As ruínas de Sabratha poderão estar em risco de desaparecer, alerta UNESCO
Directora-geral apela à protecção dos bens culturais "neste período de transição".
Ao contrário do que aconteceu no Egipto, onde várias obras de arte e sítios arqueológicos foram roubados e destruídos durante os tumultos que levaram à queda de Hosni Mubarak, na Líbia ainda não existem notícias de bens culturais danificados ou saqueados. Mas a UNESCO já lançou o alerta e teme pela segurança do património líbio.
Irina Bokova, directora-geral da agência da ONU, pediu aos líbios e a todos os envolvidos no mercado internacional de arte antiga para ficarem atentos e protegerem o património, tendo em conta os últimos acontecimentos no país.
"O património de uma nação é essencial para a capacidade de os seus cidadãos preservarem a sua identidade e auto-estima, de aproveitarem a sua diversidade e história para construírem um melhor futuro", escreveu Bokova em comunicado, pedindo a todos que salvaguardem e lutem contra as pilhagens.
A responsável sublinhou que o período de combates é propício ao aparecimento de "pessoas sem escrúpulos" que põem em risco a integridade de peças de arte e complexos arqueológicos. "A experiencia mostra-nos que há um sério risco de destruição."
A Líbia tem cinco bens inscritos na lista do Património Mundial da UNESCO, consideradas as cinco jóias do país. A cidade romana de Leptis Magna, as ruínas de Sabratha, as da cidade de Cirene, a antiga cidade desértica de Ghadames, assim como as pinturas rupestres de Tadrart Acacus, com 14 mil anos, podem estar em risco de desaparecer.
Apesar de o apelo da UNESCO só surgir agora, os especialistas há muito tempo que acusam o regime de Khadafi de negligenciar os bens arqueológicos, defendendo que, ao investir prioritariamente na indústria do petróleo, o coronel remeteu para último plano a herança cultural do país, que se tem vindo a degradar.
Para Irina Bokova, estes lugares poderão ter um papel crucial no desenvolvimento do país depois desta fase de transição. A Líbia deverá aproveitar o seu património e os seus monumentos para atrair um novo número de turistas. A responsável mostrou-se ainda disponível para elaborar um plano de protecção do património "logo que seja possível".
fonte: Público
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