quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Cientistas dizem que há menos provas da existência da 'partícula de Deus'


Cientistas internacionais que tentam identificar o bosão de Higgs, o maior enigma da física moderna, indicaram que a evidência da existência desta partícula elementar, também conhecida como a "partícula de Deus" e que supostamente concede massa aos objectos, está cada vez mais ténue.

"Neste momento, não vemos qualquer evidência do bosão de Higgs na região de baixa massa na qual é provável que esteja", afirmou na segunda-feira o físico Howard Gordon, vice-director do programa de operações americano, Experiência ATLAS.

A Experiência ATLAS é um dos cinco detectores de partículas (junto a ALICE, CMS, TOTEM e LHCb) no Grande Colisor de Hadrões (LHC), o novo acelerador de partículas do Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear (CERN) na Suíça.

Em busca da partícula

Em julho, os físicos anunciaram numa conferência europeia que uma das experiências do LHC havia resultado em provas promissoras sobre a presença do bosão de Higgs, num momento em que a busca para identificar esta partícula entrava na reta final, com resultados esperados para o final de 2012. Caso exista, o bosão de Higgs, às vezes descrito como a "partícula de Deus" porque é um mistério e, ao mesmo tempo, uma potente força da natureza, representa a última peça do Modelo Padrão da Física.

Gordon disse à AFP que os indícios de julho, que já eram pouco significativos, agora "são ainda menos significativos". No entanto, os físicos não estão dispostos a descartar a possibilidade de que o bosão de Higgs exista, e o acelerador de partículas ainda deve examinar uma grande quantidade de dados na frequência baixa do espectro.

"Creio que sempre foi uma possibilidade que o bosão de Higgs não exista, mas não creio que estejamos prontos para afirmar isso neste momento", afirmou.

Uma declaração que resume os dados mais recentes, foi difundida numa conferência em Mumbai, na Índia, indicando que as experiências "ATLAS e CMS excluíam com uma certeza de 95% a existência de um bosão de Higgs na maior parte da região de massa 145 a 466 GeV".

O director de pesquisas do CERN, Sergio Bertolucci, disse que os cientistas esperam saber mais sobre a existência dessa partícula elementar no próximo ano. "Se o bosão de Higgs existe, as experiências do LHC logo o encontrarão. Se as experiências não o encontrarem, sua ausência indicará o caminho de uma nova física", explicou Bertolucci.

O LHC, situado perto de Genebra, Suíça, foi criado para fazer a aceleração dos protões quase na velocidade da luz e depois destruí-los em laboratórios onde os detectores registam seus agitados restos subatómicos. O processo alcança temperaturas 100 mil vezes mais altas que as do Sol, emulando fugazmente as condições que prevaleceram nas frações de segundo depois do "Big Bang", que criou o Universo há 13,7 biliões de anos.

"Seja qual for o veredicto final sobre o bosão de Higgs, estamos a viver tempos muito emocionantes para todos os envolvidos na busca de uma nova física", concluiu o porta-voz do CMS, Guido Tonelli. O CERN e a discussão sobre a "partícula de Deus" foram recentemente tema da trama do livro "Anjos e Demónios", de Dan Brown, posteriormente levado ao cinema.

fonte: terra

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