quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nobel distingue material para electrónica do futuro



Andre Geim e Konstantin Novoselov, dupla de investigadores de origem russa do centro de Nanotecnologia da Universidade de Manchester, no Reino Unido, foram ontem galardoados pela Academia Real Sueca com o Prémio Nobel da Física de 2010. Os seus trabalhos pioneiros com o grafeno, material que promete revolucionar a electrónica, em áreas como a dos computadores, dos ecrãs tácteis ou dos painéis solares, valeram-lhes a distinção. O prémio ser-lhes-á entregue numa cerimónia oficial agendada para 10 de Dezembro.

Tudo começou com fita cola, um produto que milhões de crianças usam todos os dias na escola. Andre Geim e Konstantin Novoselov recorreram a ela há seis anos para isolar o grafeno, um material que promete revolucionar o mundo da electrónica, permitindo desenvolver computadores, ecrãs tácteis ou painéis solares mais flexíveis e eficientes. Foi por isso que ontem ganharam o Prémio Nobel da Física.

"O grafeno é uma forma de carbono, o melhor condutor conhecido de calor. Este novo material permite construir transístores que ultrapassam claramente a rapidez dos transístores clássicos de silício e fabricar computadores mais eficazes. E como é praticamente transparente e bom condutor é compatível com a produção de ecrãs tácteis transparentes, painéis luminosos e captadores solares", justificou ontem o comité Nobel, num comunicado divulgado em Estocolmo e citado pela AFP.

Os laureados declararam-se surpreendidos com o prémio, que irão receber numa cerimónia agendada para 10 de Dezembro. "Eu ainda estou em choque", disse, à agência sueca TT, Novoselov, que foi aluno e doutorando do professor Geim. Este físico da Universidade de Manchester, que há dez anos chegou a ser galardoado com o prémio Ig Nobel, por fazer levitar um sapo, disse estar contente mas não pretender alterar as suas rotinas.

"Há duas categorias de Nobel: os que depois do prémio deixam de fazer o que quer que seja até ao fim das suas vidas, prestando um mau serviço à socieddade; e os que acham que as pessoas pensam que eles ganharam o prémio por acidente e vão trabalhar mais depois dele", disse, à SVT, explicando que quer pertencer à segunda categoria.

Quando utilizaram a fita cola, Geim e Novoselov perceberam uma coisa simples: bastava esfoliar cristais de grafite com ela para obter um cristal de carbono bidimensional com a espessura de apenas um átomo. O resultado foi um hexágono de átomos muito semelhante a uma colmeia, que permite aos electrões percorrerem grandes distâncias, à rapidez de mil quilómetros por segundo, sem desvios causados por impurezas, como acontece com o silício, que é usado em cerca de 95% dos aparelhos electrónicos.

fonte: DN

Sem comentários:

Enviar um comentário