 'acende' céu da Grã-Bretanha


Luzes foram capturadas no sul do país na madrugada de quinta-feira. Um meteoro iluminou o céu da Grã-Bretanha na madrugada da quinta-feira (17).

A passagem do corpo celeste foi flagrada por uma câmera da Rede de Observação de Meteoros. A imagem foi registada em uma região ao sudoeste de Londres.


fonte: G1

Egito encontra indícios de que rainha Nefertiti pode estar enterrada atrás de tumba de Tutancâmon


O Egito descobriu novos indícios de que uma câmara secreta, que alguns acreditam ser o local de repouso da rainha Nefertiti, pode estar localizada atrás da tumba do rei Tutancâmon, disse o ministro de Antiguidades egípcio na quinta-feira.

Em todo o mundo existe um imenso interesse por Nefertiti, que morreu no século 14 a.C. e que se acredita ser a madrasta de Tutancâmon, e uma confirmação sobre o local de seu descanso final seria a mais notável descoberta arqueológica no Egito neste século.

Uma análise feita através de escaneamento com radares no local em novembro passado revelou a presença de dois espaços vazios atrás de duas paredes na câmara do rei Tutancâmon, disse Mamdouh al-Damaty em uma coletiva de imprensa.

"(O escaneamento indica) coisas diferentes atrás das paredes, materiais diferentes que podem ser metal, podem ser orgânicos", afirmou.

Em novembro Damaty disse haver 90 por cento de chance de que "algo" esteja atrás das paredes da câmara depois de um escaneamento inicial que havia sido enviado ao Japão para ser analisado.

Um escaneamento mais avançado será realizado no final deste mês com uma equipe de pesquisa internacional para confirmar se os espaços vazios são de fato câmaras. Só então, explicou Damaty, ele pode discutir a possibilidade de como e quando uma equipe poderia entrar nos cômodos.

Podemos dizer com mais de 90%(de certeza) que as câmaras estão ali. Mas eu nunca dou o passo seguinte até ter 100%

A descoberta pode ser um alívio para a enfraquecida indústria turística do Egito, que tem sofrido uma série de revezes desde o levante que derrubou o autocrata Hosni Mubarak em 2011, mas continua sendo uma fonte vital de moeda estrangeira.

O egiptólogo britânico Nicholas Reeves, que está comandando a investigação, acredita que originalmente o mausoléu de Tutancâmon foi ocupado por Nefertiti e que ela jaz pacificamente atrás do que ele supõe ser uma parede divisória.

A descoberta de Nefertiti, cujas maçãs do rosto esculpidas e cuja beleza majestosa foram imortalizadas em um busto de 3.300 anos de idade hoje exposto em um museu de Berlim, lançaria uma nova luz sobre o que continua sendo um período misterioso da história egípcia.

fonte: BOL

Leão ataca homem no centro da capital queniana


Um leão solto que vagava por uma rua de Nairóbi em um horário de grande movimento pela manhã feriu nesta sexta-feira um homem, o terceiro caso similar em um mês, indicou o serviço queniano de flora e fauna.

"As pessoas buzinavam e faziam selfies, deixando o leão agitado", explicou Paul Udoto, porta-voz do serviço de flora e fauna do Quénia (KWS). O homem de 63 anos foi levado a um hospital e seu estado é estável.

Trata-se de um leão do Parque Nacional de Nairóbi, uma reserva de 117 quilómetros quadrados cercada por uma cidade que não para de crescer e que já tem três milhões de habitantes. O parque não está completamente cercado para permitir que os animais migrem em busca de pasto.

"O leão está de volta são e salvo e nossas equipes seguem em terra para o caso da existência de outros que não tenham sido localizados", indicou Udoto.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, é possível ver um leão de juba escura trotando por Mombasa Road, uma das mais importantes da cidade.

fonte: Yahoo!

sexta-feira, 18 de março de 2016

Túmulo de faraó terá duas câmaras secretas


O ministro das Antiguidades egípcio anunciou que, após análises efetuadas, existem 90% de hipóteses de estarem duas câmaras escondidas atrás das paredes do túmulo do faraó Tutankhamon, em Luxor, no Egito.

O anúncio foi feito depois de conhecidos os resultados preliminares de análises, efetuadas com radares sofisticados, e vem alimentar a teoria do arqueólogo e egiptólogo britânico Nicholas Reeves, que garante tratar-se da sepultura da lendária rainha Nefertiti, com mais de 3.300 anos.

O ministro Mamduh al-Damati pensa tratar-se da sepultura de uma outra mulher do faraó Akhenaton, pai de Tutankhamon, ou até de uma das filhas.

Os resultados preliminares do estudo do perito japonês Hirokatsu Watanabe mostraram que existem "90% de hipóteses de estarem duas câmaras escondidas atrás do túmulo de Tutankhamon", declarou o ministro, em conferência de imprensa no Cairo.

"Há espaços vazios" atrás das paredes, "mas não totalmente vazios, contêm materiais orgânicos e metálicos", acrescentou.

O ministro precisou que investigações aprofundadas vão começar, no final deste mês, no túmulo situado no vale dos Reis, nas margens do rio Nilo, em Luxor.

Ao contrário do que aconteceu em necrópoles de outros faraós, quase todas pilhadas, a de Tutankhamon, descoberta em novembro de 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter, continha mais de cinco mil objetos intactos, muitos em ouro maciço, com 3.300 anos.

Akhenaton era o pai de Tutankhamon. Nefertiti era a principal mulher, mas não a mãe de Tutankhamon, e exerceu uma forte influência durante o reinado do marido.


Descobertos fósseis com 70 a 95 milhões de anos


Fragmentos de metatarso de um dinossauro e fósseis com entre 70 e 95 milhões de anos foram descobertos no estado mexicano de Chihuahua.


Foram descobertas 17 áreas dispersas com amostras de fósseis entre os municípios de Ojinaga, na fronteira com os Estados Unidos, Coyame de Sotol e Aldama, no deserto de Chihuahua, as quais poderão precisar os limites do mar durante o período Cretáceo nesta região do planeta.

OInstituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México afirmou em comunicado que "a maioria dos fósseis localizados é marinha e corresponde a animais invertebrados: diversas espécies de conchas, caracóis e amonites".

Numa das áreas com fósseis em Aldama descobriram-se fragmentos de metatarso de um dinossauro da família dos hidrossáurios e, perto dos ossos, madeira fossilizada.

"As descobertas são resultado dos recentes trabalhos de prospeção arqueológica levada a cabo pelo INAH na região, motivados pela introdução de um gasoduto", informou o diretor do Centro INAH-Chihuahua, Jorge Carrera.

Devido às descobertas arqueológicas, foi pedida uma "adequação da rota do gasoduto" para não afetar as áreas onde se encontram as amostras fósseis.


Matemáticos descobrem um padrão inesperado nos números primos


Matemáticos descobriram um padrão surpreendente na expressão de números primos, revelando um “viés” antes desconhecido pelos pesquisadores.

Os números primos só podem ser divididos por um ou por si próprios: é o caso do 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17 etc. Eles têm grande utilidade na criação de algoritmos na encriptação de chaves públicas, e por vezes aparecem na natureza – por exemplo, certas cigarras só saem da toca após 7, 13 ou 17 anos.

Ainda não sabemos se existe um padrão que explica esta sequência, e não existe nenhuma fórmula para saber quando um número primo vai aparecer nessa sequência; os matemáticos ainda não descobriram uma função para tanto.

No entanto, a maioria dos matemáticos concorda que existe algo de aleatório na distribuição dos números primos. Ou, pelo menos, é o que pensavam. Recentemente, dois matemáticos decidiram testar esta hipótese de “aleatoriedade”, e descobriram que não está correcta.

Segundo a New Scientist, os investigadores Kannan Soundararajan e Robert Lemke Oliver, da Universidade de Stanford (EUA), detectaram um viés inesperado na distribuição de primos consecutivos.

Os matemáticos fizeram a descoberta ao verificar a aleatoriedade nos primeiros 100 milhões de números primos. Eles só podem terminar em 1, 3, 7 ou 9 (se tiverem mais de um dígito); matemáticos acreditavam que dois números primos seguidos terminariam com o mesmo dígito 25% das vezes.

No entanto, isso não acontece. A hipótese de um número primo terminado em 1 ser seguido por outro também terminado em 1 é de apenas 18,5%. Números primos consecutivos terminados em 3 e 7 aparecem 30% das vezes; e primos terminados em 9, cerca de 22%. Este não é um padrão perfeitamente aleatório.

Os matemáticos foram mais longe e analisaram o primeiro milhão de biliões de números primos. A distribuição aproxima-se de algo aleatório, mas o viés persiste. Ele existe até mesmo quando não se usa a numeração em base 10. Ou seja, isso é mesmo algo inerente aos números primos – e é algo imprevisto.

No estudo, Soundararajan e Lemke Oliver tentaram encaixar essa descoberta na chamada «conjectura de k-tuplos», criada pelos matemáticos G. H. Hardy e John Littlewood no início do século XX – eles deram as bases para as pesquisas modernas sobre números primos.

Essa conjectura ainda não foi provada; no entanto, sem ela – e sem a conhecida hipótese de Riemann – a compreensão dos matemáticos sobre números primos fica terrivelmente restrita. «O que sabemos é vergonhosamente pouco», diz Lemke Oliver à Nature News.

Spencer Greenberg, matemático e fundador do ClearerThinking.org, disse ao Gizmodo que os números primos, assim como os dígitos do pi, parecem muito aleatórios, mas não são. «Eles são determinados precisamente pelas propriedades dos números. É que, quando olhamos para eles, os nossos cérebros não conseguem ver o padrão, por isso, parecem uma loucura aleatória.»

O estudo é fascinante, e como diz o matemático Andrew Granville à New Scientist, «isso dá-nos uma compreensão maior, cada avanço ajuda. Se o que você toma por óbvio está errado, isso obriga a repensar outras coisas que acha que sabe».


«Tio-avô» do tiranossauro rex tinha o tamanho de um cavalo


Um antigo ancestral do tiranossauro rex pode ajudar a explicar como alguns lagartos se transformaram nas monstruosidades que reinaram na Era dos Dinossauros.

O T. rex viveu num período entre 80 e 66 milhões de anos atrás e é considerado pelos especialistas um dos melhores exemplos de sucesso evolutivo e ecológico.

A questão que sobra é: qual o caminho que os “lagartos” tiveram que fazer para se tornarem uma máquina mortífera que ocupava o topo da cadeia alimentar?

O anúncio da descoberta de uma nova espécie, publicado pela revista americana PNAS, ajudou paleontólogos a aprofundarem os seus conhecimentos sobre a questão.

Trata-se do Timurlengia euotica, um quase simpático tiranossaurídeo que viveu há cerca de 10 milhões de anos antes do seu primo mais famoso.

Ele tinha o tamanho de um cavalo (entre 170 e 270 kg) e está numa posição intermediária entre alguns tiranossaurídeos menores (do tamanho de uma pessoa) e mais antigos (de até 170 milhões de anos atrás) e o T. rex.

Partes do esqueleto fossilizado do T. euotica foram encontrados num deserto no Uzbequistão (na Ásia), notadamente um pedaço da caixa craniana.

Analisando os ossos, os cientistas observaram que, a essa altura da evolução, o animal já tinha algumas características que seriam apresentadas pelo T. rex, como o formato do cérebro e características da orelha interna. Os ossos do dino já tinham características que permitiriam com que, no futuro, os tiranossauros atingissem um tamanho colossal.

Em pouco tempo (alguns milhões de anos, na escala evolutiva), o tiranossauro teria ganho uma massa substancial de mais de seis toneladas, mostrando uma forte pressão evolutiva nesse sentido.

Mas a descoberta ainda é «apenas um ponto no meio de um intervalo ainda sombrio», escrevem os autores, do Reino Unido, Rússia e EUA. A "lacuna" evolutiva da linhagem do T. rex ainda necessita de novos achados fósseis para ser totalmente compreendida.


Mistério do Triângulo das Bermudas pode ter explicação


Cientistas podem ter descoberto o segredo do famoso Triângulo das Bermudas: explosões de bolhas de metano, acumuladas no fundo dos oceanos e capazes de afundar barcos de grande porte.

A investigação dos cientistas parte da descoberta de crateras gigantes no fundo do mar em redor da costa da Noruega, em áreas onde as bolhas gigantescas de metano podem ter explodido.

Os grandes abismos no fundo do oceano têm cerca de 800 metros de largura e 150 pés de profundidade e podem ter sido causados por vazamento de gás a partir de depósitos de petróleo e gás enterrados no fundo do mar.

"Existem várias crateras gigantes no fundo do mar em uma área no mar de Barents e são, provavelmente, uma causa de enormes explosões de gás", adianta um dos pesquisadores da Universidade do Ártico da Noruega.

Os cientistas desenvolveram recentemente um radar que pode mostrar imagens detalhadas do leito do mar, de acordo com um relatório publicado pelo "Sunday Times". Os gráficos retratam áreas de infiltração de metano ao redor do globo. As descobertas podem oferecer explicações científicas para relatos de marinheiros, que observaram a formação da bolha e de espuma sem causa aparente.

A zona, também conhecida como o "Triângulo do Diabo", é uma área ocidental do Oceano Atlântico Norte delimitada por Bermuda, Porto Rico e um ponto perto de Melbourne, Florida, onde vários navios e aviões desapareceram misteriosamente ao longo dos tempos. Desde que os registos começaram em 1851, estima-se que mais de oito mil vidas se perderam no Triângulo das Bermudas.


Navio português incluído na armada de Vasco da Gama descoberto em Omã


Navio será a mais antiga embarcação dos Descobrimentos Portugueses encontrado e cientificamente investigado por arqueólogos

O Ministério do Património e da Cultura de Omã anunciou hoje a descoberta de um navio português naufragado numa ilha remota de Omã em 1503, que fazia a carreira da Índia e estava incluído na armada de Vasco da Gama.

O navio é, de acordo com aquela entidade, a mais antiga embarcação dos Descobrimentos Portugueses encontrado e cientificamente investigado por arqueólogos.


Em comunicado, o ministério salientou que o navio português, que estava incluído numa das armadas de Vasco da Gama com destino à Índia naufragou em 1503 durante uma tempestade ao largo da ilha Al Hallaniyah, na região Dhofar, de Omã.

O Ministério do Património e da Cultura (MPC) de Omã informou que o local do naufrágio foi inicialmente descoberto pela empresa britânica Blue Water Recoveries Ltd. (BWR) em 1998, no 500º aniversário da descoberta de Vasco da Gama do caminho marítimo para a Índia.


Contudo, o ministério só deu início ao levantamento arqueológico e à escavação em 2013, tendo sido desde então realizadas mais duas escavações em 2014 e 2015, com a recuperação de mais de 2.800 artefactos.

Os principais artefactos, que permitiram identificar o local do naufrágio como sendo a nau Esmeralda, de Vicente Sodré, incluem um disco importante de liga de cobre, com o brasão real português e uma esfera armilar e um emblema pessoal de D. Manuel I.


A mesma fonte indicou que foram também encontrados um sino de bronze, com uma inscrição que sugere que o navio data de 1498, cruzados de ouro, cunhados em Lisboa entre 1495 e 1501 e um moeda de prata rara, chamada Índio, que D. Manuel I terá mandado fazer especificamente para o comércio com a Índia.

"A extrema raridade do Índio (só se conhece um outro exemplar no mundo inteiro) é tal, que possui o estatuto lendário da moeda "perdida" ou "fantasma" de D. Manuel I", adiantou o MPC de Omã.

Na nota, é também referido que "o projeto foi gerido conjuntamente por este ministério de Omã e por David L. Mearns da BWR, tendo-se respeitado rigorosamente a Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático de 2001".


O que é o monstro Tully? Um vertebrado com 300 milhões anos


Representação artística do Tullimonstrum gregarium revelam a forma do estranho animal


Um dos milhares de fósseis descobertos em Mason Creek


Um dos milhares de fósseis descobertos em Mason Creek

Durante quase 60 anos não se sabia onde colocar na árvore evolutiva do reino animal um fóssil estranhíssimo de um ser marinho que viveu no Carbonífero. Seria um molusco? Seria um representante de um grupo animal hoje extinto? Não. Era um primo das lampreias.

Enigmáticos, problemáticos, os fósseis do monstro Tully são isso tudo, mas as suas formas permitiram dar largas à imaginação dos paleontólogos, e do público em geral, sobre a natureza deste animal marinho, que viveu há cerca de 300 milhões de anos. Os vestígios fossilizados de Tullimonstrum gregarium foram descobertos em 1955 pelo caçador de fósseis Francis Tully, em Mason Creek, uma importante jazida fóssil no Norte do estado do Illinois, nos Estados Unidos. Desde então, a origem evolutiva desta espécie tem sido um quebra-cabeças.

Quando saiu o primeiro estudo científico dedicado à espécie, em 1966, já o fóssil tinha ganho o nome de “monstro Tully”, inspirado no apelido de Francis Tully. Mas o artigo, publicado na revista Science, não arriscou a colocá-lo num dos grandes grupos do reino animal, como os moluscos, os artrópodes e os vertebrados, devido à sua estranheza. Nas décadas seguintes, cientistas especularam que a espécie teria sido um representante de um novo grupo animal, inexistente nos dias de hoje. Outros argumentaram que pertencia aos moluscos. E o ser foi ainda comparado com os poliquetas, um grupo de invertebrados.

Mas agora, um extenso trabalho de investigação que analisou 1200 fósseis diferentes de monstros Tully vem mostrar que estes animais eram, na verdade, primos das lampreias. Eram vertebrados tal como as lampreias, os outros peixes e toda a sua descendência evolutiva até aos humanos, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Nature.

“É fascinante como um animal assim tão recente [em termos evolutivos], com tantos espécimes [fossilizados] e com uma morfologia tão distintiva se tenha mantido desconhecido durante tanto tempo”, admite ao PÚBLICO Victoria McCoy, do Departamento da Geologia e Geofísica da Universidade de Yale, em Connecticut (EUA), e uma das autoras do artigo da Nature. “O monstro Tully tem 300 milhões de anos, a maioria dos fósseis [descobertos] que ainda não foi identificada [é de espécies] com 500 milhões de anos.”

Há 300 milhões de anos, a geografia da Terra era completamente diferente. As massas continentais estavam a acabar de se juntar num supercontinente chamado Pangeia que definiria a biogeografia terrestre durante os 125 milhões de anos seguintes. Estávamos então no final do Carbonífero, o penúltimo período da era do Paleozóico (540-252 milhões de anos), que antecedeu a famosa era dos dinossauros, o Mesozóico.

Em terra, os animais vertebrados que punham ovos tinham acabado de surgir, mas faltaria muito para aparecerem os dinossauros, os mamíferos e as aves. Nas florestas havia musgos, cavalinhas, fetos arbóreos, além das coníferas, hoje representadas por espécies como os pinheiros.

Os fósseis encontrados em Mason Creek (datados, mais precisamente, entre há 309 e 307 milhões de anos) revelam que naquela altura existiam ali camarões, mexilhões, amêijoas, cefalópodes, peixes, tubarões, caranguejos e medusas. No meio desta fauna, a anatomia do monstro Tully — que as ilustrações científicas ajudam a recriar — destaca-se.


SEAN MCMAHON/UNIVERSIDADE DE YALE

Estes animais tinham cerca de 30 centímetros de comprimento e um corpo alongado que terminava em duas barbatanas. Lateralmente, no tronco do animal, pequenos furos denunciavam a existência de brânquias que lhes permitiam respirar na água. Mas as características mais bizarras eram os olhos e a boca.

Cada um dos dois olhos situava-se na extremidade de uma estrutura que se parece com uma vareta. As “varetas” nasciam na zona central do dorso do animal e cada uma projectava-se para um dos lados do corpo. Os cientistas pensam que estas “varetas” com os olhos na extremidade tinham mobilidade, permitindo ao animal ver para a frente e para trás, desviando-se de possíveis predadores e identificando presas.

Finalmente, a boca parecia-se com uma pinça de uma lagosta com dentes. Além disso, era a parte terminal de uma longa e fina probóscide que nascia do tronco e tinha um terço do comprimento do animal. Um espécime com 30 centímetros teria dez centímetros de probóscide e boca. A probóscide tinha três articulações, uma na base, outra a meio da probóscide e a terceira junto à boca.

Com este aspecto, o Tully estaria completamente enquadrado no meio dos seres que povoam o filme de animação Monstros e Companhia. O seu aspecto bizarro tornou-o famoso, e em 1989 passou a ser o fóssil de Illinois. Além disso, surgiram teorias mirabolantes. O jornalista inglês Frederick William Holiday, que se tornou um defensor do fenómeno fantasioso do monstro do Lago Ness, formulou uma teoria que liga o ser que supostamente habitava o lago da Escócia e o monstro Tully.

Para o inglês, a criatura teria evoluído ao longo das eras, tornando-se uma espécie gigante. “Ninguém saberá se a serpente do Lago Ness é uma forma do Tullimonstrum, mas falando da forma menos científica possível eu apostaria nisso”, disse, citado pela revista Wired, num artigo de 2011 sobre o Tully que desmonta este devaneio de Frederick William Holiday. Nunca se encontrou um fóssil semelhante ao Tullimonstrum gregariumnum estrato de outro período geológico da Terra ou noutro local além de Mason Creek. A ideia, escrevia a Wired, era “fantasiosa”.

Um mundo de “fósseis belos” 

Independentemente do folclore, o mistério científico do Tully sobre o seu lugar na evolução dos animais permaneceu intacto. “Basicamente, ninguém sabia o que ele era”, sustenta Derek Briggs, outro autor do novo estudo da Universidade de Yale, citado num comunicado desta instituição. “Os fósseis não são fáceis de interpretar, e eles variam bastante. Decidimos atirar-lhes com todas as técnicas analíticas possíveis [para resolver o mistério].”

Os milhares de fósseis encontrados nas jazidas de Mason Creek formaram-se depois de os animais serem enterrados em lama, explica Victoria McCoy, contando-nos a história geológica do local. “Com o tempo, a lama tornou-se xisto argiloso [uma rocha sedimentar]. Na mesmo altura, minerais de siderite [carbonato de ferro] estavam a precipitar-se na lama, no xisto argiloso e à volta das carcaças dos animais”, descreve a paleontóloga. Sem oxigénio, a matéria orgânica pode ir sendo lentamente substituída por minerais, formando-se assim um fóssil. “Hoje, se formos ao local, vemos camadas de xisto argiloso com rochas redondas e rijas espetadas dentro do xisto. Se partirmos estes conglomerados, podemos encontrar com frequência fósseis belos lá dentro. Os fósseis do monstro Tully estão preservados na rocha, numa película achatada e colorida formada por diferentes tipos de minerais de argila.”

A equipa de investigadores tirou fotografias aos milhares de fósseis do estudo e obteve imagens de microscopia electrónica e de raios X, usando outras técnicas. Esta informação permitiu não só fazer medições da anatomia dos fósseis dos animais, mas também identificar estruturas diferentes. Durante o processo de fossilização, “os diferentes tecidos podem ser [substituídos e] preservados por diferentes minerais, por isso, ao olhar para os elementos [químicos] de cada aspecto morfológico, é possível perceber o que era o tecido original”, explica Victoria McCoy.

Foi assim que os investigadores fizeram a ligação entre o monstro Tully e as lampreias. Estes peixes, conhecidos pela sua forma delgada e a sua boca redonda com dentes em espiral, pertencem a uma linhagem evolutiva muito antiga de vertebrados, com mais de 400 milhões de anos. Por isso, têm características ancestrais diferentes dos vertebrados que evoluíram posteriormente.

Um exemplo é a corda dorsal, um tubo que se forma no desenvolvimento embrionário humano e no dos outros vertebrados, mas que acaba por fazer parte só dos discos intervertebrais na coluna vertebral. Ao contrário de nós, as lampreias mantêm a corda dorsal após o nascimento e não têm coluna vertebral; em vez disso, têm uma série de estruturas cartilagíneas ao longo do corpo que lhes dá sustentação.

As imagens obtidas dos fósseis do Tully permitiram identificar também uma corda dorsal e as mesmas estruturas de cartilagem repetidas ao longo dos segmentos do animal. Há mais. “Por exemplo, descobrimos que os dentes do monstro Tully são feitos provavelmente de queratina”, explica Victoria McCoy, tal como os dentes das lampreias.

Além disso, a investigação permitiu tirar a limpo qual a função da boca. No passado, cientistas defenderam que aquelas “pinças” com dentes serviam para agarrar as presas e as colocar noutro orifício que seria a boca. Agora, o estudo concluiu que o orifício das “pinças” era a verdadeira entrada para o sistema digestivo, ou seja, a boca.

Assim, a equipa colocou o Tully no mesmo grupo das lampreias, dentro da árvore evolutiva dos vertebrados. “Isto realmente altera o que sabemos sobre a família das lampreias. Todas as [espécies de] lampreias modernas são semelhantes entre si, e muito diferentes do monstro Tully. Por isso, o Tully diz-nos que as espécies de lampreias de hoje são apenas o que resta de um grupo que, em tempos, foi muito maior e mais diverso.”

Mas olhando hoje para estes animais, 300 milhões de anos após terem prosperado nas águas do Carbonífero, pode cair-se no erro de fazer a interpretação inversa. Por ser tão distante do que conhecemos, o monstro Tully parece uma entidade aberrante, uma tentativa falhada da evolução, um ser destinado a extinguir-se. Victoria McCoy desfaz este preconceito: “Eram diferentes dos animais que observamos hoje. Isso não quer dizer que fossem intrinsecamente estranhos, ou monstruosos, ou mal sucedidos. Apenas prosperavam numa altura diferente e de uma forma diferente do que estamos familiarizados.”

fonte: Público

Angola tem agora três lagartos-espinhosos


Exemplar do lagarto-espinhoso da nova espécie Cordylus namakuiyus



A equipa na expedição à província do Namibe, Angola, em 2013


Vista da região da expedição


Imagem de TAC dos lagartos espinhosos Cordylus namakuiyus (em cima) e do Cordylus machadoi (em baixo)

Nova espécie de lagarto permite ver em acção como surge uma espécie a partir de outra que já existe. E já constará de um novo atlas sobre os répteis e anfíbios em território angolano, em elaboração por cientistas portugueses e norte-americanos e que vai ser publicado este ano.

Nas zonas desérticas da província do Namibe, no Sul de Angola, um grupo de cientistas partiu numa expedição no final de 2013, para dar início ao levantamento dos répteis e anfíbios no território angolano – que são bastante desconhecidos, uma vez que os últimos trabalhos deste género remontam ao século XIX e à primeira metade do século XX. A expedição – de cientistas de Portugal, Angola e dos Estados Unidos, que a certa altura paravam o carro e andavam a pé duas a três horas à procura dos animais, até debaixo das pedras – não podia ter corrido melhor.

“As duas colegas angolanas que estavam connosco a levantar rochas viram numa fenda um animal a mexer-se. Uma delas ficou no local e a outra foi-nos chamar. E juntámo-nos todos à volta da fenda com pés-de-cabra e canas, para o tentar tirar de lá”, conta agora, volvidos cerca de dois anos da expedição, o biólogo português Luís Ceríaco, do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa (MNHNC) e do Museu de História Natural da Florida, nos Estados Unidos.

Os biólogos conseguiram tirar o animal debaixo das rochas. Era um lagarto: o primeiro exemplar, entre outros sete que ainda apanhariam durante a expedição, de uma espécie que veio a revelar-se nova para a ciência. “Quando percebemos em que tipo de rochas ele estava, encontrámos mais”, relata Luís Ceríaco.

Os estudos posteriores, a nível morfológico e genético, permitiram confirmar a novidade científica e esses resultados foram publicados, no início deste ano, na revista Zootaxa.

Cordylus namakuiyus é o nome científico da nova espécie – a terceira – de lagartos-espinhosos de Angola. Namakuiyus é a forma latinizada da palavra namakuiya, que significa “espinhoso” na língua hereró, falada por um dos povos bantos no Sul de Angola, na Namíbia e no Botswana. Para nome comum da nova espécie, a equipa escolheu lagarto-espinhoso-do-kaokoveld (okaokoveld é um tipo de habitat desértico, que também existe na província do Namibe).

Junta-se assim aos lagartos-espinhosos Cordylus machadoi eCordylus angolensis, este último descrito no final do século XIX, em 1895, com base num único exemplar apanhado no Norte da província de Huíla, numa zona de alta elevação, e que depois ardeu no famoso incêndio de 1978 na antiga Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica (“ainda hoje não se sabe praticamente nada sobre o Cordylus angolensis e nunca mais foi apanhado nenhum exemplar”, diz Luís Ceríaco).

Darwin teria gostado

Partindo destes três lagartos-espinhosos angolanos, mas principalmente do Cordylus machadoi e do Cordylus namakuiyus, surgiu uma nova história para contar sobre evolução das espécies que muito deveria agradar a Charles Darwin, o “pai” da teoria da evolução através da selecção natural.

A expedição de Luís Ceríaco e dos colegas começou na província do Namibe porque já aí tinham sido apanhados, em 2009, dois exemplares de um lagarto-espinhoso por investigadores sul-africanos, que por sua vez partilharam essa informação com Edward Stanley, especialista nestes lagartos na Academia das Ciências da Califórnia. Por isso, Edward Stanley, que acabou por participar na expedição de 2013 à província do Namibe, tinha ficado com a ideia de que poderia haver um lagarto nesta região que merecia ser procurado. E havia.

Durante a expedição, os cientistas aperceberam-se logo de que tinham apanhado um lagarto diferente dos outros. Antes de mais, porque o “novo” Cordylus namakuiyus vivia num habitat distinto do já conhecido Cordylus machadoi, ou lagarto-espinhoso-de-machado. A província do Namibe, a casa do Cordylus namakuiyus, é uma região de baixa altitude, que vai desde o nível do mar até aos 1000 metros, e é desértica e semidesértica. Já oCordylus machadoi encontra-se na zona da Serra da Leba, na província de Huíla (cujas altitudes vão dos 1000 aos 2000 metros), e que separa esta província da do Namibe. “Estamos a falar de um animal de uma zona baixa e outro de uma zona alta e esta separação é feita pela Serra da Leba”, resume Luís Ceríaco.

Qual é então a importância da descoberta desta espécie? “Ela é um exemplo para os manuais sobre a separação geográfica das espécies e de como é que as espécies naquela região divergiram e se especiaram [originaram outras]”, começa por responder o biólogo. “A Cordylus namakuiyus divergiu da espécie mais próxima – a Cordylus machadoi, que existe numa zona de escarpas elevadas e mais húmida e rochosa. A nova espécie está a poucos quilómetros de distância, numa zona de baixa altitude, semidesértica e com condições climáticas diferentes”, acrescenta Luís Ceríaco. “Esta espécie revela ainda que o nosso conhecimento sobre a biodiversidade de Angola está aquém da realidade, com todas as implicações que isso tem para proteger as espécies e o habitat.”

Tanto o Cordylus namakuiyus como o Cordylus machadoi têm sete a dez centímetros de comprimento (do focinho até ao início da cauda), ambos vivem em zonas de rochas com fendas e a sua cor é castanho-alaranjada. Mas foi a adaptação ao ambiente específico em que cada um vive que os tornou um pouco distintos, daí que sejam considerados espécies diferentes.

Por isso, embora também seja castanho-alaranjada, a nova espécie é um pouco mais clara (parecida com as cores da paisagem semidesértica onde vive) do que o Cordylus machadoi(mais parecido com as cores de uma paisagem mais rochosa).

Mas a principal diferença entre as duas espécies é a distribuição pelo corpo de escamas espinhosas (ou osteodermos), que exames de tomografia axial computorizada (TAC) realizados nos Estados Unidos aos lagartos permitiram tornar evidente. O Cordylus namakuiyus tem estas escamas especiais, mais fortes e espinhosas, por todo o lado, tanto na parte de cima do corpo como na zona ventral. Já o Cordylus machadoi só tem espinhos na parte superior do corpo.

“Estas diferenças fazem sentido em termos de adaptação dos animais ao habitat”, explica Luís Ceríaco. “A espécie nova vive numa zona em que os afloramentos rochosos são mais espaçados. Entre um afloramento e outro há uma grande zona aberta semidesértica, por isso um animal que passe de um lado para o outro tem de fazer um grande trajecto e fica mais exposto a possíveis predadores. Isto implica que tenha uma armadura mais completa, para estar mais protegido dos predadores”, acrescenta o biólogo.

“E permite-nos ver o processo de especiação em acção. Se o animal tivesse outras características, a selecção natural iria prejudicá-lo. Só os animais com mais protecção foram sobrevivendo e acumulando estas características, até se tornarem uma espécie diferente da outra, com características morfológicas diferentes”, prossegue o investigador. “Como o Cordylus machadoi está numa zona em que os afloramentos rochosos são mais comuns, para passar de uma rocha para outra tem de fazer um percurso mais reduzido e há vegetação que o esconde.”

O Cordylus namakuiyus ter-se-á separado do Cordylus machadoihá pouco tempo, segundo as análises de ADN. “Vimos que são espécies irmãs, ou seja, vêm da mesma linhagem evolutiva e separaram-se recentemente – nos últimos milhares de anos.”

Além dos dez exemplares apanhados há pouco tempo (oito na expedição de 2013 e dois pelos cientistas sul-africanos em 2009), conhecem-se outros 50 espécimes, atribuídos agora à nova espécie, que estão no Museu Americano de História Natural (foram recolhidos numa expedição a Angola em 1925, financiada por Arthur S. Vernay, que fez fortuna como antiquário). A imagem que se segue é uma ilustração científica de um exemplar deCordylus (por Alma W. Froderstrom) resultante dessa expedição de 1925 e que se encontra no Museu Americano de História Natural.


Um dos animais apanhados em 2013 tinha ainda na barriga dois fetos, que já estariam perto do nascimento. Ainda não tinham as escamas espinhosas desenvolvidas, o que é normal, uma vez que estes animais não põem ovos e dão directamente à luz. Como também apanharam animais juvenis, os cientistas sabem que as escamas espinhosas se formam pouco tempo depois do nascimento.

Ao fim de 120 anos, um atlas

Tudo isto começou com a tese de mestrado de Mariana Marques, do MNHNC, dedicada aos répteis e anfíbios de Angola. Tendo como co-orientador Luís Ceríaco e como orientador principal Aaron Bauer, da Universidade de Villanova (nos EUA), a tese de mestrado viria a ser o mote inicial para o projecto em curso. Na compilação da informação bibliográfica sobre os répteis e anfíbios daquele país, os investigadores constataram que esse conhecimento era muito limitado. “Há zonas de Angola do tamanho do Texas para as quais não há um único registo de um anfíbio ou um réptil”, frisa Luís Ceríaco.

Por isso, o MNHNC e a Universidade de Villanova juntaram-se à Universidade da Florida e ao Instituto Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC) angolano e avançaram para o levantamento da herpetofauna de Angola, “que é das mais desconhecidas no contexto africano”, sublinha o investigador português. A expedição de há dois anos à província do Namibe foi a primeira do projecto. “Os trabalhos [anteriores], de portugueses e estrangeiros, remontam ao século XIX e à primeira metade do século XX. A guerra civil após a independência fez com que os estudos da biodiversidade parassem. Não se conseguia ir ao campo.”

Em 2015, já houve mais duas expedições, uma ao Parque Nacional da Cangandala (na província de Malanje, criado em 1970 para proteger a palanca-negra-gigante) e outra às províncias do Kwanza Sul e de Benguela. O projecto vai prolongar-se por mais três anos, estando previstas mais seis expedições e um financiamento total de cerca de um milhão de dólares (900 mil euros). Os primeiros resultados estão aí.

Depois do artigo científico na revista Zootaxa, o projecto vai publicar um pequeno livro sobre as espécies encontradas no Parque Nacional da Cangandala, com as descrições e fotografias, numa edição conjunta do MNHNC e INBAC e lançamento, em breve, em Lisboa e Luanda.

E a tese de mestrado de Mariana Marques está também a ser trabalhada por ela, Luís Ceríaco, Aaron Bauer e David Blackburn, este último do Museu de História Natural da Universidade da Florida, para ser publicada como atlas dos anfíbios e répteis de Angola. Será editado, durante este ano, pelo MNHNC, com apoio do INBAC e das universidades norte-americanas envolvidas no projecto. Ao longo de 800 páginas em inglês, falar-se-á de cerca de 110 anfíbios e 300 répteis. O Cordylus namakuiyus já lá constará.

“Conterá todos os registos publicados de todas as espécies de anfíbios e répteis de Angola, com mapas, notas taxonómicas e de história natural e estatutos de conservação. Será uma peça fundamental para próximos trabalhos, pois permite-nos perceber o que sabemos, mas principalmente o que não sabemos”, diz o biólogo português. “O único atlas – e é difícil chamar-lhe um atlas – é um livro de 1895, Herpethologie d'Angola et du Congo, de José Vicente Barbosa du Bocage, do Museu de História Natural de Lisboa. Até hoje, é o único texto sinóptico sobre anfíbios e répteis de Angola. Há mais 120 anos de informação que se encontrava dispersa”, diz Luís Ceríaco. “Com este projecto, esperamos potenciar estratégias de conservação da biodiversidade.”

fonte: Público