Considerado "predador encurralado", por resistir a diversas armadilhas, fruto de conflitualidades com o homem, o lobo ibérico precisa de mais protecção, sendo necessário criar um plano de acção nacional para a sua conservação.
A ideia é defendida pelo biólogo Francisco Álvares, que segue o trilho desta espécie protegida há vários anos e que está a preparar uma tese de doutoramento sobre o lobo ibérico.
Em declarações à Lusa, Francisco Álvares afirmou que o lobo ibérico é uma espécie que "está bastante ameaçada" e é, porventura, aquela "com uma maior diversidade e complexidade de relações com o homem", pelo facto da sua "dieta se basear em animais domésticos".
O biólogo considera que há ainda muitos desafios pela frente para preservar esta espécie, defendendo que "é urgente" a elaboração de um Plano de Ação para a sua conservação, à semelhança do que existe para o lince ibérico.
"É preciso garantir-lhe alimento e espaço numa paisagem cada vez mais humanizada e fragmentada", disse, acrescentando ser ainda necessário "conseguir uma medida de coexistência com o homem".
Este último registo é, contudo, difícil de contornar, sendo que Álvares admitiu que, no Noroeste do país, em Bragança, apesar de existir "um efetivo pecuário razoável, existem populações de animais silvestres", o que faz com que o lobos "acabem por não gerar conflito".
Em declarações à Lusa, o presidente do Instituto de Conservação da natureza e Biodiversidade (ICNB), Tito Rosa, afirmou que "não está fora de hipótese desenhar" um plano de ação para o lobo.
"Temos vindo a acompanhar a situação", garantiu Tito Rosa, adiantando que o ICNB "está a aprofundar trabalhos para conhecer melhor quais as metodologias mais eficazes para diminuir a questão dos ataques" do lobo a animais.
O responsável adiantou ainda que estão a ser estudadas formas para que o pagamento das indemnizações aos pastores se proceda de "forma mais célere".
Já o espanhol Luís Llaneza, especialista em recursos naturais, que falou no Porto no âmbito do encontro ibérico sobre as "múltiplas perspetivas da relação homem-lobo", salientou que o conflito social permanecerá.
"Depois de tantos anos a trabalhar com lobos ainda não temos solução, porque não há uma varinha mágica para esta questão homem/lobo", frisou.
Adiantando que, na Península Ibérica, "os lobos estão já ao lado das casas, o que gera muito conflito", Llaneza disse que "o conflito social permanecerá e que a questão central agora é perceber se sabemos viver com este problema".
Na sua opinião, é preciso encontrar um consenso, porque existe o real problema da necessidade de conservação desta espécie.
De acordo com estudos recentemente desenvolvidos, disse, "o lobo está em cerca de 85 por cento da área da Galiza" e "pode viver em qualquer sítio, desde que haja alimento e que o homem não o provoque".
De acordo com dados do ICNB, o lobo ibérico terá sido responsável, em 2010, por 2.500 ataques a animais domésticos, o que acarretou indemnizações de 765 mil euros, mas esta espécie em vias de extinção também foi agredida pelo homem.
fonte: DN
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