Wolf Mankowitz trabalhou no roteiro de filmes sobre o agente James Bond
Arquivos do MI5, o Serviço de Inteligência do governo britânico, divulgados nesta quinta-feira revelam que o roteirista dos filmes do espião James Bond era suspeito de ser agente comunista.
O arquivo da agência MI5 afirma que Wolf Mankowitz era um "marxista convicto". Ele foi espiado por mais de uma década.
Mankowitz escreveu o roteiro do filme "Casino Royale", de 1967, e participou na produção e elaboração do roteiro de "O Satânico Dr. No", de 1962.
O roteirista, que morreu em 1998, foi responsável por apresentar Cubby Broccoli a Harry Saltzman. Os dois lendários produtores estão entre os responsáveis por transformar o agente James Bond num fenómeno cinematográfico internacional.
Partido Comunista
Nascido em Londres e formado na universidade de Cambrdige, Mankowitz fez parte da Sociedade Socialista da faculdade e era casado com uma integrante do Partido Comunista.
O MI5 começou a suspeitar que Mankowitz era agente comunista em 1944, quando ele morava em Newcastle com sua mulher.
Uma carta de David Holbrook, um homem suspeito de ser comunista, foi interceptada pela agência de inteligência. No documento, Holbrook relatava que o casal Mankowitz estava ganhando dinheiro com palestras para uma associação de esquerda.
Arquivo traz cartas e fotos de Mankowitz, que era seguido de perto
Os arquivos mostram que a polícia dizia que Mankowitz "é notório por discutir com frequência as teorias do marxismo com seus amigos".
Apesar da vigilância, Mankowitz conseguiu alistar-se na Territorial Army, um braço voluntário da reserva do Exército britânico.
O superior de Mankowitz o descreveu como "um sujeito muito agitado e de temperamento nervoso", apesar de não o ver como uma "influência subversiva".
'Marxista convicto'
Em 1948, Mankowitz tentou conseguir um emprego num escritório de Informação do governo, mas foi rejeitado. O serviço de inteligência da Grã-Bretanha mandou uma carta ao escritório dizendo que Mankowitz era "sabidamente casado com uma integrante do Partido Comunista e ele próprio um marxista convicto".
Em 1951, Mankowitz recebeu um contrato da BBC para traduzir a peça de teatro O Urso, do russo Anton Chekhov. O MI5 alertou a BBC sobre o passado comunista de Mankowitz, mas disse que não via problemas no seu trabalho como tradutor.
Em meados dos anos 50, Mankowitz ainda era monitorado pelo MI5, sobretudo depois de visitar Moscovo, em 1956, como convidado da União Soviética.
Ele passou dez dias numa feira sobre juventude em Moscovo e anunciou um plano para montar uma produtora de filmes com cooperação entre britânicos e soviéticos.
A agência deixou de seguir Mankowitz depois que ele abandonou planos para regrassar a Moscovo e optou por viajar para o Caribe, para participar da produção de um filme.
fonte: BBC
Sem comentários:
Enviar um comentário