Além de intrigar, algumas imagens revelam vários mecanismos neurais envolvidos na visão
As ilusões são provocadas pelo descompasso entre realidade física e percepção. Para complicar, esta última é flexível e reflete o estado psicológico. Isso equivale a dizer que se você estiver cansado, fraco, assustado ou sobrecarregado, sua avaliação em relação a quanto é de facto íngreme uma subida, por exemplo, será modificada – mesmo que os olhos mostrem uma pequena inclinação, prevalecerá a impressão de que o esforço necessário para cumprir o trajeto será maior. É assim que funcionamos.
Quando observamos uma ilustração ou mesmo uma obra de arte, inúmeros “eventos neurais” eclodem em nossa cabeça – e essa experiência subjetiva mediada pelos sentidos pode trazer equívocos sensoriais – e consequentemente cognitivos. Por isso vemos cores e imagens “inexistentes” (ou deixamos de ver o que está à nossa frente). Uma das ilusões mais frequentes é a do contorno ilusório: percebemos uma figura somente porque nosso cérebro atribui uma forma a um campo de dados muito esparso. O neurocientista Rüdiger von der Heydt, - investigador do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, mostrou que esses contornos são processados em neurónios dentro de uma área do cérebro chamada V2, dedicada à visão. O mais curioso é que boa parte de nossa experiência quotidiana é formada por efeitos análogos de preenchimento de espaços vazios, pois aproveitamos o que conhecemos do mundo para imaginar o que não conhecemos. Isso se dá porque o sistema nervoso procura construir objectos completos a partir de percepções visuais mal definidas, daí ser tão fácil vermos rostos e outras figuras em manchas de tinta e em paisagens, por exemplo.
fonte: Mente Cérebro
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