domingo, 21 de novembro de 2010

Plantas transgénicas "não ameaçam saúde pública"


Investigador de Coimbra aponta vantagens no uso destas plantas: maior resistência a fungos, à salinidade ou uma maior sobrevivência em solos com menos quantidade de água.

Podem as plantas transgénicas ser importantes para a sociedade e não pôr em perigo a saúde pública? Um investigador português que desenvolveu trabalho nesta área acredita que sim. "Constituem mais uma ferramenta com o objectivo de melhorar as espécies que são cultivadas", salienta Jorge Canhoto, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Em Portugal, reconhece, a cultura transgénica "ainda é residual". Segundo dados da Direcção-Geral de Agricultura e Pescas, de 11 de Outubro, a área de cultivo de milho geneticamente modificado ocupa 4868,5 hectares, correspondentes a 191 plantações, a maioria no Alentejo.

Curiosamente, diz Jorge Canhoto, "foi muito cultivada em Portugal uma espécie que não existia na natureza e que foi criada pelos cientistas: o triticale, um híbrido resultante do cruzamento entre o trigo e o centeio". Porém, destaca o investigador, "esta situação não parece preocupar muito o movimento ecologista". "Talvez não saibam que existe", ironiza.

Jorge Canhoto explica que o uso da engenharia genética permite ultrapassar limitações no melhoramento das plantas e acrescenta que as "técnicas de engenharia genética não devem ser vistas como alternativa às técnicas convencionais, são antes complementares".

No seu trabalho encontrou vantagens nas plantas transgénicas. "A maior parte são variedades resistentes a insectos, a herbicidas ou a ambos", refere. Exemplificando com as variedades de milho algodoeiro e soja. "Estas variedades apresentam níveis de produção mais elevados contribuindo ainda para uma redução na aplicação de pesticidas e herbicidas", explica.

No caso particular do milho, "apresenta teores mais reduzidos de fungos, alguns capazes de sintetizar potentes toxinas que podem causar danos em termos de saúde pública". "No futuro, espera-se que características como a resistência à salinidade ou à reduzida disponibilidade de água no solo possam ser uma realidade, permitindo culturas agrícolas em solos pobres", acrescenta.

Outra vantagem que encontra nestas plantas é "a produção de compostos químicos importantes para a indústria farmacêutica ou para as indústrias alimentar e de cosmética".

"Até ao aparecimento das modernas técnicas de engenharia genética, o melhoramento das plantas baseava-se na realização de cruzamentos e selecção das características mais interessantes nas plantas obtidas", diz Jorge Canhoto, referindo que se trata, "na verdade, de uma forma rudimentar de transferência de genes".


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