A estrela do mar conhecida por Ophidiaster ophidianus foi uma das muitas espécies identificadas pelos mergulhadores durante a expedição
Biodiversidade. A última campanha da Estrutura de Missão dos Assuntos do Mar trouxe informação abundante sobre a biodiversidade do Oceano Atlântico sob jurisdição portuguesa.
Dentro de seis meses, os cientistas, os estudantes e a população em geral poderão ter acesso online a uma vasta base de dados sobre a biodiversidade dos nossos mares. Chama-se M@rbis, é um sistema de informação georreferenciada e o seu principal objetivo é fornecer as informações necessárias para concretizar os compromissos nacionais relativos ao processo da UE de extensão da Rede Natura 2000 (rede de conservação de habitats) ao meio marinho, nas águas sob jurisdição portuguesa.
Os primeiros resultados da última expedição realizada aos mares da Madeira e dos Açores com o objetivo de enriquecer o M@rbis já são conhecidos e apontam para a identificação de mais de 500 espécies animais e vegetais durante os 40 dias que durou a iniciativa (de 15 de junho a 25 de julho). Esta identificação inclui a fonte, a localização (ponto GPS), a classificação por família, género e espécie, a profundidade, o tipo de sedimento associado, o sexo, o número de indivíduos avistados, se estavam em época de reprodução, e muitas outras informações.
Ouriço ameaça Desertas
Os dados recolhidos são muito ricos em informação, mas os biólogos da expedição foram surpreendidos nas águas das ilhas Desertas, onde a biodiversidade é muito menor do que esperavam, devido à infestação da diadema, um ouriço do mar que limpa todas as algas que encontra à sua volta, deixando as pedras nuas no fundo do oceano. "Era extremamente útil que houvesse uma campanha de erradicação semelhante à que foi desenvolvida nas Canárias, baseada na recolha de diademas para alimentação", sugere Mónica Albuquerque, assessora para a biodiversidade da Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar (EMAM).
A expedição, organizada pela EMAM (do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território), Câmara Municipal do Funchal, Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e Governo deste arquipélago, levou no navio "Creoula" 188 pessoas - incluindo 70 cientistas nacionais e estrangeiros - às ilhas Desertas e a Porto Santo (Madeira) e aos ilhéus das Formigas (perto da ilha de Santa Maria, Açores). O levantamento da biodiversidade foi feito com mergulhadores - até aos 35 metros de profundidade - e com um Lander, um aparelho desenvolvido pela Universidade dos Açores que transporta equipamentos até ao fundo do mar - entre os 35 e os 100 metros.
Nuno Lourenço, coordenador do Gabinete de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da EMAM, afirmou ao Expresso que "o objetivo último do M@rbis é abrir a sua base de dados à comunidade científica e a toda a população". O que passa "pela realização de campanhas de grande porte como a que foi organizada na Madeira e nos Açores, que permitem reunir esforços em áreas mais remotas, e de campanhas de médio porte em zonas costeiras e usando embarcações mais pequenas".
Nesse sentido estão previstas expedições às Berlengas (ainda em 2011) e a dois sectores da costa do Sudoeste Alentejano, em frente da Área Protegida desta região. "Mas só com campanhas é complicado cobrir toda a biodiversidade marinha", admite Nuno Lourenço, acrescentando que a solução passa "por envolver toda a comunidade neste processo". Por isso a EMAM tem um projeto para 2012: "Criar uma espécie de Wikipédia do M@rbis, que envolva a participação da comunidade científica, dos estudantes universitários, do pessoal das escolas de mergulho, em que a informação colocada online seja validada por especialistas, revertendo depois para a base de dados".
Descoberta de novas espécies?
Entretanto, a expedição poderá ter descoberto novas espécies. "Não conseguimos identificar algumas das espécies recolhidas e os peritos a quem pedimos ajuda também não", revela Estibaliz Berecibar, outra assessora para a biodiversidade da EMAM. "Agora, só com uma investigação demorada com base na comparação e na genética poderemos chegar a uma conclusão".
70
cientistas nacionais e estrangeiros estiveram na expedição, que teve um total de 188 participantes. Participaram oito universidades: Algarve, Aveiro, Porto, Açores, Lisboa, Évora, Coimbra e Vigo.
fotos subaquáticas e na zona entre marés (intertidal) foram tiradas nos mares da Madeira e dos Açores.
mergulhos e 261 horas debaixo de água foram necessários para tirar essas fotos. Havia quatro equipas de mergulho e cada uma era composta por três duplas de mergulhadores. Fizeram-se também 5016 registos de biodiversidade em toda a expedição.
fonte: Expresso
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