quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Hienas capazes de contar


Capacidade sugere que a inteligência desses animais evoluiu para manter o controle de interações sociais em grandes grupos

Hienas podem contar até três. Investigadores emitiram chamadas gravadas para esses sagazes carnívoros e descobriram que as hienas selvagens manchadas (Crocuta crocuta) responderam de formas diferentes, dependendo de ter ouvido um, dois ou três sons, individualmente.

O resultado acrescenta a avaliação numérica para a lista de habilidades cognitivas que hienas podem compartilhar com primatas e reforça a ideia de que viver em grupos sociais complexos – como os primatas e as hienas fazem – é a chave para a evolução de grandes cérebros.

Sarah Benson-Amram, zoóloga da Michigan State University, em East Lansing, e outros investigadores emitiram gravações de chamados de hiena a membros de dois clãs de hienas na Masai Mara National Reserve, no sudoeste do Quénia. As gravações foram feitas na Tanzânia, Malawi e Senegal; por isso os chamados eram desconhecidas para os clãs do Quénia e teriam sido interpretadas como pertencentes a invasores em potencial.

As gravações de cada local consistiram em três chamados de hienas, a partir de um, dois ou três animais diferentes. Em 39 estudos envolvendo momentos de descanso de animais adultos – principalmente do sexo feminino e desacompanhados –, Benson-Amram mediu quão vigilantes os animais se tornaram, enquanto as gravações passavam, comparando a quantidade de tempo em que transitavam em frente ao alto-falante com a quantidade de tempo em que ficavam olhando para longe ou descansando.

Embora algumas fêmeas tenham se tornado igualmente atentas em resposta a todas as gravações, a maioria dos animais fez a distinção entre invasores de um, dois ou três animais, aumentando a atenção conforme aumentava o número de chamadas que ouviam. A descoberta foi publicada no Animal Behaviour.

Uma habilidade similar já fora demonstrada anteriromente entre leões (Panthera leo), chimpanzés (Pan troglodytes) e macacos bugio preto (Alouatta pigra). Mas, na maioria desses estudos, as chamadas foram emitidas de uma só vez, razão pela qual os animais puderam simplesmente ter respondido à quantidade total de ruídos no coro.

Para evitar isso, Benson-Amram reproduziu consecutivamente as chamadas – tanto repetindo a mesma como misturando sons de dois ou três indivíduos. Para ter ideia de quantos adversários estavam enfrentando, as hienas ouvintes não apenas deveriam se lembrar de quantas chamadas soaram de um modo geral, como também tiveram de reconhecer se já tinham ouvido cada indivíduo particular antes.

Michael Wilson, antropólogo da University of Minnesota que realizou estudo anterior com os chimpanzés, descreve o trabalho como “sofisticado” e diz fazer sentido que as hienas sejam tão hábeis com números. “Suas vidas dependem de defender territórios no grupo e manter o controle de quantos rivais enfrentam”, diz ele. “Você não quer começar uma luta com seus vizinhos se estiver em desvantagem.”


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