quarta-feira, 27 de junho de 2012

Novos geoglifos descobertos na Amazónia


Geoglifo "complexo", com caminhos paralelos, delimitados por muretas, situado a aproximadamente 20 quilómetros de Boca do Acre (AM)

Investigadores descobriram mais 20 geoglifos durante sobrevoo nas margens da BR-317, entre os estados do Acre e Amazonas, o que eleva para mais de 300 a ocorrência dessas formas geométricas no solo da Amazónia Ocidental, localizadas principalmente nas bordas de planaltos nos vales dos afluentes a sudeste do Rio Purus.

Os geoglifos são estruturas arqueológicas com desenhos geométricos de vários formatos (linhas, quadrados, círculos, animais e até formas humanas), existentes em diversas partes do mundo.

No Acre, só se tornaram visíveis após a derrube da floresta. Segundo os estudiosos, os “desenhos” descobertos na Amazónia Ocidental são obras de povos antigos e desconhecidos.

Alguns geoglifos têm idade presumida de até dez mil anos e chegam a medir centenas de metros de diâmetro. No Acre, começaram a ser descobertos em pesquisas arqueológicas no final dos anos 1970.

O Blog da Amazónia obteve com exclusividade duas imagens da nova descoberta de geoglifos. A primeira é de um geoglifo considerado "complexo" pelos investigadores, com caminhos paralelos, delimitados por muretas, situado a aproximadamente 20 quilómetros de Boca do Acre (AM), na margem direita do Rio Purus.


Novo geoglifo com a forma de dois retângulos, descoberto pela equipa de investigadores na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Novo geoglifo com a forma de uma raquete descoberto pela equipa de investigadores na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Geoglifo em forma de polígono, na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Geoglifo em forma arredondada na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Novo geoglifo com a forma arredondada descoberto pela equipa de investigadores na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Geoglifos descobertos pela equipa de investigadores na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Geoglifo com a forma de dois retângulos, na Fazenda Vinha, divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel


Geoglifo com a forma retangular, na divisa entre os estados do Acre e Amazonas - Diego Gurgel

A segunda imagem, é de um geoglifo quadrado duplo, na margem direita da BR-317, próximo da divisa Acre-Amazonas, na bacia do Rio Iquiry, onde aparece formação de pastagem e as árvores de castanheiras mortas ainda em pé.

A descoberta, registada na semana passada, aconteceu 10 dias antes da realização de um simpósio internacional de arqueologia que comemora os 35 Anos de descobertas dos geoglifos, a ser realizado de 27 a 30 de junho no Centro Cultural do Tribunal de Justiça, em Rio Branco (AC).

O seminário reúne investigadores do Brasil, Finlândia, Espanha, Inglaterra, Escócia e EUA. Eles vão expor estudos da presença humana de 2 mil anos na região, além de aspectos científicos, culturais, legais, com enfoque na preservação do património histórico do legado, e turísticos, com vistas à sustentabilidade das ocorrências arqueológicas.

Na semana passada, uma decisão liminar da Justiça Federal do Acre determinou que o Iphan (Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional) realize, no prazo de seis meses, o tombamento dos geoglifos.

O Ministério Público Federal do Acre recorreu à Justiça pelo tombamento dos geoglifos para que sejam incorporados ao património cultural brasileiro, protegendo-os da destruição que poderia ser causada por actividades de exploração, plantios, construção de estradas, entre outras actividades.

O Iphan no Acre anunciou que pretende recorrer da decisão por considerar insuficiente o tempo concedido para tombamento, embora a pressão do MPF nesse sentido já dure quase cinco anos.

Para o superintendente do Iphan no Acre, DeyvessonGusmão, a ação do MPF é desnecessária porque os geoglifos já estão protegidos pela Constituição por serem patrimónios na União e serem considerados parte integrante património cultural brasileiro.

Datações radiocarbónicas sugerem que a ocupação dos geoglifos ocorreu entre 2 mil e 700 anos e que "a construção desses aterros geométricos pode ter sido um fenómeno regional partilhado, especialmente entre os povos Arawak e os Tacana, por eles usados para reuniões, actividades religiosas e, em alguns casos, como locais de moradia".


Geoglifo quadrado duplo, na margem direita da BR-317, próximo da divisa Acre-Amazonas, na bacia do Rio Iquiry, onde aparece a formação de pastagem e as árvores de castanheiras mortas ainda em pé

As pesquisas sobre geoglifos são liderada pela arqueóloga Denise Schaan (Universidade Federal do Pará), Martti Pärssinen (Instituto Iberoamericano de Finlândia) Sanna Saunaluoma (Universidade de Helsinki), Alceu Ranzi (Universidade Federal do Acre), Miriam Bueno (Universidade Federal de Goiás e Antonia Barbosa (Universidade Federal do Pará).

O II Simpósio Internacional Arqueologia da Amazónia Ocidental – Geoglifos do Acre – 35 Anos de Descobertas, vai homenagear Ondemar Ferreira Dias Jr. e Franklin Levy. Foram os dois arqueólogos que realizaram a descoberta dos geoglifos no Acre, durante uma expedição em 1977.

Naquela expedição, o estudante de Geografia da Universidade Federal do Acre, Alceu Ranzi, trabalhou como auxiliar de campo. Posteriormente, em 1986, Ranzi voltou a se encantar pelos geoglifos ao observar da janela de um Boeing as formas geométricas desenhadas no chão de uma fazenda que havia substituído a cobertura florestal pelo pasto.

O relato de Ondemar Ferreira Dias Jr., Franklin Levy e Alceu Ranzi – "As primeiras pesquisas arqueológicas no Acre" – abre o simpósio no dia 27, às 20h, na capital do Acre.


Google Earth

Utilizadores do Google Earth ou Maps Google podem apreciar alguns dos geoglifos do Acre, a partir das seguintes coordenadas: (10°12′13.32″S 67°10′18.09″W), (10°22′1.61″S 67°43′24.89″W), (10°18′24.51″S 67°13′12.50″W), (10°13′49.01″S 67° 7′26.71″W), (10°17′14.08″S 67° 4′32.97″W), (10°13′5.25″S 67° 9′28.94″W), (10°18′ 06.64″S 67° 41′41.55″W), (10°11′27.65″S 67°43′20.11″W).

fonte: Terra Magazine Veja

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