O Pithys albifrons é uma das espécies a reaparecer
Algumas aves consideradas extintas há já duas décadas estão, nos últimos quatro anos, a regressar ao seu habitat natural. Os cientistas garantem que o combate à desflorestação pode ajudar a recuperar a biodiversidade em todos os ecossistemas, segundo um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (INPA) e da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos.
O trabalho faz o ponto da situação sobre os impactos da desflorestação nas populações de aves que viviam na região durante 25 anos, e concluiu que 97 das 101 espécies de aves estudadas pelos cientistas já regressaram a pelo menos um fragmento da floresta que costumavam habitar antes da desflorestação. Desta forma, fica provado que a Amazónia tem a capacidade de recuperar a sua biodiversidade, se a mão “negativa” do homem terminar.
Este estudo avança ainda que o processo de recuperação da biodiversidade pode acontecer não só na Amazónia como em qualquer ecossistema do mundo com matas tropicais, desde que sejam feitos esforços para melhorar a acção do Homem nestas regiões.
Desde o início da década de 1980, os investigadores do INPA centraram a sua atenção, em 11 fragmentos da floresta, numa extensão entre um a cem hectares, perto de Manaus. Este estudo analisou apenas as espécies de ave do sub-bosque, ou seja, que voam a uma altura intermédia.
Algumas destas áreas funcionam como “ilhas de floresta” para receber actividade agro-pecuária, existindo porque, para autorizar a desflorestação, exigia-se que os produtores mantivessem um pedaço da mata nativa.
Os cientistas monitorizam aves e as áreas que estas habitavam antes de as árvores serem derrubadas. As medições são realizadas a cada sete anos. No primeiro ano, após a desflorestação, a maioria das espécies desapareceu desses fragmentos. Algumas migraram para outras regiões, enquanto outras acabaram por perecer. Por fim, aconteceu o que os cientistas chamam de extinção local: as aves desapareceram completamente daquelas áreas. As perdas de espécies variaram conforme o nível de cobertura florestal.
Com o tempo, a actividade agro-pecuária desacelerou e a floresta voltou a crescer e a recuperar o seu meio envolvente. O trabalho vem publicado na revista especializada PLoS One.
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