terça-feira, 2 de agosto de 2011

Estarão os robôs a substituir os humanos nas fábricas da Foxconn?


O presidente da Foxconn anunciou a intenção de colocar 300 mil robôs ao serviço da linha de produção da empresa já em 2012 e de atingir o milhão de trabalhadores não-humanos em 2014. O fabricante de componentes electrónicos conta já com 10 mil robôs a operar nas suas fábricas. Analistas associam a automatização da mão de obra ao aumento dos custos laborais, avança a Reuters.

Conhecido especialmente como fabricante da linha de produtos Apple, o Foxconn Technology Group tem outros clientes de peso, como a Nokia e a HP, a Sony e a Nintendo. As consolas Wii e as playstations são outros populares produtos que passam pela linha de produção da Foxconn.

No último ano, o nome da empresa foi alvo de notícia por motivos mais humanos do que tecnológicos: as condições laborais dos trabalhadores da empresa chinesa foram colocadas em causa em greves de grande impacto, e um elevado número de suicídios nas fábricas chinesas da Foxconn fez soar o alarme de algumas organizações não governamentais (ONGs).

Ainda no final do último mês, um funcionário caiu do sexto andar de um dormitório de uma fábrica em Shenzhen, e morreu, segundo o Hong Kong Economic Times. O trabalho ininterrupto na linha de produção – correspondente, em certos casos, a jornadas de 15 horas – tem encontrado eco nas críticas à Foxconn por analistas e membros de ONGs.

Agora Terry Gou, presidente da Foxconn, anunciou que, dentro de três anos, o grupo pretende utilizar um milhão de robôs na linha de montagem. Actualmente trabalham 1,2 milhões de pessoas nas fábricas do grupo e 10 mil robôs. Para o ano, o grupo conta aumentar para 300.000 o número de trabalhadores não-humanos para efectuarem procedimentos simples na linha de produção – em actividades como a pulverização, soldadura e montagem de equipamentos. Os Shenzhen nº1 – nomes dos robôs – equiparam-se a braços mecânicos simples.

Terry Gou justifica o recurso à automatização com “o desejo da Foxconn transferir os trabalhadores de tarefas mais rotineiras para posições de valor acrescentado na manufactura, como a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação”. O presidente do Foxconn acrescenta que há tarefas que exigem precisão, que não podem prescindir da mão e cérebro humanos.

Alguns analistas, ouvidos pela agência Reuters, associam esta tendência ao aumento do salário no sul da China. “Os salários dos trabalhadores estão a aumentar tão rapidamente que algumas empresas não conseguem suportar [a situação] por muito mais tempo”, afirmou Dan Bin, gestor de fundos na Eastern Bay Investment Management Corp. Na mesma direcção, C.K.Lu, um analista da empresa de pesquisa Gartner, refere que, caso esta decisão não fosse tomada, as fábricas teriam que ser deslocadas. “Este ano o aumento salarial foi muito significativo e não creio que baixe no próximo ano”, acrescenta o analista.

Em Julho a Euronews anunciou que a Foxconn comprou uma unidade da divisão da Manufacturing Facility Sale da multinacional Cisco, em Juarez, no México. O grupo tem sido ainda notícia pelo investimento no ramo dos telemóveis no Brasil.

A Foxconn tem sede em Taiwan, e foi fundada em 1974 como empresa de produtos de plástico.

fonte: Público

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