domingo, 11 de setembro de 2011

Nada de água: vida alienígena é mais provável em planetas desérticos


Vénus

Quem disse que alienígenas gostariam de viver num planeta parecido com a Terra? Um novo estudo mostra o contrário. Ao invés de aquosos, os planetas mais habitáveis podem ser desérticos, como o mundo retratado no filme clássico de ficção científica “Duna”.

E essa não é a única conclusão surpreendente. O estudo também sugere que o ardente Vénus – onde a temperatura média da superfície é de 460 graus Celsius – poderia ter sido um deserto habitável até relativamente pouco tempo atrás, há 1 bilião de anos.

Normalmente, a procura pela vida em outros lugares do universo têm sido guiadas pelo facto de que na Terra, em quase todos os lugares em que há água, existe vida. Por isso, os “planetas água”, com muita água líquida na superfície, são sempre alvos importantes.

Esses mundos aquáticos poderiam ser terrestres, em grande parte cobertos por oceanos, como a Terra, ou realmente “planetas oceanos”, completamente cobertos por uma camada de água com centenas de quilômetros de profundidade – como Ganímedes, a lua congelada de Júpiter.

Mas, para ser habitável, água definitivamente não é o suficiente. Para que a vida possa ser possível, os planetas água devem orbitar sua estrela numa região chamada “zona Cachinhos Dourados”, em que não há nem muito calor, nem muito frio.

Afinal, se os planetas estão muito longe do sol, eles congelam. E se estão muito próximos, o vapor se acumula na atmosfera, prendendo o calor que vaporiza ainda mais água, levando a um efeito estufa que ferve todos os oceanos do planeta – foi isso que aparentemente aconteceu com Vénus.

Eventualmente, esses planetas ficam tão quentes que forçam o vapor d’água na atmosfera o suficiente para que ele se dividida em hidrogénio e oxigênio pela luz ultravioleta. O hidrogénio, em seguida, escapa para o espaço, e o oxigénio possivelmente reage com a superfície em fundição e é incorporado ao manto. Assim, a atmosfera do planeta perde toda a sua água ao longo do tempo.

Em vez de planetas aquáticos com água em abundância ao longo da superfície, os investigadores investigaram como poderiam ser os planetas desérticos. Eles podem não ter oceanos e serem vastos e secos desertos, mas talvez tenham alguns oásis que possibilitem a vida.

O planeta Arrakis, descrito pelo filme “Duna”, é um exemplo excepcionalmente bem desenvolvido de um planeta nesses moldes que poderia ser habitável. Arrakis é uma versão maior, mais quente e mais habitável do que Marte, com uma atmosfera de oxigénio respirável e regiões polares frescas e húmidas o suficiente para produzir pequenas gotas de orvalho pela manhã.

Cientistas argumentam que a escassez de água num planeta pode realmente ajudá-lo a ter uma maior zona habitável, e pode haver várias razões para isso. Um planeta seco tem menos água para se tornar um globo de neve e gelo, que reflete a luz solar de volta para o espaço. Ele pode, a princípio, absorver mais calor para resistir ao congelamento global.

Além disso, a escassez de água na atmosfera de um planeta seco torna-o menos quente do que um planeta aquático, ajudando a evitar um efeito estufa descontrolado. Com a menor quantidade existente de água na atmosfera, também há menos radiação ultravioleta para dividir o vapor em hidrogénio e oxigénio.

Investigadores fizeram experiências com modelos tridimensionais da Terra, representando o clima em diferentes condições. Eles descobriram que uma zona habitável de um planeta seco foi três vezes maior do que um planeta aquático – o que demonstra que nosso ponto azul no universo pode não ser o único modelo de planeta habitável.

Na mesmo experiência, investigaores descobriram que o congelamento completo de um planeta aquático ocorre quando a quantidade de luz solar cai para abaixo de 72 a 90% do que a Terra recebe, dependendo de como seu eixo de rotação é inclinado para o sol.

Já os planetas secos resistem melhor ao congelamento global. Para que eles sejam completamente congelados, a luz do sol deve estar abaixo de 58 a 77%. Isso significa que planetas secos podem estar localizados mais longe de suas estrelas e ainda sim permanecerem potencialmente habitáveis.

O cientista planetário Jim Kasting, da Universidade Estadual da Pensilvânia, EUA, que não fez parte do estudo, afirma que essa é uma pesquisa inteligente, mas que não vai realmente ajudar a encontrar novos planetas habitáveis, sejam eles de terra ou de água.

Planetas aquáticos como o nosso vão continuar a ser procurados. Planetas como Arrakis, de “Duna”, podem ser dificilmente observados por nossos telescópios. “Eu não acredito que isso vai mudar nossas estratégias para procurar a vida à distância”, afirmou Kasting.

Mas investigadores do estudo discordam, e dizem que a água está a se mostrar tão onipresente que não pode ser considerada como um atestado de habitabilidade de um planeta.

Os cientistas salientam que não estão à procura de planetas que sejam habitáveis de forma permanente, apenas aqueles que podem ser habitáveis por tempo suficiente para a vida. Até porque nenhum planeta é habitável permanentemente.

A própria Terra pode um dia tornar-se um mundo deserto. Com o envelhecimento do nosso sol, a radiação possivelmente irá acabar com a água líquida do planeta, a dividindo em hidrogénio e oxigénio. No entanto, cientistas calculam que a Terra ainda pode permanecer habitável por biliões de anos antes que o sol comece a morrer.

Uma questão interessante sobre habitabilidade sem dúvida é Vénus, o planeta mais quente do sistema solar. Supondo que Vénus teve oceanos de água líquida, os cálculos dos investigadores sugerem que é possível que Vénus tenha passado por um período em que era um planeta seco, mas habitável.

Pesquisas futuras poderão investigar mais precisamente como planetas possivelmente habitáveis no passado, como Vénus, podem ter sido.

fonte: HypeScience

Sem comentários:

Enviar um comentário