Análise de dados de colisão realizada no ano passado prova que a Lua não é uma rocha ressecida
Quando a Nasa abriu um buraco na Lua no ano passado, em busca de água, cientistas não imaginaram que encontrariam tanto. Novos resultados revelam uma enorme quantidade de água libertada pela explosão no fundo de uma cratera onde o Sol nunca brilha: 155 litros de gelo e vapor.
Região lunar, próxima do polo sul, atingida pelo impacto da Lcross
Isso pode não soar muito - é mais ou menos o consumo de uma lavagem de roupas numa máquina - mas é quase o dobro do que os investigadores tinham estimado inicialmente e muito mais do que tinham esperado encontrar.
A estimativa representa apenas o que os cientistas puderam ver na pluma de destroços levantada pela colisão em alta velocidade perto do polo sul lunar, ocorrida em Outubro de 2009.
O cientista-chefe da missão, Anthony Colaprete, estima que pode haver 4 mil milhões de litros de água na cratera atingida - o suficiente para encher 1.500 piscinas olímpicas.
"Impactamos um lugar bem húmido", disse Colaprete, acrescentando que pode haver muito mais crateras assim perto dos polos lunares.
A prova de que a Lua é dinâmica e não um mundo seco e desolado oferece esperança para uma possível futura base de astronautas, onde a água local poderia ser usada para beber ou no fabrico de combustível.
O entusiasmo dos cientistas é moderado pelo facto político de que não há planos de levar seres humanos à Lua no futuro próximo.
A missão de US$ 79 milhões (apróx. 57 milhões de Eur) conhecida como Satélite de Sensoriamento e Observação de Cratera Lunar, ou Lcross, foi lançada para determinar se haveria água nos polos da Lua. Naves anteriores haviam produzido indícios nesse sentido.
A missão envolveu o arremesso de um foguete vazio contra a cratera Cabeus. A colisão abriu um buraco com um quatro do tamanho de um campo de futebol.
Uma outra nave mergulhou na nuvem de destroços levantada pela colisão e usou seus instrumentos para analisar sua composição, antes de também atingir a Lua.
Além de água, a nuvem continha ainda monóxido de carbono, dióxido de carbono, amónia, sódio, mercúrio e prata. As descobertas estão descritas na edição desta semana da revista Science.
Como essa sopa de componentes foi parar em Cabeus, um dos lugares mais gelados do Sistema Solar, é incerto. Uma teoria é de que eles vieram de cometas e asteroides.
O cientista Kurt Rethford acredita que a descoberta de mercúrio pode representar um risco para a saúde de futuros astronautas.
Mas Colaprete acredita que há meios de contornar o dilema do mercúrio. "da mesma forma que usamos filtros na Terra para garantir que nossa água potável esteja limpa, faremos o mesmo na Lua. Podemos destilá-la e purificá-la", disse ele.
Astronautas do programa Apollo haviam encontrado traços de ouro e prata em amostras da face da Lua voltada para a Terra. Os sinais de prata na cratera "não vão começar uma corrida da prata para a Lua", disse o geólogo Peter Schultz, quye analisou a pluma de destroços.
fonte: Estadão
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