quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cobra de 1,70 metros encontrada numa caixa abandonada em Cascais


Magra e debilitada, a cobra está em recuperação num parque zoológico

Imaginem o susto: abrir uma caixa de plástico abandonada numa zona urbana e encontrar lá dentro uma cobra de quase dois metros de extensão, dessas que se enrolam à sua presa e esmigalham-lhe os ossos. Foi o que aconteceu domingo a um grupo de desportistas que praticava paint ball em Alcabideche, concelho de Cascais.

Uma caixa de plástico junto às instalações abandonadas de uma antiga fábrica de meias chamou-lhes a atenção. Quando um dos elementos do grupo aproximou-se do recipiente, lá estava uma enorme pitão albina (Phyton molurus bivittatus). “A pessoa deu um valente salto para trás”, contou ao PÚBLICO o sargento Marco Robalo, do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, que tomou conta da ocorrência, depois de alertado através da linha SOS Ambiente.

Ninguém sabe como a cobra foi lá parar. A pitão albina é uma variante da pitão-de-Burma, originária do Sul e Sudoeste asiático. Criada também em cativeiro, não é bicho que não se veja por aí. Mas não é um animal fácil de criar e manter, sobretudo quando atinge a sua dimensão adulta. A pitão de Alcabideche tem 1,70 metros de comprimento e cerca de 15 a 20 quilos de peso, segundo o sargento Robalo.

Abandonada, poderia ter-se escapado, provavelmente semeando mais sustos por onde passasse – apesar de não ser venenosa. “Foi uma atitude inconsciente a de quem pôs o animal naquela caixa”, lamenta o militar da GNR. 

A cobra foi recolhida e entregue ontem ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB). No mesmo dia, o ICNB contactou o Monte Selvagem, um parque zoológico em Lavre, no Alentejo, onde vivem 300 animais, de 70 espécies diferentes, para acolher a cobra.

Colocada num espaço próximo de onde está outra cobra da mesma espécie, a pitão de Alcabideche está agora em fase de recuperação. “Não estava em boas condições, estava magra, debilitada”, afirma Ana Paula Santos, directora do Monte Selvagem.

O parque zoológico costuma acolher animais abandonados ou confiscados em Portugal ou provenientes de uma organização holandesa – a AAP-Santuário Europeu de Espécies Exóticas – que trabalha sobretudo com primatas apreendidos. É daí que vem uma família de dez macacos-rabo-de-porco, uma espécie ameaçada de extinção e que agora vive no Monte Selvagem, em pleno montado alentejano.

Centenas de animais comercializados ilegalmente são apreendidos todos os anos em Portugal – de 577 em 2003 a 318 em 2008. Muitos são identificados pelo SEPNA em lojas ou feiras. Serpentes não são invulgares, mas o que sobretudo aparece são espécies autóctones, que já cá vivem, como a cobra-rateira. Uma pitão como a de Alcabiche já é outra história. “É muito incomum”, diz o sargento Robalo.

fonte: Público

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