Muitas espécies poderão não conseguir fugir às alterações climáticas
Os animais e as plantas estão a fugir para latitudes frias e para altitudes maiores nas últimas quatro décadas devido às alterações climáticas, mostra um estudo publicado nesta quinta-feira na edição online da revista Science.
“Estas alterações são o equivalente aos animais e às plantas a distanciarem-se do Equador 20 centímetros por cada hora, todas as horas do dia, todos os dias do ano”, explicou em comunicado Chris Thomas, biólogo e professor da Universidade de York, e líder do projecto que originou o artigo.
A equipa analisou informação de duas mil espécies de animais e plantas. Segundo o resumo do artigo “a distribuição das espécies alterou-se recentemente para altitudes superiores a uma média de 11 metros por década, e para latitudes maiores a uma média de 16,9 quilómetros por década”. Estes resultados são em média duas a três vezes superiores aos estudos que já se tinham feito.
A informação recolhida foi de espécies de aves, animais, répteis, insectos, aranhas e plantas, na Europa, América do Norte, Chile, Malásia e na ilha de Marion, no sul de África . “Mostrámos pela primeira vez que as mudanças de distribuição das espécies estão relacionadas com o grau das alterações climáticas numa dada região”, explicou, citada pela AFP, I-Ching Chen, a primeira autora do artigo, que fez o doutoramento na Universidade de York.
Mas estas mudanças não são lineares. Há espécies que viajam muito para norte, outras menos, há outras que se mantêm com a mesma distribuição, mas tornam-se mais frequentes nas áreas dessa região que são mais frias e diminuem de frequência nas zonas mais quentes. Há casos em que outras condicionantes, como a redução do habitat, travam migrações que pareceriam óbvias sob a óptica das alterações climáticas.
Na Grã-Bretanha, a borboleta Fabriciana adippe “esperar-se-ia que viajasse para norte se as alterações climáticas fossem a única coisa a afectá-la, mas na verdade tem vindo a diminuir por causa da perda de habitat”, disse em comunicado David Roy, co-autor do artigo. O especialista refere-se ainda à Polygonia c-album, uma borboleta comum na Grã-Bretanha, que, "em duas décadas, se moveu 220 quilómetros do centro da Inglaterra para Edimburgo”.
Apesar de este estudo não prever as consequências destes efeitos, que se espera que continuem a sentir-se ao longo deste século, Chris Thomas defende que as histórias não vão ser todas iguais: “A rapidez com que as espécies estão a mover-se devido às alterações climáticas indica que muitas estão realmente a ir em direcção à extinção, devido à deterioração das condições climáticas. Por outro lado, outras espécies estão a mover-se para novas áreas onde o clima se tornou apropriado, por isso vão haver alguns ganhadores, assim como perdedores.”
fonte: Público
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