quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As maiores ameaças aos anfíbios estão nas regiões mais ricas


As populações de anfíbios diminuem em todo o mundo e a um ritmo superior ao de outros grupos animais, localizando-se as maiores ameaças nas áreas mais ricas, revela um estudo que integrou um investigador da Universidade de Évora.

A investigação, publicada na edição desta semana da revista científica Nature, tem como autor principal Christian Hof, mas foi dirigida por Miguel Araújo, titular da cátedra sobre biodiversidade da Universidade de Évora (U. Évora).

O especialista português, investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid (Espanha), trabalhou ainda em conjunto com Carsten Rahbek e Walter Jetz, das universidades de Copenhaga (Dinamarca) e de Yale (Estados Unidos).

Os autores do estudo, adiantou hoje a academia alentejana, alertam que "as populações de anfíbios estão a diminuir em todo o mundo" e que este declínio "acontece a um ritmo superior ao de outros grupos animais".

A biodiversidade anfíbia é ameaçada por "múltiplos factores", mas "a distribuição espacial destas ameaças e as suas interações são pouco conhecidas", tendo este estudo recente incidido, precisamente, nesta vertente.

A investigação dirigida por Miguel Araújo, segundo a UÉvora, "mostra, de modo preocupante, como as áreas de maior riqueza de espécies de anfíbios são também as áreas sujeitas às maiores ameaças".

As alterações climáticas, a alteração dos usos do solo e a doença fúngica Chytridiomycosis contam-se entre "as ameaças mais sérias" e os autores da investigação avaliaram a sua distribuição geográfica, em relação à distribuição global das espécies em causa.

"As regiões onde o clima e a alteração da utilização do solo apresentam o maior impacto previsível nos anfíbios tendem a sobrepor-se", o que contrasta "com a ameaça colocada pela doença fúngica, que apresenta pouca sobreposição espacial com as outras duas ameaças", explicou o investigador português, citado pela universidade.

Os autores descobriram que as áreas mais ricas em anfíbios têm maior probabilidade de exposição a uma ou mais ameaças, do que as áreas pobres em riqueza destas espécies.

"O nosso estudo mostra que mais de dois terços dos 'hotspots' de biodiversidade de anfíbios a nível global serão, provavelmente, fortemente afectados por pelo menos uma das três ameaças estudadas", disse Miguel Araújo.

Por isso, o estudo sugere que avaliações de risco baseadas numa só ameaça devem ser consideradas demasiado optimistas.

"O declínio de anfíbios irá, certamente, acelerar nas próximas décadas, uma vez que múltiplas causas de extinção podem colocar as suas populações em risco, muito mais do que sugeriram estudos anteriores de análise monocausal", frisou, por seu turno, o professor Carsten Rahbek.


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