segunda-feira, 20 de maio de 2013

Estudo sugere que Terra pode aquecer mais devagar


Sem medidas mais eficazes de controlo, CO2 na atmosfera pode duplicar até meados deste século REUTERS

Ritmo de aumento da temperatura pode ser menor nas próximas décadas, mas termómetros chegarão a níveis elevados a longo prazo.

A Terra poderá aquecer a um ritmo menor do que se previa no médio prazo, mas ainda assim atingirá níveis elevados a longo prazo, conclui um estudo publicado na revista Nature Geoscience.

O estudo, envolvendo 17 cientistas de oito países, faz novas projecções sobre o que poderá acontecer no futuro, levando em conta os dados mais recentes sobre o aquecimento global. Depois de uma forte subida desde a década de 1970, a curva de crescimento da temperatura média global tem estado num patamar mais estável na última década. Ainda assim, segundo a Organização Meteorológica Mundial, todos os 12 anos entre 2001 e 2012 estão entre os 13 mais quentes desde cerca de 1850, data a partir da qual há registos fiáveis.

Partindo dos dados actuais e também dos últimos 40 anos, os investigadores avaliaram um cenário hipotético no futuro, associado à duplicação da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, em relação aos níveis pré-industriais. Neste tipo de exercício, comum em estudos sobre as alterações climáticas, procura-se determinar a chamada “temperatura de equilíbrio” – ou seja, a do momento em que o termómetro teoricamente pára de subir, algo que só ocorre muito depois de a concentração de CO2 ter estabilizado. Mas também se determina uma temperatura intermédia, no instante em que a concentração de CO2 chega ao dobro – o que dá uma visão mais clara do ritmo de aceleração no curto e médio prazo.

Quando a concentração de CO2 chegar a 550 partes por milhão – contra os 275 da era pré-industrial –, o termómetro global terá subido entre 0,9 e 2,0 graus Celsius, com um valor mais provável de 1,3 graus, acima da média de há um século e meio. No longo prazo, também ao ritmo da última década, a temperatura subiria 1,2 a 3,9 graus. 

Segundo o estudo, os valores para o momento intermédio estão abaixo dos cenários mais gravosos que estão a ser obtidos por uma série de experiências com modelos climáticos que têm vindo a ser desenvolvidas nos últimos anos, num projecto internacional conhecido pela sigla CMIP5 (Coupled Model Intercomparison Project Phase 5). Para o prazo mais longo, os valores tendem, no entanto, a aproximar-se, embora haja ainda muitas incertezas.

“O possível aquecimento a longo prazo, após a estabilização [do CO2], permanece bastante incerto, mas para a maior parte das decisões políticas, a resposta nos próximos 50 a 100 anos é o que interessa”, afirma o autor principal do estudo, Alexander Otto, da Universidade de Oxford.

Um dos co-autores, Jochem Marotzke, do Instituto Max Planck para a Meteorologia, em Hamburgo, completa que não se deve dar um valor interpretativo excessivo a uma única década, dado o que se sabe e não se sabe sobre a variabilidade natural climática. “Na década passada, o mundo como um todo continuou a aquecer, mas o aquecimento ocorreu muito mais abaixo da superfície dos oceanos do que à superfície”, acrescenta.

Os resultados deste estudo surgem num momento em que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, das Nações Unidas, está a finalizar a sua quinta avaliação do que se sabe sobre o presente e o futuro do clima na Terra. As conclusões serão apresentadas em Setembro e levarão em conta os cenários do CMIP5.

O último relatório do painel climático da ONU, divulgado em 2007, previa que uma duplicação da concentração de CO2 aumentaria a temperatura global em 1,9 a 4,4 graus Celsius. O nível de CO2 na atmosfera ultrapassou, este mês, a fasquia das 400 partes por milhão (ppm). Sem medidas mais eficazes para conter o aumento, a concentração pode chegar aos 550 ppm em meados deste século.

fonte: Público

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