Senebkay viveu durante o Segundo Período Indeterminado, uma época de descentralização política. A descoberta de seu túmulo em Abidos foi anunciada no início de 2014 e nela ele é chamado de “rei do Alto e Baixo Egito”, embora só tenha governado uma parte do país já que pertenceu a chamada “Dinastia de Abidos”, que reinou concomitante a Dinastia Tebana e a Dinastia Hicsa. Sobre esta dinastia escrevi em 2014:
“(…) o faraó em questão fazia parte de uma Dinastia de Abidos cuja existência era fruto de especulações, citados em artefactos muito degradados como uma estela proveniente da já citada Abidos – que possui a denominação de três governantes os quais o nome de baptismo tem associação com o nome tinita – e o Cânone de Turim, de onde conhecemos como advindos desta época dois reis chamados Woser [?] ra. Esta lista faz alusão a outros governantes deste mesmo período, mas seus nomes estão fragmentados.”
Na ocasião da descoberta da sepultura, além de artefactos – como o sarcófago, que na verdade pertencia outrora a alguém chamado Sobekhotep, provavelmente o rei Sobekhotep I (XIII ª Dinastia, Médio Império) – o corpo do faraó também foi encontrado. Na época foi liberada a informação de que Senebkay tinha 1,75 metros de altura e cerca de 40 a 50 anos de idade no momento de sua morte.
Um ano depois, no mês de fevereiro, foi anunciado que o Senebkay sofreu uma morte violenta, assassinado com 18 apunhaladas. Joseph Wegner (Universidade da Pensilvânia), diretor da missão responsável pela pesquisa, acredita que o governante morreu em campo de batalha.
Mas fica a incógnita: Quem eram os inimigos? Ele acredita que foram os hicsos, que governavam o norte do Egito, o que é uma afirmação forte, visto que até a revolta tebana aparentemente estes governos paralelos se toleravam.
A recente análise também diminuiu a idade que ele tinha no momento da sua morte, a colocando agora entre 35 e 40 anos.
De acordo com as bioarqueologas María Rosado e Jane Hill (Universidade de Rowan), que também fazem parte da equipe, dentre tantos golpes violentos o que o matou foi o que ele recebeu em seu crânio, no parietal esquerdo, um ferimento que foi realizado por um instrumento afiado ainda não identificado.
Dada a extensão das feridas o que é possível imaginar do cenário de sua morte é que ele pode ter sido encurralado e atacado ferozmente por um grupo de agressores. Pela descrição do mapa de ferimentos (pernas, sacro, costas, mãos e cabeça) narrado por María Rosado em sua entrevista ao El Mundo, Senebkay ainda estava consciente quando sofreu alguns dos golpes e tentou se salvar movendo as pernas e tentando proteger, inutilmente no final das contas, a cabeça, onde sofreu o golpe final.
A investigadora também salienta que pela direção das feridas o rei estava numa posição elevada em relação aos seus agressores quando foi atacado. “É um dos cenários possíveis porque ele apresenta um corte no tornozelo. Podem tê-lo feito para imobilizá-lo, puxá-lo do cavalo, arrastá-lo e aplicar então o resto das incisões”. Complementa Rosado.
Ela também notou que ele realizava avidamente atividades equestres, “Tem uma pélvis muito mais definida, os músculos das pernas são extremamente fortes e se vê mais pressão no corpo”.
Os cavalos foram introduzidos no Egito com os hicsos e saber que Senebkay praticou montaria por anos é um dado importante. Acerca deste assunto Wegner afirmou ao El Mundo que “Nós ainda temos muito a aprender sobre as importantes mudanças tecnológicas que ocorrem durante o período dos hicsos e Senebkay está oferecendo uma nova visão deste momento importante”.
fonte: Arqueologia Egipcia
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