sábado, 20 de novembro de 2010

No túmulo de Thyco Brahe há mais oito pessoas


Os investigadores esperam agora saber mais sobre a vida...e morte de Tycho Brahe


Tycho Brahe

Inesperadamente, a abertura do túmulo do astrónomo dinamarquês Thyco Brahe, esta segunda-feira, trouxe a revelação de que ao seu lado estão sepultadas mais oito pessoas. A equipa de cientistas ia à procura de esclarecer um mistério com mais de 400 anos – as causas da morte do astrónomo, que pode ter sido envenenado com mercúrio – e acabou por se deparar com esta surpresa.

Uma das pessoas deverá ser a mulher de Thyco (1546-1601), Cristina, que foi sepultada três anos depois da morte do astrónomo, na Igreja de Nossa Senhora de Týn, em Praga (República Checa).

Mesmo assim, a equipa, liderada pelo arqueólogo dinamarquês Jens Vellev, da Universidade de Aarhus, não tem a certeza de que seja Cristina Brahe. Os ossos não estão completos, o que torna difícil a sua identificação, relatou um dos elementos da equipa, o antropólogo Petr Veleminsky, do Museu Nacional Checo, citado pelo jornal “El Mundo”. “Destes oito indivíduos, cinco são crianças. Foi bastante inesperado.”

Não há registos escritos sobre os outros mortos, que terão sido sepultados naquele local antes do astrónomo dinamarquês.

Mas a identidade dos ossos de Thyco, que nasceu na nobreza, foi confirmada. “Trata-se de um homem de idade avançada, que tem algumas mudanças no nariz. Poderão corresponder à lesão que Brahe sofreu quando tinha 20 ou 22 anos”, disse Veleminsky.

Thyco ficou desfigurado num duelo e, desde então, usou uma prótese de metal no nariz. Há quem diga que era de ouro e prata, outros que era de cobre, um facto que poderá agora ficar esclarecido.

A tomografia axial computorizada (TAC), que permitiu ter imagens tridimensionais dos ossos, também confirmou tratar-se de um homem do Norte da Europa, referiu Jens Vellev. Com estes dados, a equipa tenciona fazer uma reconstituição da cara do famoso astrónomo do século XVI, que passou 40 anos da sua vida a recolher observações das estrelas e dos planetas, ainda antes de o telescópio ter sido apontado aos céus.

Junto aos restos mortais do astrónomo, depositados numa urna de zinco, em 1901, quando se completaram 300 anos da sua morte, encontrou-se uma bota, uma meia e uma capa.

Foram também recolhidas amostras de cabelo e da barba e bigode, para detectar a presença de níveis elevados de mercúrio. Há cerca de 20 anos, análises aos fios de bigode de Thyco (que tinham sido retirados em 1901, quando se abriu o túmulo pela primeira vez) revelaram a existência de mercúrio em concentrações 100 vezes superiores ao normal.

Não tardaria muito a surgir a tese de que Thyco pode ter sido assassinado, e um suspeito começou a andar na berlinda – o astrónomo alemão Kepler, que foi seu assistente nos últimos 18 meses de vida. A relação de ambos era tensa. Diz-se que Kepler queria apoderar-se das observações de Thyco, que vieram a permitir aos astrónomo alemão elaborar as famosas três leis sobre o movimento dos planetas.

No entanto, mesmo que as novas análises corroborem a ingestão de dose elevadas de mercúrio, Thyco pode simplesmente ter sido intoxicado de forma acidental, uma vez que também era alquimista. Ou ter tomado o mercúrio como um fármaco, que nessa época era utilizado no tratamento de uma série de patologias.

Através das análises aos cabelos e à barba, os cientistas querem traçar os últimos meses de vida de Thyco. E, com o estudo dos ossos, pretendem descortinar um pouco mais da sua vida e das marcas que deixou no esqueleto. Aguardam-se os próximos capítulos.

fonte: Público

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