quinta-feira, 19 de maio de 2011

Último refúgio do Neandertal pode ter sido perto do Árctico


Os utensílios encontrados no local arqueológico

Os últimos vestígios do homem de Neandertal datam de há cerca de 37 mil anos, depois da entrada da espécie humana no continente Europeu, que os levou à extinção. Mas uma equipa francesa descobriu agora vestígios de uma ocupação com 32 mil anos, em território que hoje pertence à Rússia, já perto do Árctico, que pode representar o último refúgio da espécie. A descoberta foi publicada esta semana na revista Science.

A equipa multidisciplinar que pertence ao Centro Nacional para a Investigação Científica da França estudou um sítio arqueológico de 550 metros quadrados chamado Bysovaya, que fica no Norte dos Urais. No local, foram encontrados diversos ossos de mamutes que foram caçados e utensílios de sílex característicos da cultura de mustierense.

Esta cultura está associada a utensílios encontrados nos sítios arqueológicos que datam entre os 300 mil e os 33 mil anos. “As pessoas desta cultura, com estes utensílios, viviam numa paisagem árctica durante uma altura em que a Europa tinha um clima muito, muito frio”, disse Ludovic Slimak à National Geographic, autor do estudo. Pelo contrário, naquela região, o clima não era tão frio, havia pastagens, e manadas de grandes herbívoros.

Na Europa, todos os locais mais antigos onde se encontraram ossos de Neandertal tinham utensílios da cultura mustierense. O Homem moderno que chegou à Europa utilizava utensílios mais avançados, mas no próximo Oriente já se encontraram utensílios da cultura mustierense associados a ossos da espécie humana. No artigo, os autores não negam a hipótese do local ter sido uma ocupação do Homem moderno.

“Tem que se ser muito cuidadoso ao inferir a espécie a partir da tecnologia, especialmente durante a transição para os humanos modernos”, disse à National Geographic, Erik Trinkaus, da Universidade de Washington, no Missouri. O cientista não fez parte do estudo.

Os vestígios de Neandertais mais próximos do novo local ficam mil quilómetros a sul. Por isso, se a descoberta pertencer mesmo à espécie extinta, será necessário reavaliar não só a história dos Neandertais como a sua geografia.

fonte: Público

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