domingo, 25 de setembro de 2016

Estudos reacendem debate sobre migrações africanas que povoaram o planeta


O debate de longa data sobre quantas ondas de emigração africanas levaram para os seres humanos modernos povoarem o planeta foi reaceso na quarta-feira (21) em estudos genéticos divergentes publicados na revista científica Nature.

Dois artigos disseram que um único êxodo partindo da África provavelmente resultou em populações humanas contemporâneas na Ásia, Europa e em outros lugares.

Um terceiro estudo disse, porém, ter encontrado ADN humano sobrevivente de pelo menos uma migração africana anterior a esse grande êxodo.

Ao todo, os três estudos apresentam dados de mais de 280 populações diferentes ao redor do mundo, mas não chegam a um consenso sobre o que eles significam.

A pesquisa forneceu “algumas peças que faltavam no quebra-cabeça da História humana”, disseram Serena Tucci e Josué Akey, do Departamento de Ciências do Genoma da Universidade de Washington em um comentário na revista.

Mas “muitas questões fascinantes permanecem” e são necessárias mais pesquisas “para retraçar totalmente os passos dados pelos primeiros seres humanos, enquanto eles exploraram e colonizaram o mundo”.

Muitos cientistas acreditam que as ascendências de todos os não-africanos atuais remontam a uma única população que deixou o continente há entre 40.000 e 80.000 anos.

Outros afirmam que houve uma migração anterior para o Sudeste da Ásia e para a Australásia, entre 120.000 e 130.000 anos atrás, seguida por uma migração posterior para a Eurásia.

Dois dos novos estudos parecem apoiar a primeira teoria.

Os dados genéticos – afirmam – apontam que todos os não-africanos tiveram origem em um único êxodo africano. Mas eles discordam sobre o que aconteceu depois.

De acordo com um grupo de pesquisadores, parece que os humanos modernos, ao deixarem a África cerca de 72.000 anos atrás, logo se dividiram em dois grupos: um que seguiu rumo ao norte para a Eurásia, enquanto o outro foi em direção ao leste para a Australásia.

Colonizadores extintos 

Isso foi evidenciado pelo fato de os aborígenes australianos compartilharem a grande maioria de seu ADN com outros não-africanos, disse a equipe.

Austrália e Nova Guiné têm algumas das primeiras evidências arqueológicas e fósseis de humanos modernos fora da África, e já foi especulado que os aborígines podem ter-se originado a partir de uma saída anterior da África, ligada à Ásia.

Uma segunda equipe de pesquisa concordou que houve um único êxodo africano, mas disse que a primeira divisão aconteceu um pouco mais tarde – entre os eurásios do oeste e do leste.

Nenhuma das equipes descarta a possibilidade de múltiplas migrações fora da África, mas afirmam que essas teriam contribuído muito pouco com o património genético dos seres humanos contemporâneos.

O terceiro estudo tomou um rumo diferente, mais em linha com uma teoria de múltiplas ondas migratórias.

Pelo menos 2% do genoma da população moderna da Nova Guiné – concluiu o estudo – veio de um grupo “primitivo e em grande parte extinto”, que tinha divergido dos africanos antes do que dos eurasianos, cerca de 120.000 anos atrás.

O ADN antigo pode ter sido preservado nos papuásios por causa de um canal de águas profundas que separa Ásia e Austrália que não congelou durante as eras glaciais, isolando a população lá, enquanto outros misturaram seus genes mais livremente.

“Acreditamos que pelo menos uma expansão humana adicional fora da África aconteceu antes da grande expansão descrita na nossa pesquisa e em outras”, disse o coautor do estudo Toomas Kivisild, da Universidade de Cambridge.

“Essas pessoas divergiram do restante dos africanos cerca de 120.000 anos atrás, colonizando algumas terras fora da África. Os 2% do genoma de Papua é o único vestígio remanescente dessa linhagem extinta”, acrescentou.

fonte: Isto É

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