Os mitos que existem sobre o orgasmo são na verdade sobre o orgasmo feminino, como o múltiplo ou o simultâneo entre os parceiros, fenómenos que criam expectativas difíceis de atingir e podem criar insatisfação ou ansiedade.
Em declarações à Agência Lusa, o sexólogo Nuno Monteiro Pereira explicou que os mitos que existem sobre o orgasmo têm essencialmente que ver com o orgasmo feminino e não com o masculino, nomeadamente a capacidade multiorgásmica da mulher, um fenómeno verificado em algumas mulheres, mas longe de ser universal.
"Há muitas mulheres que não só não conseguem ter orgasmos múltiplos, como nem sequer conseguem ter um orgasmo e depois também há outro mito relacionado com isso que é o orgasmo simultâneo com o do parceiro", referiu à Lusa o especialista.
Nuno Monteiro Pereira adiantou que os dois parceiros terem um orgasmo ao mesmo tempo não é fácil de ocorrer e tentar o orgasmo simultâneo ou o múltiplo pode gerar alguma ansiedade que gera "a própria disfunção".
"As expectativas acabam por não ser muito realistas, isto é, havendo esse mito, e os mitos geram exactamente expectativas irrealistas, pode determinar, tanto por parte da mulher, como por parte do homem, tentativas de atingir essa circunstância, que depois não é possível de atingir e, não sendo possível, pode gerar alguma insatisfação ou ansiedade", explicou o sexólogo.
Monteiro Pereira adiantou que homens e mulheres têm em comum o facto do orgasmo ser um fenómeno cerebral que tem depois uma expressão diferente. "A disfunção orgásmica é praticamente inexistente nos homens, sendo que praticamente todos os homens têm orgasmo. Pode haver disfunções ejaculatórias, mas falta de orgasmo os homens praticamente não têm, é menos de um por cento de probabilidade", revelou.
Já em relação às mulheres, "a falta de orgasmo ou de capacidade orgásmica é muito elevada e, por exemplo, 10 por cento das mulheres nunca tiveram nem vão ter um orgasmo, o que determina também que há muitas mulheres que na maior parte das suas relações sexuais não atingem orgasmo".
O especialista apontou, no entanto, que há mulheres que têm orgasmos quase masculinos, ou seja, "fáceis de atingir, constantes, e até de intensidade semelhante à masculina".
Ainda assim, apontou, a mulher precisa de mais ambiente, envolvência e contexto para ter uma satisfação sexual que possa levar ao orgasmo. "E é isto que custa ao homem entender, que é a mulher ter uma relação sexual em que não tem orgasmo e, contudo, achar que essa relação sexual foi satisfatória", sublinhou.
Monteiro Pereira lembrou que durante muito tempo o "egoísmo masculino" levou a que os homens não se preocupassem com a satisfação da mulher, situação que se alterou a partir do momento "em que começou a haver influências externas, como a comunicação social, a gerar os tais mitos".
"O homem passou a estar preocupadíssimo não com o seu orgasmo, porque com esse não tem problemas, mas com o orgasmo da mulher e às vezes passa o tempo da relação sexual toda a tentar atrasar o seu orgasmo numa tentativa de que a mulher também tenha orgasmo", adiantou.
O Dia Mundial do Orgasmo assinala-se no domingo, dia 31 de Julho, e segundo informação disponível na Wikipédia foi informalmente criado em Inglaterra por uma rede de "sex-shop".
fonte: DN
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