domingo, 3 de outubro de 2010

EUA infectaram 1500 guatemaltecos com sífilis e gonorreia


Obama pediu desculpa por experiências com cobaias humanas nos anos 40

Os EUA pediram desculpas formais à Guatemala por terem realizado experiências nos anos 40, com cobaias humanas, em testes sobre os efeitos da penicilina, naquele que poderá ser um dos capítulos mais negros da História da Medicina. Nos estudos foram infectadas de propósito 1500 pessoas com doenças sexualmente transmissíveis, sífilis e gonorreia. Pelo menos um doente morreu.

O Presidente americano, Barack Obama, pediu ontem desculpa ao presidente da Guatemala, Alvaro Colom, que classificou o caso de "crime contra a Humanidade". A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que já na véspera falara com o Presidente guatemalteco, definiu as experiências como "claramente contra a ética".

Os testes foram realizados entre 1946 e 1948, usando cobaias escolhidas entre prostitutas, presos, soldados e doentes mentais. As experiências foram organizadas pelo Instituto Americano de Saúde e a organização pan-americana da saúde, portanto, com dinheiro público, e o Governo guatemalteco sabia do que se passava.

Estes testes com cobaias humanas teriam ficado no esquecimento se não fosse um acaso que levou uma professora de história da medicina no colégio de Wellesley, nos EUA, a desenterrar velhos documentos. Susan Reverby ficou chocada quando deparou com este caso desconhecido, tão grave como o famoso episódio Tuskagee (ver caixa), ainda hoje discutido nos EUA. Reverby estava exactamente a investigar o caso Tuskagee e encontrou documentos de um investigador, John Cutler, que esteve envolvido nas duas situações. Nos anos 40 ainda era comum fazer experiências sem o consentimento dos doentes e, na Guatemala, houve excesso de confiança nas propriedades da penicilina. Para mais, os cientistas tentaram provar que a sífilis podia ser "prevenida" com uso da penicilina, o que exigiu infectar de propósito as suas vítimas.


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