sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Nobel da Física trocado por miúdos

O material mais fino do mundo, o graphene, conferiu a dois físicos Russos o mais cobiçado prémio da comunidade científica. Saiba porquê.

Andre Geim, 51, e Konstantin Novoselov, 36, investigadores na Universidade de Manchester, ganharam o Nobel da Física este ano devido ao seu trabalho (experiências que originaram uma grande dose de conhecimento) sobre um material muito interessante chamado graphene.

Este nanomaterial é muito promissor

Numa descrição não muito científica podemos caracterizá-lo por ser semelhante a uma colmeia (com os alvéolos hexagonais) em que as paredes são extremamente finas (uma camada de cera apenas) tanto em altura como em espessura. A altura e as paredes do graphene medem 1 átomo de carbono.

As suas propriedades mais interessantes para nós, os comuns mortais, são: a condução da eletricidade e do calor (melhor que o cobre, o material mais utilizado para o efeito da distribuição da electricidade dentro da nossa casa), a transparência, a impermeabilidade e o facto de ser antibacteriano. A nível tecnológico permite, por exemplo, a criação de transístores (a base para o computador) mais rápidos e energeticamente eficientes que os que são feitos de sílicio.

As suas propriedades conferem a este material o estatuto de material mais fino do mundo e um dos mais fortes.


Modelação da estrutura do graphene

Como disse a Royal Academy, relativamente ao graphene, numa frase: "O Carbono, essência da vida, surpreende-nos outra vez!". E eu acrescento: "E de que maneira!". Há muito tempo que não era identificado um material com tão estrondosas capacidades e que, apesar da sua elegância e simplicidade, promete revolucionar tudo o que está à nossa volta.

Para além das suas inúmeras aplicações na nossa vida quotidiana a sua mais promissora qualidade (para a comunidade científica) é o facto de possibilitar que experiências que normalmente necessitam de um acelerador de partículas possam ser realizadas sem a necessidade de um.

Para quem não sabe o maior acelerador de partículas do mundo (o LhC, Large Hadron Collider, onde se procura a Partícula de Deus, para os amigos, o Bosão de Higgs) custou um balúrdio tão grande que, em termos latos, chegava para matar a fome a toda a gente e animais do mundo durante um ano. E nem o podemos ver porque está enterrado no chão.

Para além de ser o maior (em perímetro mede 27 km) e mais complexo aparato que alguma vez nos lembrámos de fazer, quando avaria (sim já avariou), é um pincel de 6 meses repara-lo.

Com folhas de graphene em campo basta fazer outra com um pedaço de fita-cola e um lápis (é mesmo verdade, é uma das maneiras de fazer "raspas de graphene").

Vídeo faça você mesmo:


Agora podemos (nós a humanidade) passar mais tempo à procura da tal partícula uma vez que, em breve, passará a ser necessário menos tempo para as outras experiências que lá se realizam.

Aplicações do graphene no nosso quotidiano:


Em breve veremos surgir aplicações deste material revolucionário em vários planos do nosso quotidiano.

Por exemplo, dadas as suas propriedades anti-bacterianas (é impermeável a gases e líquidos) pode ser utilizado na embalagem de alimentos fazendo com que estes durem mais tempo. É transparente pelo que o consumidor continuará (ou passará) a ver o produto que está no interior.

Este vídeo mostra água sobre nanotubos de carbono (graphene enrolado) com todo o esplendor da câmara de alta velocidade:


fonte: Expresso

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