Partícula elementar da matéria, fantasma ou camaleão, o neutrino pode estar um milhão de vezes mais presente no universo do que cada um dos constituintes dos átomos, mas continua a ser incrivelmente difícil de detectar.
O neutrino, que desde os anos 1960 intriga os físicos, é desprovido de carga elétrica, o que lhe permite atravessar paredes. A cada segundo, 66 mil milhões das suas partículas fantasmagóricas atravessam o equivalente a uma unha humana. No entanto, um neutrino emitido pelo Sol tem apenas uma hipótese em cem milhões de chegar à Terra.
Emitidos pelas estrelas e pela atmosfera, os neutrinos podem ser criados pela radioatividade dita beta, como a das centrais nucleares. Assim que um protão se transforma num neutrão (eletricamente neutro) ou um neutrão se transforma num protão, esta mutação sucede acompanhada pela emissão de um eletrão negativo ou positivo e de um neutrino (ou de um anti-neutrino).
O comportamento destas partículas impercetíveis interessa muito aos cientistas, uma vez que permite explicar por que é que o mundo é maioritariamente constituído por matéria e não por anti-matéria, uma vez que as duas deveriam existir em quantidade equivalente depois do 'Big Bang'.
A observação das "oscilações" de neutrões, que por vezes se transformam com outras formas, é também um elemento fundamental para a Física. Isto porque, para oscilarem, estas partículas devem ter uma massa, o que foi cientificamente estabelecido em 1998, depois de 30 anos de investigação.
"A existência de um modelo que possa explicar por que é que o neutrino é tão pequeno, sem se desvanecer, terá profundas implicações na compreensão do nosso universo, de como ele era, como evoluiu e como eventualmente morrerá", afirmou Antonio Freditado, físico do Instituto Italiano de Física Nuclear.
O Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS, na sigla em francês), em França, anunciou quinta-feira que os neutrinos foram medidos a uma velocidade que ultrapassa ligeiramente a velocidade da luz, considerada até agora como um "limite intransponível".
Caso seja confirmado por outras experiências, este "resultado surpreendente" e "totalmente inesperado" face às teorias formuladas por Albert Einstein, poderá abrir "perspectivas teóricas completamente novas", sublinha o CNRS.
As medições efectuadas pelos especialistas desta investigação, a que se chamou Opera, concluíram que um feixe de neutrinos percorreu os 730 quilómetros que separam as instalações do Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN), em Genebra, do laboratório subterrâneo de Gran Sasso, no centro de Itália, a 300.006 quilómetros por segundo, ou seja, uma velocidade superior em seis quilómetros por segundo à velocidade da luz.
fonte: DN
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