Num dia comum de Janeiro, uma ideia assustadora aterrorizou uma mulher de 45 anos de idade, no estado norte-americano do Nebraska: seu marido e filhos adolescentes não eram, de facto, seu marido e filhos adolescentes. Pessoas estranhas, idênticas aos membros de sua família, tinham tomado o lugar delas. Para se defender, a mulher os ameaçou com o instrumento de acender lareiras e chamou seus vizinhos – além da polícia.
Isso soa como um episódio da antiga série de ficção “Além da Imaginação”, mas a mãe e esposa de Nebraska estava a sofrer na vida real. Seu mal: a chamada “ilusão de Capgras”, um distúrbio psiquiátrico raro em que o paciente acredita que seus amigos ou familiares não são quem eles dizem que são. Segundo quem sofre do distúrbio, as pessoas reais foram substituídos por impostores mal-intencionados.
Nós reconhecemos os diversos rostos graças a uma parte do cérebro chamada giro fusiforme, que está localizada no lobo temporal. Ele processa os rostos que vemos e envia essa informação para outra parte do cérebro, a amígdala, responsável pelo processamento de emoções.
Em pacientes com Capgras, porém, há uma desconexão entre o centro visual e ao centro emocional, como explica a Mariam Garuba, a psiquiatra de Nova York que tratou a mulher do início da matéria quando ela foi internada numa sala de emergência em Omaha, Nebraska, há três anos. (Miriam escreveu sobre o caso incomum, referindo-se ao paciente apenas como “Sra. A”, em uma revista de psiquiatria clínica no ano passado.)
Em suma: a “Sra. A” sabia que as pessoas dentro da sua casa pareciam, falavam e agiam como seu marido e filhos, mas eles não a faziam sentir da maneira que ela sempre se sentiu quando estava na presença deles.
É importante notar que se um paciente de Capgras falar com uma pessoa amada no telefone, ele reconhecer a voz. Porém, se essa mesma pessoa entra no quarto, o paciente vai acusá-la de ser um impostor porque a audição e a visão tomam caminhos diferentes para chegar ao centro emocional do cérebro.
Em alguns casos, essa desconexão que é tida como a causa da Capgras é provocada por um ferimento na cabeça, em outros, está relacionado a um transtorno psiquiátrico ou neurológico já existentes. A “Sra. A” encaixa-se no segundo grupo: ela é uma paciente com transtorno bipolar de longa data, além de já ter sido diagnosticado com esclerose múltipla. Apesar de ter tomado medicamentos para tratar o transtorno bipolar no passado, ela não estava tomando nenhum – sequer para a esclerose múltipla – em Janeiro de 2007, quando a confusão mental contra sua família ocorreu.
Seus médicos, incluindo Garuba, acreditam que o delírio de Capgras ocorreu por causa de uma recaída da esclerose múltipla da “Sra. A”. Ela foi tratada com antipsicóticos, e depois de alguns dias, ela foi gradualmente deixado de acreditar que os médicos estavam tentando envenená-la. Depois de quase um mês no hospital, ela parou de acreditar que os membros da sua família eram impostores.
O distúrbio raro presta homenagem a Joseph Capgras, o psiquiatra francês que primeiro escrever sobre a ilusão, em 1923, depois de tratar uma mulher que se convenceu de que o marido e os outros que ela conhecia eram realmente duplos de corpo. Casos semelhantes à “Sra. A” nos últimos anos incluem o da mulher de 24 anos que, após algumas complicações com pneumonia pneumocócica, sofreu crises epilépticas e começou a acreditar que alguns dos médicos da UTI tinham sido substituídos por impostores.
No Reino Unido, uma mulher de 42 anos alegou que, enquanto ela estava na UTI por pneumonia em 1999, cada um dos membros da sua família – com exceção de sua mãe – foi substituído por alienígenas.
fonte: hypeScience
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