sábado, 21 de março de 2015

Alfinete raro usado por fenícios entre achados arqueológicos de Alenquer


A descoberta demonstra que esta civilização teve uma presença marcante no Estuário do Tejo

Um grupo de arqueólogos que no verão escavaram o Castro do Amaral, em Alenquer, anunciou a descoberta de um objecto de inspiração fenícia, semelhante a um alfinete de dama. A descoberta confirma, assim, a forte presença fenícia no estuário do Tejo.

Ana Margarida Arruda, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que coordenou os trabalhos, disse à agência Lusa que o estudo dos materiais recolhidos permitiu confirmar a existência de uma fíbula de bronze.

A arqueóloga explicou que a peça com cerca de nove centímetros e datada do século VII a.C. é "uma espécie de alfinete de dama de antigamente". Era usada no vestuário há mais de três mil anos e foi trazida pelos fenícios, oriundos do litoral do actual Líbano.

Além de "muito bem conservada", é uma raridade, não só por apenas existirem outras três ou quatro em Portugal, mas também por ter uma decoração que outras fíbulas não têm.

Para a investigadora do Centro de Investigação de Arqueologia da Universidade de Lisboa, o objecto seria usado por pessoas nativas mais destacadas na sociedade e mais expostas às influências orientais trazidas pelos fenícios.

As escavações puseram a descoberto uma muralha defensiva, centenas de fragmentos cerâmicos da Idade do Bronze e material da Idade do Ferro (séculos VII e VI a.C.), que permitem confirmar que "a Península Ibérica, e sobretudo a zona do Estuário do Tejo, sofreu influências orientais que resultaram no contacto dos fenícios com a população indígena", concluiu a especialista.

Na campanha, que decorreu entre Julho e Setembro, os arqueólogos descobriram ainda uma moeda "invulgar" de D. Afonso Henriques (século XII) e vestígios das épocas romana e medieval, como telhas, que "revelam uma ocupação permanente" ao longo de vários séculos.

Para Ana Margarida Arruda, o Castro do Amaral, na freguesia de Santana da Carnota, reconhecido como sítio arqueológico desde a década de 1960, tornou-se um dos locais arqueológicos mais relevantes do Estuário do Tejo para o estudo da presença dos fenícios.

O projecto de dois anos, cujos resultados foram agora conhecidos, foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e vai terminar em Agosto.

Os arqueólogos admitem que, por ter uma área superior a seis hectares, o Castro do Amaral possuirá ainda muito material com potencial arqueológico para recolher em futuras escavações.

fonte: Sábado

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