Reconstituição dos percursos das partículas subátomicas libertadas pelas colisões de átomos de chumbo
No acelerador de partículas do CERN já começaram a ser produzidos mini-Big Bangs, fazendo colidir núcleos atómicos maciços de chumbo, acelerados até velocidades muito próximas da da luz. Estas experiências, que libertam enormes quantidades de energia, permitem já reforçar uma teoria que os físicos têm tentado provar experimentalmente na última década: que, nos seus primeiros milionésimos de segundo, o Universo era líquido.
Foi no início do mês que os cientistas começaram a produzir no LHC, o acelerador de partículas instalado num túnel circular enterrado a mais de 100 metros de profundidade sob a fronteira franco-suíça, no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), estes Big Bangs em miniatura. O que na verdade se produz são densas bolas energéticas com as colisões dos núcleos de chumbo acelerados, que atingem temperaturas de dez biliões (milhões de milhões) de graus Celsius.
A esta temperatura incrível, muito maior do que o interior do Sol, os núcleos atómicos de chumbo fundem-se, misturando os seus constituintes mais básicos: os quarks, que são os tijolos fundamentais da matéria, e os gluões, as partículas que mediam as forças entre quarks.
Cria-se, assim, algo como uma amálgama superquente e superdensa, a que se chama um plasma de quarks e gluões. Curiosamente, comporta-se mais como uma sopa quente do que outra coisa.
Um artigo que descreve as medições feitas pelos cientistas que trabalham na experiência ALICE, um dos detectores instalados ao longo do anel do LHC, foi já submetido para publicação na revista científica Physical Review Letters — e colocada uma cópia no site arxiv.org. Os resultados confirmam os das colisões de átomos de ouro feitas no acelerador do Laboratório Nacional de Brookhaven, nos Estados Unidos, que apontavam para um plasma que fluia como um líquido “quase perfeito”, quase sem viscosidade.
“As nossas medições são definitivas, mas serão precisas muitas discussões para determinar o que quer isto dizer em termos de viscosidade”, comenta Peter Jacks, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, dos cientistas da experiência ALICE, citado num comunicado do CERN. “Mas pode-se afirmar definitivamente que o sistema flui como um líquido.”
fonte: Público
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