quinta-feira, 29 de junho de 2017

Cientistas decifram atmosfera enigmática de Vénus


Os cientistas falaram sobre as dificuldades do estudo da atmosfera de Vénus. Todas as tentativas para estudar a camada da atmosfera perto da superfície desse corpo celeste foram malogradas ou pouco informativas.

As mudanças de temperatura anómalas nas camadas mais baixas da atmosfera de Vénus, registadas pela sonda soviética Vega-2 em 1985, foram causadas pelas diferenças incomuns na reacção do dióxido de carbono e do nitrogénio a pressões muito altas, lê-se num artigo publicado na revista Nature Geoscience.

"Durante os últimos 50 anos, os EUA e a Rússia enviaram dúzias de sondas e várias cápsulas espaciais para Vénus, só uma delas – a Vega-2 soviética – conseguiu alcançar a superfície do planeta e medir a temperatura do ar nas camadas mais baixas da sua atmosfera. À distância de 7 km da superfície do planeta, o aparelho registou flutuações anómalas da temperatura que permaneciam inexplicáveis até agora", conta Sebastian Lebonnois da Universidade Paris-Sorbonne (na França).

Vénus, apesar das condições de formação semelhantes às da Terra, distingue-se radicalmente do nosso planeta. A atmosfera de Vénus está aquecida até 462 °C, nele praticamente não existe água, a atmosfera consiste de dióxido de carbono e ácido sulfúrico. Por enquanto, os cientistas ainda não têm uma opinião única sobre o processo de surgimento de tais condições.

Tentando estudar a camada de 7 km junto à superfície, que representa um grande interesse, os EUA e a Rússia enviaram muitos aparelhos para o planeta. Mas os projectos americanos com sondas da série Pioneer-Vénus fracassaram, e as missões soviéticas da série Vega e Venera foram realizadas com êxito, mas por causa da precisão bastante baixa dos instrumentos os dados não foram suficientemente precisos.

Sebastian Lebonnois e seu colega Gerald Schubert, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (nos EUA), procuraram uma explicação para as anomalias da atmosfera de Vénus criando um modelo com base nos dados das missões Vega-2 e Venera-10 e de uma série de outras cápsulas espaciais.

Como resultado, os cientistas chegaram à conclusão que os dois gases que predominam na atmosfera de Vénus comportam-se de forma muito insólita sob a pressão tão grande que lá existe.

Os cientistas demonstram que o CO2 e o nitrogénio sob pressões tão altas não se misturam, mas as bolhas destes gases se movem constantemente nas camadas mais baixas para as mais altas. Isto explica porque a sonda soviética Vega-2 recebeu dados tão estranhos – o aparelho pode ter simplesmente voado através de tais bolhas onde as temperaturas dos dois gases se podem distinguir radicalmente.

Claro que definitivamente essa questão só pode ser verificada em resultado de novas missões que agora estão sendo planeadas pela NASA e Roscosmos.

fonte: Sputnik News

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