O patrão da SIC faz parte do clube desde os anos 80 e integra o exclusivo comité que organiza as reuniões
É o único membro permanente português do clube e raramente fala sobre Bilderberg, mas, numa entrevista à SIC, no programa “Quem diria”, Francisco Pinto Balsemão garantiu que só quem “acreditar em livros” pode achar que a conferência anual é um palco de congeminações secretas. “Cada membro do comité director... e eu sou o português do comité director, temos critérios, e portanto procuramos convidar pessoas que ou já têm importância ou que nós entendemos que poderão vir a ter relevância política, social, cultural”, acrescentou.
Antes, em Novembro de 2005, numa entrevista ao espanhol “Abc”, Balsemão já tinha tocado no assunto. Acusou de “inveja” os que os criticam por fazer parte do clube e tentou explicar em que consiste Bilderberg. “É um grupo da sociedade civil que junta uma vez por ano norte-americanos, canadianos e europeus para falar a alto nível sobre os problemas actuais, que tanto podem ser as relações entre os dois continentes como a guerra no Iraque ou a economia da China. Está muito bem organizado e, ao não estar lá a imprensa, não pode haver conclusões nem comunicados finais, as pessoas podem falar de forma muito livre. Muita gente que o critica gostaria de fazer parte dele.”
O patrão da SIC faz parte do clube pelo menos desde 1988, ano em que está identificado pela primeira vez como membro permanente. Na altura tinha deixado o cargo de primeiro-ministro e estava centrado na empresa de comunicação social. Não se sabe ao certo quem o convidou para integrar Bilderberg, mas em 2010 Medeiros Ferreira deu a entender, no seu blogue, que terá sugerido o nome de Balsemão no final dos anos 70. “Fui convidado duas vezes, em 1977, quando era ministro dos Negócios Estrangeiros, e em 1980, quando já o não era. Nessa última vez, alguém do steering committee perguntou-me que nomes eu sugeriria, de outras correntes políticas em Portugal, para futuras reuniões. Lembrei-me de Francisco Balsemão, entre outros [...] Não sei se foi por isso, se por mera coincidência, o certo é que o futuro primeiro-ministro acabou por ser o grande cooptador dos portugueses que participam nas reuniões”, escreveu o antigo dirigente socialista. Balsemão viria mesmo a integrar o steering (comité directivo), órgão encarregado de definir a lista de temas a debater e as personalidades a convidar para os encontros anuais.
As ligações do dono da Impresa a Bilderberg já lhe valeram polémicas. A primeira a seguir ao encontro do clube em Sintra, de que foi anfitrião em 1999. “O Independente” escreveu que a Sojornal – empresa que detém a maioria das acções do semanário “Expresso” e “Visão” – recebeu 40 mil contos (200 mil euros) do Ministério dos Negócios Estrangeiros para organizar a conferência no Hotel da Penha Longa. A Sojornal viria a explicar que o dinheiro não podia ser encarado como um “subsídio”, mas antes como um “patrocínio”.
Mais recentemente, no Processo das Secretas, Bilderberg surge no relatório apreendido ao ex-espião Silva Carvalho: “Balsemão tem-se revelado, ao longo dos anos, um agente de influência, sabe-se lá ao serviço de quê e controlado por quem. A sua participação em encontros de Bilderberg é disso exemplo”, escreveu o ex-espião no documento em que descrevia o dono da SIC. E acrescentou: “Trata-se de uma organização nada transparente e que, por isso mesmo, muitos rumores e teorias da conspiração tem suscitado, mas que, independentemente dos objectivos específicos, é um concentrado de gente com claras ambições de controlo de tudo o que de importante se passa no globo, sem que se conheçam as suas motivações, nem objectivos, sabendo-se apenas que são os seus objectivos particulares que os movem. Aos encontros de Bilderberg, Balsemão, que funciona como porteiro português do grupo, tem levado inúmeras personalidades.” O i enviou um conjunto de perguntas sobre o clube a Balsemão, que não respondeu por não ter “disponibilidade”.
fonte: i online
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