Imagem a preto e branco que mostra onde a rocha N165 estava, faz uma ampliação da rocha e do local na rocha onde que o laser atingiu (NASA)
Ao 13º dia na superfície marciana, oCuriosity fez zap! O robô da NASA com rodas, que vai andar pelo menos dois anos em Marte à procura de sinais ambientais capazes de ter suportado vida no passado, testou neste domingo o aparelho ChemCam, atingindo uma rocha com o laser.
O feixe energético é demasiado fino para ser visto por olhos humanos, mas o flash emitido pela rocha dá nas vistas. E a primeira tentativa alguma vez feita de utilização deste tipo de laser num ambiente extraterrestre foi um sucesso. O alvo foi uma pequena rocha, de sete centímetros apenas, que a agência NASA apelidou de Coroação, mas cujo nome oficial é N165.
“Conseguimos um óptimo espectro da rocha Coroação – muitos sinais”, disse Roger Wiens, o investigador principal da equipa que construiu a ChemCam e que vai agora analisar os sinais produzidos e enviados pelo equipamento. “A nossa equipa está muito entusiasmada e a trabalhar intensamente, a analisar os resultados. Depois de oito anos a construir este instrumento, é altura da desforra”, disse o cientista, que trabalha no Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, Estados Unidos.
O Curiosity pousou no Norte da grande cratera Gale na madrugada de 6 de Agosto. O buraco tem 154 quilómetros de diâmetro e resultou de uma colisão de um meteorito há 3500 milhões de anos. No meio da cratera, existe o monte Sharp com 5,5 quilómetros de altura. As camadas na base do monte, formadas há muitos milhões de anos, são o objectivo final do laboratório andante, que espera encontrar provas de um passado geológico onde Marte era muito mais húmido e, por isso, propenso a ter vida.
Mas antes, o robô tem de verificar se está tudo a funcionar nas melhores condições. O ChemCam, um dos dez instrumentos científicos que o rover carrega, é uma peça-chave do laboratório. Este sofisticado aparelho lança um laser até sete metros de distância, com um feixe que atinge uma potência de um milhão de watts, numa pequena área da rocha de menos de um centímetro quadrado, durante uma fracção mínima de segundo.
Os electrões do material atingido pelo feixe são excitados. Só que a forma como são excitados depende de cada átomo. Uma câmara lê esta reacção e três espectrómetros analisam a intensidade da excitação em 6144 comprimentos de onda diferentes, que vão desde a luz ultravioleta até à infravermelha, passando pela luz visível. Este registo dá uma leitura da composição mineralógica da rocha e, rapidamente, indica aos cientistas se o material é interessante para ser analisado de forma mais profunda pelos outros instrumentos do Curiosity.
Deste modo, o ChemCam informa rapidamente à NASA quais os objectos a que o i>Curiosity deve dedicar-se, poupando tempo à missão. O que não acontecia com os antigos rovers da agência espacial norte-americana.
A rocha N165 foi atingida por 30 feixes do ChemCam durante dez segundos. O funcionamento deixou os cientistas satisfeitos. “É surpreendente que a informação é a melhor de sempre quando é comparada com os testes feitos na Terra, em relação ao rácio sinal/ruído”, disse Sylvestre Maurice em comunicado. O cientista faz parte do grupo responsável pelo projecto do ChemCam e pertence ao Instituto de Investigação em Astrofísica e Planetologia em Toulouse, na França. “A informação é tão rica, podemos esperar grande ciência nos próximos dois anos, vinda da investigação de talvez milhares de alvos do ChemCam.”
fonte: Público
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