Seria o
dia 16 de outubro de 2011 a
data fatídica do fim do mundo? Ou será apenas uma oportunidade para apreciar um
belo espetáculo no céu? Esta é a polémica que está instalada na Internet.
Especialistas, simpatizantes e curiosos da astronomia vem dividindo opiniões
sobre as consequências da chegada do cometa Elenin, que deve atingir sua
aproximação máxima junto à Terra (chamada perigeu) exatamente daqui a três
meses.
Ainda que a expectativa seja de que sua órbita mantenha uma distância 90 vezes superior à da Lua, em blogs e sites há quem diga que os dados oficiais possam ser uma estratégia para disfarçar a realidade e evitar pânico. Divergências de pontos de vista também já estão presentes em redes de relacionamento como Twitter e Facebook.
No www.hardmob. com.br, por exemplo, um dos colaboradores argumenta que o facto de a Agência Espacial Norte Americana (Nasa) pouco falar no assunto indica que algo que possa “afectar todo o mundo e matar milhões de pessoas” esteja sendo escondido.
O mesmo site faz uma associação entre o início do nome do cometa com a sigla ELE que, em inglês, significaria extinção em massa de espécies. “Pode ser que algo muito mau venha acontecer logo, logo. Afinal, como podemos imaginar, um desastre desses, se fosse previsto, jamais seria relevado para o público, pois certamente haveria um caos no planeta inteiro”, diz o texto.
Pelo menos outros dois blogs fazem referência a uma notícia publicada em maio pelo Portal Terra na Argentina. Na matéria, um estudioso de astronomia confirmava informações de cientistas chineses de que o Elenin seria seguido por uma desconhecida formação ‘estranha e obscura’ parecida com um objecto voador não-identificado (ovni). “Atrás do cometa, os cientistas chineses asseguram que vem algo que eles chama de ‘cluster’, que significa um cúmulo globular, ou talvez uma nave extraterrestre”, afirma.
Já o responsável pelo endereço realidadeoculta. blog.com teme que o cometa venha provocar fortes influências no campo magnético terrestre, o que, segundo ele, poderiam causar terremotos, tsunamis ou erupções vulcânicas. No mesmo endereço, é cogitada ainda a possibilidade de o Elenin alterar o campo gravitacional do Sol, tendo como consequência tempestades magnéticas solares que poderiam atingir a Terra.
Cautela
Mas há quem tenha mais cautela ou tranquilidade para lidar com o assunto. No site www.provafinal.net, um colaborador destaca que a órbita do cometa ainda pode sofrer mudanças de cálculos nas próximas semanas, mas diz acreditar na improbabilidade de colisão do corpo celestial com a Terra. “No site da Nasa, é possível ver uma animação da trajetória do Elenin. Se houvesse algum tipo de colisão, não teriam colocado nada no site. Não é uma questão de confiar ou não no órgão oficial, mas de ler as entrelinhas”, argumenta.
De facto, todos os especialistas consultados pelo JC são unânimes. Não há motivo para pânico. O Elenin nem mesmo é um cometa de grandes proporções e deve passar a 34,9 milhões de quilómetros de distância da Terra. Para o físico Pedro D’Incao, toda a celeuma criada em torno dele é fruto de especulações sem fundamento, sempre presentes quando o assunto são fenómenos astrofísicos.
“O misticismo sobre o fim do mundo existe, principalmente em relação à astronomia, desde que o homem começou a observar a natureza. E, nesse mundo especulativo, cabe qualquer coisa”, pondera ele, que afirma acreditar nas informações oficiais. “Não acredito que haja a conspiração que se imagina”, defende.
Leonid Elenin
Baptizado oficialmente de C/2010 X1, o cometa Elenin foi descoberto em 10 de dezembro de 2010 pelo astrónomo russo Leonid Elenin, através de um dos telescópios robóticos do International Scientific Optical Network, instalado no Novo México, Estados Unidos. Segundo a agência espacial da Rússia Roscosmos, o cometa foi o primeiro descoberto por um russo neste século.
Inofensivo?
Para fins de comparação, o cometa Elenin é três vezes menor do que seu “irmão” mais famoso, o Halley, que em 2010 criou um clima de pânico em escala global após notícias serem veiculadas acerca do gás letal presente em sua cauda. O Halley passou, inofensivo, pela órbita da terra e voltou em 1986, deixando, mais uma vez, apenas um belo espetáculo como registo.
“O Halley não provocou nenhum tipo de influência na terra e com o Elenin será a mesma coisa. Não haverá nada de excepcional. Dependendo do quão distante ele estiver de nós, conseguiremos, no máximo, vê-lo através do telescópio”, adianta o físico Jorge Honel, responsável pelo sector de astronomia do Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo (USP)
Ter
Se os cálculos estiverem certos e o cometa Elenin passar a 34,9 milhões de quilómetros de distância da Terra, nenhum efeito provocado por ele será sentido pelos humanos. É o que garantem especialistas consultados pelo JC.
Investigador do Departamento de Astrofísica do Observatório Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o astrofísico Carlos Henrique Veiga explica que são remotas as chances de o cometa provocar efeitos como tsunamis ou terremotos. Para tanto, o Elenin teria que atingir a atmosfera terrestre, o que está longe de acontecer, segundo as projeções.
“Pelo tamanho que ele tem (cerca de 3,5 quilómetros de massa), precisaria passar pelo menos a um milhão de quilómetros de distância da atmosfera para provocar algum efeito de maré, mas ainda sem nenhum dano aos humanos. Seria parecido com as alterações provocadas pela Lua, que tem o mesmo diâmetro do Elenin, mas está a 484 mil quilômetros da Terra, embora movimentando-se em menor velocidade”, esclarece.
Já as chances de o cometa interferir no campo eletromagnético do Sol e provocar as chamadas manchas solares ou tempestades eletromagnéticas. Segundo Veiga, o que ocorre é justamente o contrário: se passar muito próximo do Astro-Rei, o Elenin poderá ser atraído e se chocar contra ele, sem nenhum reflexo para a Terra.
“Os cometas não andam nada perto do Sol. As tempestades magnéticas, manchas e os ventos solares são provocados por distúrbios no campo eletromagnético do Sol ainda não muito bem entendidos pela Física. Algumas destas anomalias podem causar pane nos sistemas de telecomunicações da Terra, mas não são causadas por cometas, em absoluto”, alerta.
fonte: JCNET
Sem comentários:
Enviar um comentário