sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cobra “virgem” dá à luz a filhotes sem pai


A ciência tem mais um caso raro para adicionar a sua lista. O milagre do bebé sem pai chegou até uma jibóia: a cobra deu  à luz duas ninhadas de filhotes absolutamente extraordinários.

Evidências sugerem que ela teve 22 cobras sozinha. Mais do que isso, a constituição genética dos filhotes é diferente de qualquer outro vertebrado.

“Nascimentos virginais” não são tão incomuns entre os animais. Muitos invertebrados, como os insectos, podem produzir prole assexuada, sem nunca ter acasalado. Eles costumam fazer isso através da clonagem, produzindo descendentes geneticamente idênticos.

Mas entre os animais vertebrados isso é muito raro, tendo sido documentado entre menos de 0,1% das espécies. Em 2006, por exemplo, cientistas descobriram que dois dragões de Komodo (Varanus komodoensis), o maior lagarto do mundo, tiveram ovos que se desenvolveram sem serem fertilizados por esperma, um processo chamado partenogênese.

Em 2007, outros cientistas descobriram que tubarões-martelo fêmea (Sphyrna tiburo) também podem se reproduzir sem fazer sexo. Agora, a equipa de cientistas identificou o primeiro caso de parto virgem numa cobra jibóia, que é uma novidade ainda maior por uma série de razões.

Em primeiro lugar, ela não teve um nascimento virgem, mas dois, apesar de ficar em cativeiro com cinco machos – e ser cortejada por eles. Depois, todos os filhotes nascidos são do sexo feminino, e os descendentes compartilham apenas metade da genética da mãe. Além disso, a prole tem uma composição genética nunca vista antes.

A primeira vez que os investigadores desconfiaram que os filhotes eram nascimentos virgens foi por causa da coloração. Todas as cobras bebés apresentavam uma coloração caramelo bem particular e rara. Essa cor é uma característica recessiva rara, carregada pela mãe, mas não por qualquer dos pais em potencial que habitavam o cativeiro.

Todos os filhotes também apresentavam cromossomos sexuais muito incomuns. Cromossomos sexuais são pacotes de ADN que impulsionam o desenvolvimento das características sexuais, pois, geneticamente, fazem essencialmente animais machos ou fêmeas.

Os seres humanos, por exemplo, têm cromossomos sexuais X ou Y, onde as fêmeas têm dois cromossomos X e os machos têm uma combinação de um X e um Y. No lugar de X e Y, cobras e muitos outros répteis possuem cromossomos Z e W.

Em todas as cobras, ZZ produz machos e ZW produz fêmeas. Curiosamente, todas as cobras destas ninhadas eram WW. Esta foi mais uma prova de que as cobras herdaram todo o seu material genético da mãe, já que apenas as mulheres carregam o cromossomo W.

Segundo os investigadores, os filhotes são, basicamente, meios clones da mãe. Isso porque as cobras bebés herdaram duas cópias de metade dos cromossomos da mãe, incluindo um cromossomo W.

O mais surpreendente é que os investigadores acreditaram por décadas que um animal WW não seria viável. Os únicos animais com as características cromossómicas WW foram criados em laboratório, utilizando técnicas genéticas para alterar artificialmente o desenvolvimento dos óvulos.

Em tais espécies, todos os exemplos naturais conhecidos de bebés produto de partenogênese são do sexo masculino, carregando um arranjo cromossómico ZZ.

Um outro mistério é o que levou a cobra a dar à luz dessa maneira. No passado, ela teve bebés sexualmente, e somente no ano em que ela estava hospedada com machos é que isso aconteceu. Os investigadores acreditam que alguma interacção com um macho foi necessária, mas ainda não sabem por que ela não utilizou esperma. [BBC]

fonte: hypeScience

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