terça-feira, 20 de setembro de 2016

Esqueleto com 2.000 anos encontrado em navio naufragado no Mediterrâneo


Arqueólogos descobriram um esqueleto humano com 2.000 anos nos destroços do mesmo navio naufragado no Mediterrâneo onde haviam encontrado a sofisticada peça de tecnologia a sobreviver à Antiguidade - um mecanismo de relógio -, noticiou hoje a revista Nature.

Se se conseguir recuperar ADN dos restos humanos encontrados a 31 de agosto ao largo da costa da ilha grega de Anticítera, este poderá revelar pistas sobre a identidade do esqueleto, referiu a publicação científica.

A ossatura surpreendentemente bem conservada -- que inclui parte de um crânio, dois ossos do braço, várias costelas e dois fémures -- poderá também desvendar segredos sobre o famoso navio mercante do século I a.C. que provavelmente naufragou durante uma tempestade.

O Governo grego não deu ainda autorização para a realização de testes de ADN.

O esqueleto é um achado raro, porque os cadáveres de vítimas de naufrágios são normalmente levados pelas correntes ou comidos por peixes, e raramente sobrevivem décadas, muito menos séculos.

"Não temos conhecimento de nada do género", disse Brendan Foley, um arqueólogo marinho da Woodshole Oceanographic Institution, do estado norte-americano de Massachusetts, e codiretor da exploração.

À primeira vista, o esqueleto parece pertencer a um rapaz, segundo Hannes Schroeder, um especialista em análises de ADN antigo do Museu de História Natural da Dinamarca.

"Não parecem ossos com 2.000 anos de idade", disse à Nature.

Schroeder ficou especialmente satisfeito com a recuperação do osso petroso -- localizado atrás da orelha -- que tende a preservar melhor o ADN que outras partes do esqueleto e que os dentes.

"Se houver algum ADN, então, pelo que sabemos, estará aqui", indicou.

Se se conseguir recuperá-lo, o ADN poderá revelar a cor do cabelo e dos olhos, bem como a raça e a origem geográfica, acrescentou.

Os destroços do navio, submersos a quase 50 metros de profundidade, foram primeiro descobertos por pescadores de esponjas naturais em 1900, e acredita-se que foram os primeiros alguma vez investigados por arqueólogos.

A maior descoberta foi a chamado Máquina de Anticítera, um mecanismo do século II a.C. que por vezes é designado como o computador mais antigo do mundo.

O dispositivo altamente complexo é composto por cerca de 40 peças de bronze e era usado pelos gregos antigos para acompanhar os ciclos do sistema solar.

Foram precisos mais 1.500 anos para que um relógio astrológico de semelhante sofisticação fosse fabricado na Europa.

O ADN mais antigo alguma vez recuperado de restos mortais humanos modernos tinha cerca de 45.000 anos.

Diário Digital com Lusa


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