Arqueólogos mapearam terreno com um helicóptero e descobriram cidades e canais ocultos sob a selva, na região de Angkor
Angkor, no Camboja, é sobretudo conhecido pelos seus templos imponentes, como o de Angkor Wat: é o que resta hoje visível do misterioso império Khmer, que ali floresceu entre os séculos VIII a.C. e XV d.C. A história desse império, porém, está prestes a ser desvendada, depois de um grupo de arqueólogos ter descoberto, com recurso a feixes de laser, que sob a selva se oculta uma rede de cidades, de estradas e de canais, que poderão em breve fornecer novas informações sobre a vida na região naquela época.
Os arqueólogos já sabiam que em torno dos templos, numa área de 400 quilómetros quadrados, haveria cidades. Há em alguns locais restos de antigas vias de comunicação e condutas de água. Mas o que a associação Cambodian Archaelogical Lidar Initiative (CALI) descobriu - graças, justamente ao lidar, uma técnica de visualização por laser - foi uma série de cidades soterradas na selva, cuja existência era desconhecida. O novo mapa do subsolo permite agora fazer escavações dirigidas ao alvo, poupando anos de trabalho por tentativa e erro. "Todos nós passámos pela experiência de gastar horas a tentar desbastar florestas de bambu e matagal cheio de espinhos, na esperança de encontrar qualquer coisa", lembra Shaun Mackey, um dos arqueólogos da associação CALI, citado pelo The New York Times.
Feitos os estudos com o lidar, que exigiram apenas algumas horas de voo em helicópteros com o equipamento a bordo para fazer o mapeamento, a forma de trabalhar na região mudou e os resultados começam a aparecer.
Shaun Mackey e o seu colega Kong Leaksmy decidiram recentemente investigar no terreno um dos pontos que surgem no mapa como um dos "premiados", com estruturas construídas no subsolo e, mal chegaram ao sítio, bastou--lhes um olhar mais atento para encontrar fragmentos de cerâmica da época. "Não é tão sexy como um templo, mas para um arqueólogo é importante encontrar estas provas de atividade cultural", comentou Shaun Mackey. Os cientistas esperam encontrar agora muitos mais artefactos que permitam traçar a história do império Khmer, sobre o qual se sabe muito pouco, porque dele restou visível pouco mais do que os seus templos.
fonte: Diário de Noticias
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