quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Novos anticorpos contra o VIH podem ajudar a produzir vacina


O VCR, um dos primeiros anticorpos contra o VIH descobertos

O mundo está cheio de estirpes do VIH, o vírus da sida, e essa é uma das grandes dificuldades no combate desta epidemia. Para a produção de uma vacina é necessário ter em conta esta diversidade e criar em cada pessoa imunidade contra as estirpes dos quatro cantos do globo. Por isso, a descoberta de 17 novos anticorpos monoclonais contra o VIH feita por uma equipa norte-americana e publicada nesta quarta-feira na edição on-line da revistaNature, é um motivo de esperança.

Estes anticorpos são moléculas que se ligam ao vírus e o assinalam como um alvo, para as células do sistema imunitário o matarem. Existem actualmente terapias de anticorpos monoclonais para várias doenças autoimunes e alguns cancros.

Entre as pessoas infectadas com o VIH há uma percentagem de dez a 30 por cento cujo sistema imunitário desenvolve anticorpos especialmente competentes em detectar o vírus. Numa pequena percentagem desta população, a quantidade de vírus mantém-se muito baixa, e estas pessoas não chegam a desenvolver sida. A doença só é declarada quando um grupo específico de células imunitárias se torna tão reduzido, por serem atacadas pelo vírus VIH, que os doentes ficam susceptíveis a qualquer tipo de doença. Foi assim que morreram 25 milhões de pessoas desde 1981. 

A equipa do Instituto de Tecnologia do Massachusetts que publicou agora a sua descoberta na Nature encontrou estes anticorpos depois de analisar 1800 indivíduos com resistência ao vírus. Muitos dos anticorpos revelaram-se extremamente potentes. Ou seja, em concentrações muito pequenas inibem a actividade do vírus. 

“Estes anticorpos são dez vezes mais eficientes do que outros já isolados”, disse por e-mailao PÚBLICO Katie Doores, uma das investigadoras do estudo. “O que significa que não é necessário provocar tanta produção de anticorpos através da vacinação.”

Isto é importante. “A quantidade de anticorpos que se produz varia com cada pessoa. Se em pequenas concentrações o anticorpo funcionar, então mais probabilidades há da vacina funcionar”, disse ao PÚBLICO Eugénio Teófilo, médico português que trabalha com doentes infectados pelo VIH no Hospital dos Capuchos.

Além disso, muitos dos novos anticorpos identificam várias estirpes do vírus, o que assegura que uma vacina hipotética proteja contra 62 a 89 por cento das estirpes, avança o artigo. 

O passo seguinte, segundo Doores, é tentar produzir uma vacina, ou seja, criar artificialmente as moléculas do vírus que estes 17 anticorpos identificam. Num indivíduo saudável, estas moléculas produziriam uma resposta imunitária — os anticorpos que se colam ao VIH.

Mas Eugénio Teófilo alerta que os anticorpos agora descobertos não andam pelas regiões do corpo que têm o primeiro contacto com o vírus, como as mucosas, onde se poderia evitar o começo da infecção. No entanto, o médico defende que a vacina pode vir a ser terapêutica e fazer com que as pessoas infectadas controlem o vírus sem medicamentos.

fonte: Público

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