Não foram apenas os metais preciosos que chamaram a atenção dos conquistadores espanhóis nas Américas. Uma tribo hoje extinta, a pericu, também mereceu alguns registos.
O crânio de seu povo, notavelmente mais longo e estreito do que o normal, intriga seus visitantes desde o século XVI.
Quinhentos anos depois, a ciência acredita que aqueles índios são a prova de que os primeiros habitantes daquele continente podem não ter chegado pelo Estreito de Bering, que separa a Rússia do Alasca. Em vez disso, teriam vindo de barco pelo Oceano Pacífico.
A data em que surgiu a tribo é um mistério; acredita-se que pode ter sido há mais de 5 mil anos. Os pericus instalaram-se na península mexicana de Baixa Califórnia, colada ao Pacífico, onde ficaram até sua extinção, há 200 anos.
— Os pericus já estavam instalados ali quando ocorreu a formação de um deserto no meio da península, o que os isolou do resto do mundo — explica a bióloga mexicana Cristina Valdiosera. — Esta barreira geográfica pode ter servido, também, para que eles conservassem o genoma dos paleoíndios, os primeiros ocupantes das Américas.
Investigadora do Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague, Cristina comparou a anatomia dos pericus a 80 esqueletos de diversos outros indígenas americanos, de diferentes origens.
As semelhanças foram maiores com os índios de Lagoa Santa — a mais antiga ocupação humana conhecida no continente, localizada em Minas Gerais — do que com qualquer tribo contemporânea. Vem de Lagoa Santa, a mais antiga datação já obtida, a do esqueleto chamado de Luzia, de 11 mil anos.
Agora, ela quer ver se os resultados são os mesmos quando o objecto de estudo são os sequenciamentos genéticos.
— Temos ossos e dentes de 30 pericus, mas é difícil extrair o ADN mitocondrial dessas peças — conta. — São muito facilmente contaminadas com o ADN de outros povos, como os europeus, que manipularam esses objectos antes de nós.
Se a nova etapa da pesquisa chegar à mesma conclusão que a primeira, os pericus terão sido os últimos paleoíndios extintos do continente.
O que poria ainda mais lenha num debate tradicionalmente inflamado, aquele que tenta diagnosticar por onde o homem chegou às Américas.
— Seria, assim, mais uma ocupação de destaque dos homens mais antigos das Américas, assim como Lagoa Santa, em Minas Gerais. Mas elas são muito separadas uma da outra — ressalta Cristina. — Por onde, então, o homem chegou ao continente? Ainda não sabemos esta resposta.
fonte: Extra Online
Sem comentários:
Enviar um comentário