quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Como se afugenta um elefante? Com abelhas, claro


As abelhas são uma solução ecológica para controlar os elefantes

Como afugentar um elefante inconveniente? A resposta clássica dos filmes de animação é usar um pequeno ratinho. Mas a ciência ultrapassa a ficção: as minúsculas abelhas são a melhor forma de afastar dos terrenos cultivados os enormes elefantes, receosos das suas picadas. A descoberta já deu bons resultados no Quénia e valeu à bióloga britânica Lucy King um prémio do Programa de Ambiente das Nações Unidas.

Os elefantes fazem longas migrações e podem tornar-se um problema para as crescentes populações africanas, que surgem cada vez mais no seu caminho. Onde antes encontravam apenas savana, agora são confrontados com barreiras levantadas pelo homem, que os obrigam a passar por áreas cultivadas, onde se podem tornar um perigo para os seres humanos. As abelhas podem ser uma forma de travar a passagem dos elefantes por zonas arriscadas tanto para eles como para as pessoas. 

Estudos anteriores ao trabalho desta cientista da Universidade de Oxford já tinham indicado que os elefantes da savana africana sabem manter a distância adequada das abelhas. Um estudo mostrou que as acácias com colmeias sofrem muito menos danos por manadas de elefantes do que as que não têm nenhuma colónia de abelhas. 

O que Lucy King fez foi apurar esta investigação, monitorizando a resposta que 17 famílias de elefantes africanos ao serem confrontadas com a gravação do som das abelhas africanas quando agitadas – produzem um ruído de baixa frequência, que é um verdadeiro sinal de retirada para todos os elefantes. 

Baseando-se nesta interacção comportamental das duas espécies, Lucy King desenvolveu umas cercas com colmeias a distâncias regulares para afastar os elefantes. Estas começaram a ser testadas desde 2008 no Quénia, num projecto-piloto, em 17 quintas, e foram já adoptadas em três distritos daquele país africano. Desde então, só seis elefantes atravessaram as cercas, diz um comunicado do Programa de Ambiente das Nações Unidas (PNUA), que divulga o trabalho de King.

“Ao reduzir os conflitos entre as pessoas e os elefantes, Lucy King concebeu uma solução construtiva que leva em conta as necessidades migratórias dos animais, mas também os benefícios económicos para as comunidades locais, relacionados com a conservação das espécies”, explicou Elizabeth Maruma Mrema, secretária executiva da Convenção para a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens do PNUA, que premiou King.

fonte: Público

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