terça-feira, 16 de junho de 2015

Bactéria que respira urânio pode ajudar a limpar água contaminada


É a primeira vez que se descobre uma bactéria desta classe capaz de respirar urânio. Fotografia © Imagen de Arquivo | Umberto Salvagnin | Via Flickr

"Após as bactérias recém-descobertas interagirem com compostos de urânio na água, o urânio torna-se inerte", explicou o cientista que liderou o estudo.

Cientistas norte-americanos descobriram uma bactéria que é capaz de respirar urânio e torná-lo inerte, ou seja, fazer com que deixe de ser tóxico. Espera-se que a descoberta possa ajudar a desenvolver métodos de limpar água contaminada com urânio.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, detetou esta capacidade em bactérias encontradas numa antiga fábrica de enriquecimento de urânio, no estado do Colorado. O urânio ali enriquecido era usado para produzir armas nucleares.

"Após as bactérias recém-descobertas interagirem com compostos de urânio na água, o urânio torna-se inerte", explicou em comunicado o líder da equipa de cientistas, Lee Kerhof.

O artigo científico, publicado em abril na revista científica PLOS One, é o primeiro a mostrar que uma bactéria desta classe, betaproteobacteria, consegue respirar urânio. A bactéria interage com as partículas de urânio através de uma reação química que já era conhecida, aceitando o eletrão livre do urânio num processo conhecido como "redução". Mas há muito que ainda não se sabe acerca do comportamento do urânio reduzido que a bactéria produz.

O essencial, porém, é que as bactérias encontradas na água junto deste antigo local de enriquecimento de urânio fazem com que a substância deixe de estar dissolvida no lençol freático, e, portanto, não contamine a água que é trazida para a superfície, que passa a poder ser bebida.

Esta era um dos principais objetivos do estudo, que foi feito em colaboração com o Departamento de Energia norte-americano, para tentar perceber se os microorganismos podem ajudar a descontaminar as águas em locais como aquele onde as bactérias foram encontradas, no Colorado.

"A biologia é uma forma de resolver este problema de contaminação, especialmente em situações como esta", explicou o cientista Lee Kerkhof, que diz que, embora o problema não seja muito comum, pode afetar grandes quantidades de água.

Não se sabe exatamente como esta bactéria evoluiu para desenvolver a capacidade de tornar o urânio inerte, mas Kerkhof explicou que, como as bactérias têm a capacidade de trocar genes umas com as outras, podem desenvolver resistência por essa via. Esta bactéria "apanhou um elemento genético que agora lhe permite destoxificar o urânio, crescer, na verdade, através do urânio", de acordo com a explicação dada por Kerkhof no comunicado da Universidade de Rutgers.


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