Arqueólogos espanhóis procuram restos mortais de Miguel de Cervantes
Um grupo de investigadores históricos e arqueólogos vão iniciar uma busca pelos ossos do autor de “Dom Quixote”, Miguel de Cervantes, num mosteiro em Madrid, onde os seus restos mortais foram depositados em 1616, não se sabendo exactamente em que parte do monumento. A iniciativa, que permitirá reconstruir o rosto do escritor, até agora só conhecido através de uma pintura do artista Juan de Jauregui, conta com o apoio da Academia Espanhola e o aval do arcebispado espanhol.
A descoberta e consequente análise das ossadas do autor espanhol poderão ainda ajudar os investigadores a determinar as causas da morte de Cervantes, que se acredita que tenha morrido de cirrose a 22 de Abril de 1616, aos 69 anos. “Os ossos vão-nos ajudar não só a descobrir como é que ele era [fisicamente], mas também como morreu”, disse ao “The Guardian” o historiador envolvido no projecto Fernando Prado.
Nesta busca, o grupo de investigadores e arqueólogos recorrerá à utilização de um georadar que permitirá procurar com mais exactidão entre as paredes e o subsolo do mosteiro madrileno, que fica entre a rua Huertas e a Lope de Vega. Através de sinais radioeléctricos, o aparelho localizará possíveis vestígios materiais, a partir dos sinais específicos que os objectos emitem, com diferente intensidade e mensurabilidade. Ao “El País”, Luis Avial, especialista em georadar, exemplificou que “os ossos humanos emitem uma frequência 8 e a água uma frequência 1”.
O projecto começou a ser delineado há cerca de 18 meses, quando Luis Avial se juntou a Fernando Prado. Os dois começaram por procurar na história referências não só a Miguel de Cervantes como ao mosteiro, pertencente à Ordem Trinitaria, e que foi construído em 1609 e alvo de reconstrução em 1673.
Ao longo da história têm surgido várias teorias em relação à localização dos ossos do escritor espanhol. Num estudo realizado por Mariano Roca de Togores em 1870, lê-se que Cervantes terá sido enterrado nas imediações do mosteiro. Mas há ainda documentos que situam os ossos numa reentrância da parede junta à horta do monumento e outros que colocam o escritor dentro da igreja que existe no interior do mosteiro, onde está uma lápide que recorda o seu enterro e o da sua mulher, Catalina de Salazar.
Quando em 1673 o mosteiro sofreu a primeira reconstrução, os ossos terão sido mudados de lugar, segundo algumas referências históricas para um outro mosteiro ou convento, tendo voltado depois ao local inicial. Todas estas informações serão agora analisadas.
Fernando Prado espera apresentar os resultados do projecto até 2016, ano em que será comemorado o quarto centenário da morte de Miguel de Cervantes.
fonte: Público
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