segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mulher condenada por bruxaria há 300 anos terá novo julgamento na Itália


Esboço da execução de Toldini do livro de Aldo Ripamonti I Brentonicani por Franco Ottaviani


O vilarejo de Bretoncino, no norte Itália, decidiu realizar um novo julgamento para um caso inusitado: o de uma mulher condenada e levada à fogueira há quase 300 anos por bruxaria.

Maria Bertoletti Toldini era uma viúva sem filhos de cerca de 60 anos quando foi acusada de diversos crimes, entre eles sacrilégio, heresia, adultério, destruição de um vinhedo, deixar terrenos inférteis, assassinatos, sodomia e de ter jogado uma criança de cinco anos num caldeirão de queijo fervente. 

Em 1716, ela foi decapitada e depois queimada numa fogueira, em público. 

Historiadores acreditam que entre 50 mil e 60 mil pessoas -- a imensa maioria, mulheres -- foram mortas no Europa sob a acusação de bruxaria entre o fim do século 15 e o início do século 18.

Sob tortura, as mulheres eram muitas vezes forçadas a confessar e a acusar outras mulheres do mesmo crime. 

Agora, autoridades locais querem usar o caso de Maria Toldini como uma maneira de abordar um período brutal da história europeia. 

Uma decisão do conselho que administra a cidade permitiu a reabertura de seu julgamento -- que terá, obviamente, um valor simbólico.

"Isso é tão importante agora quanto foi há 100 anos e quanto será daqui a 100 anos. Houve um assassinato que não foi justificado, que não deveria ter acontecido. Eles mataram uma pessoa com motivações que não existiam. Ela era inocente", afirmou o ministro da Cultura, Quinto Canali, um dos incentivadores do julgamento, segundo o jornal britânico "The Guardian".

O prefeito Christian Perenzoni concorda.

"Creio que haja aí um valor simbólico, em termos das mulheres. Essa foi injustiça histórica contra mulheres, (...) como há hoje, em formas distintas", afirmou, de acordo com o "Guardian". 

"Se você deixa algo passar que aconteceu há 300 anos, talvez você deixe passar algo que aconteceu agora. O passado é ontem, mas também é 300 anos atrás", argumentou. 

Críticos da iniciativa apontaram os altos custos para um julgamento sem resultados que considerem reais.

fonte: UOL

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