quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fukushima. Um milhão de pessoas podem morrer com as fugas radioactivas


Cientistas voltam a falar em desastre pior que Chernobyl. Famílias de Fukushima vão hoje buscar pertences às suas casas onde, muito provavelmente, nunca mais voltarão

As pessoas que viviam na zona evacuada em torno da central nuclear de Fukushima foram autorizadas a ir hoje às suas casas recolher alguns bens e verificar se está tudo bem com as propriedades. É a primeira vez que às cerca de 20 mil famílias é permitido voltar pelos seus meios à zona que o governo japonês interditou depois do sismo e tsunami de 11 de Março terem danificado a central nuclear de Fukushima. Nas visitas anteriores os residentes foram transportados até à zona em autocarros e sob inúmeras restrições. 

Muitos deles sabem que nunca mais poderão voltar a morar ali. Após ter divulgado várias informações contraditórias e falsas esperanças, o governo japonês, muito criticado pela forma como tem lidado com as consequências do acidente, admitiu na semana passada que a zona evacuada não poderá ser habitada pelo menos durante uma geração. "Não podemos descartar a possibilidade de que vá haver algumas áreas onde será difícil durante muito tempo os residentes regressarem às suas casas. Lamentamos muito", afirmou o porta-voz do governo, Yukio Edano. 

De acordo com Hiroyuki Wada, membro do governo envolvido na resposta à crise, citado pela Bloomberg, foi pedido às pessoas que entrassem na área aos pares para uma visita de quatro horas e foi-lhes dito que a Tepco, empresa responsável pela gestão da central nuclear, lhes forneceria equipamento adequado, tal como fatos de protecção e dosímetros (aparelhos que servem para medir as doses de radiações radioactivas). Segundo Satoshi Ohsumi, do centro de resposta de emergência da Agência para a Segurança Nuclear e Industrial do Japão, antes do desastre viviam cerca de 78 mil pessoas na zona evacuada de 20 quilómetros de raio em torno da central.

Vários cientistas defendem que a situação é pior do que a provocada pelo acidente de Chernobyl em 1986. Ambas as catástrofes partilham o nível sete (máximo) na escala de desastres nucleares, no entanto, a física australiana e activista Helen Caldicott garante que em Fukushima os "horrores ainda estão por chegar". De acordo com o "The Independent", outro defensor desta visão mais alarmista é Chris Busby, professor na University of Ulster, que no mês passado gerou uma grande controvérsia quando afirmou, durante uma visita ao Japão, que o acidente ia resultar em mais de um milhão de mortes devido às fugas de material radioactivo. "Fukushima ainda tem a ferver os seus radionuclídeos [átomos com núcleos instáveis, que emitem radiação] para todo o Japão", afirmou. "Chernobyl aconteceu de uma só vez. Por isso Fukushima é pior", acrescentou.

"A verdade é que não temos dados suficientes para fornecer informações rigorosas sobre o impacto a longo prazo" defende, Tim Mousseau, cientista que passou mais de uma década a investigar o impacto de Chernobyl na genética."O que podemos afirmar no entanto é que é muito provável que exista um impacto significativo a longo prazo na saúde devido à exposição prolongada", explicou, acrescentando que muitas pessoas em Fukushima estão a "enterrar a cabeça na areia".

fonte: Jornal i

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