A NASA divulgou esta ilustração artística de astronautas em Marte.Fotografia © NASA/JSC
É a primeira vez que a agência espacial revela planos detalhados sobre como os humanos vão viver em Marte.
A agência espacial norte-americana, a NASA, revelou esta quinta-feira um relatório de 36 páginas em que explica quais os passos que planeia seguir para enviar seres humanos ao planeta Marte nos anos 2030, referindo mesmo os desafios envolvidos em criar uma colónia independente da Terra. O relatório é inédito no seu detalhe.
O documento de 36 páginas, divulgado para o público em geral, surge na antecipação de debates da NASA com o congresso dos Estados Unidos acerca da alocação do orçamento para a exploração espacial. Numa declaração que acompanhou a divulgação do relatório, o administrador da NASA Charles Bolden anunciou que os Estados Unidos estão "mais perto de enviar astronautas a Marte do que em qualquer outro momento da sua história", e afirmou ainda que esses planos vão ser debatidos com o congresso.
O relatório, intitulado, numa tradução livre, "A Viagem da NASA a Marte: Próximos Passos Pioneiros na Exploração Espacial", pode ser lido no site governamental da agência espacial, aqui. Nele, surgem descritos os muitos problemas práticos de enviar seres humanos para Marte, mas a NASA descreve-os como "ultrapassáveis". A viagem para Marte é "um objetivo alcançável", e embora requeira riscos, "a viagem vale esses riscos", lê-se no texto.
A agência divulgou esta imagem promocional do relatório. Fotografia © NASA
O plano da NASA divide-se em três fases, a primeira das quais já está em funcionamento. A fase inicial prende-se com a compreensão de como a saúde humana seria afetada pela exposição à radiação e outros perigos na longa viagem pelo espaço, que demoraria pelo menos três anos, e pela permanência no planeta Marte. Envolve ainda o desenvolvimento de sistemas de suporte de vida como a reciclagem de oxigénio e água que possam ser usados na nave espacial e na estadia do planeta - tudo isto está já a ser estudado, com a ajuda dos cientistas a bordo da Estação Espacial Internacional.
Uma segunda fase da viagem a Marte, chamada 'Proving Ground', terá início em 2018. Nesse ano, será lançada a cápsula Orion, preparada para transportar humanos pelo espaço profundo, e o poderoso foguetão SLS, o mais forte alguma vez construído. Já existem planos para várias missões a realizarem-se no espaço profundo mas perto o suficiente para que os astronautas possam regressar rapidamente, de forma a avaliar as tecnologias desenvolvidas e os efeitos no corpo humano. "Principalmente a uma distância da Terra semelhante à da Lua, a NASA vai desenvolver e validar capacidades necessárias para enviar humanos a Marte".
Na terceira fase, já se prevê a vida humana em Marte. Humanos que se deslocassem a Marte teriam que viver e trabalhar lá, e a NASA já delineia algumas das formas a serem usadas para cultivar alimento e usar os recursos disponíveis em Marte para criar água, oxigénio, combustível e materiais de construção. A NASA aponta para que esta fase tenha início nos anos 2030.
"As tripulações têm que estar protegidas dos ambientes únicos e perigosos do espaço profundo e da superfície marciana. Muitas vezes, os sistemas vão ter que funcionar autonomamente ou permanecer suspensos durante anos, a preparar a chegada da tripulação", lê-se no relatório. A NASA prevê que uma missão humana a Marte possa durar até três anos de cada vez, pelo que é necessário encontrar formas de manter a segurança e a saúde da tripulação durante esse tempo. Também é essencial encontrar um método de enviar a tripulação da superfície de Marte para a sua órbita, para que possam sobreviver e regressar à Terra.
fonte: Diário de Noticias
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