sábado, 25 de agosto de 2012

Planeta 'engolido' por estrela alimenta hipóteses sobre possível fim da Terra


Astrónomos encontraram evidências de um planeta que teria sido "devorado" por sua estrela, dando fôlego a hipóteses sobre qual poderia ser o destino da Terra dentro de biliões de anos.

A equipa descobriu indícios de um planeta que teria sido "engolido" ao fazer uma análise sobre a composição química da estrela hospedeira.

Eles também acreditam que um planeta sobrevivente que ainda gira à volta dessa estrela poderia ter sido lançado a uma órbita incomum pela destruição do planeta vizinho. Os detalhes do estudo estão na publicação científica Astrophysical Journal Letters. 

A equipa, formada por americanos, polacos e espanhóis fez a descoberta quando estava estudando a estrela BD 48 740 - que é um de uma classe estelar conhecida como gigantes vermelhas. As observações foram feitas com o telescópio Hobby Eberly, no Observatório McDonald, no Texas.

Concentração de Lítio

O aumento das temperaturas próximas aos núcleos das gigantes vermelhas faz com que essas estrelas se expandam, destruindo planetas próximos.

"Um destino semelhante pode aguardar os planetas do nosso sistema solar, quando o Sol se tornar uma gigante vermelha e se expandir em direção à órbita da Terra, dentro de cerca de cinco biliões de anos", disse o professor Alexander Wolszczan, da Pennsylvania State University, nos EUA, co-autor do estudo.

A primeira evidência de que um planeta teria sido "engolido" pela estrela foi encontrada na composição química peculiar do astro.

A BD 48 740 continha uma quantidade anormalmente elevada de lítio, um material raro criado principalmente durante o Big Bang, há 14 biliões de anos.

O lítio é facilmente destruído no interior das estrelas, por isso é incomum encontrar esse material em altas concentrações numa estrela antiga.

"Além do Big Bang, há poucas situações identificadas por especialistas nas quais o lítio pode ser sintetizado numa estrela", explica Wolszczan.

"No caso da BD 48 740, é provável que o processo de produção de lítio tenha sido desatado depois que uma massa do tamanho de um planeta foi engolida pela estrela, num processo que levou ao aquecimento do astro."

Órbita Incomum

A segunda evidência identificada pelos astrónomos está relacionada a um planeta recém-descoberto que estaria desenvolvendo uma órbita elíptica à volta da estrela gigante vermelha.

Esse planeta tem pelo menos 1,6 vezes a massa de Júpiter. Segundo Andrzej Niedzielski, co-autor do estudo da Nicolaus Copernicus University em Torun, na Polónia, órbitas com tal configuração não são comuns nos sistemas planetários formados à volta de estrelas antigas. 

"Na verdade, a órbita desse planeta em torno da BD 48 740 é a mais elíptica já detectada até agora", disse Niedzielski.

Como as interações gravitacionais entre planetas são em geral responsáveis por órbitas incomuns como essa, os astrónomos suspeitam que a incorporação da massa do planeta "engolido" à estrela poderia ter dado a esse outro planeta uma sobrecarga de energia que o lançou numa órbita pouco comum.

"Flagrar um planeta quando ele está sendo devorado por uma estrela é improvável por causa da rapidez com a qual esse processo ocorre", explicou Eva Villaver da Universidade Autónoma de Madri, na Espanha, uma das integrantes da equipa de investigadores. "Mas a ocorrência de tal colisão pode ser deduzida a partir das alterações químicas que ela provoca na estrela."

"A órbita muito alongada do planeta recém-descoberto girando em torno dessa estrela gigante vermelha e a sua alta concentração de lítio são exatamente os tipos de evidências da destruição de um planeta."

fonte: BBC

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