A equipa da Escola Secundária de Amares com o robô Wenlock
A mascote dos jogos olímpicos de Londres dançou, acendeu a pira olímpica e ganhou.Wenlock já tinha o nome dado pelos ingleses, mas foram os alunos da Escola Secundária de Amares, no distrito de Braga, que transformaram a mascote num robô e dançaram com ela no México.
A equipa, chamada ESA Robots, ganhou pela primeira vez a competição individual em dança para jovens do esnino secundário do Robocop, o mundial de futebol robótico que decorreu no México desde 18 de Junho até domingo, e sagrou-se tricampeã na mesma modalidade no desafio para superequipas. Mas não foram os únicos: Portugal participou com 21 equipas e saiu do México com 11 prémios e quatro distinções.
“Não existe qualquer prémio monetário”, disse Rui Baptista ao PÚBLICO. Os vencedores só recebem troféus, mas para o professor de física e coordenador do projecto de robótica desta escola, a recompensa é outra: “Aprende-se imenso, vive-se um ambiente fantástico de competição saudável. É mesmo um laboratório pedagógico.”
O nome está associado ao futebol, mas todos os anos há robôs que também vão à Robocup para dançar com humanos ou para cumprirem missões de busca e salvamento. São estas as três modalidades principais que estão a ser avaliadas no mundial, e que se desdobram em várias categorias consoante as idades dos participantes – dos oito anos até universitários –, o tamanho e peso dos robôs no caso do futebol, ou, nas missões de busca e salvamento, a forma como detectam as vítimas.
Em Amares preferiu-se a dança. “A dança robótica é a categoria que chama mais atenção dos alunos. Na final havia mais de mil pessoas a assistirem”, conta Rui Baptista. Mas para o professor, esta modalidade também obriga a um acompanhamento pedagógico mais alargado: “A robótica é extremamente disciplinar, eu aproveito para ensinar física.” Mas esta actividade vai pedir ajuda às disciplinas de programação, matemática e até inglês – quando os alunos querem escrever os projectos para as candidaturas internacionais. A actividade “é incorporada como fazendo parte do projecto educativo da escola”, refere o coordenador. E mesmo quando os alunos estão a competir entre os melhores dos melhores, a aprendizagem continua.
Excelência, respeito e amizade
Desde Janeiro que Rui Brandão e mais cinco alunos do 10º, 11º e 12º anos, que foram até à Cidade do México, trabalham na criação do robô Wenlock, uma cópia o mais fiel possível da mascote dos jogos olímpicos de Londres, que venceu o Festival Nacional de Robótica. “Quisemos celebrar os jogos olímpicos”, disse Rui Brandão, capitão da equipa. Na nossa escola temos muitas pessoas a praticar desporto escolar e por isso criámos esta mascote. Queremos representar os valores olímpicos da excelência, respeito e amizade.”
O jovem de 17 anos está no final do 12º ano do curso profissional técnico de gestão de equipamentos informáticos e é um dos alunos mais experientes do grupo. É o terceiro Robocup que integra, esteve há dois anos em Singapura e no ano passado em Istambul. O México foi “uma alegria”, mas trouxe desafios.
A mascote tem 21 servomotores que memorizam posições e tinha de ter os movimentos coordenados ao segundo com os alunos durante a apresentação. A coreografia era simbólica. Não só Wenlock dançava como levava a tocha olímpica até à pira, – um segundo robô construído pelos alunos –, que tinha sensores e “acendia-se” quando a tocha se aproximava graças a luzes LED e a papéis que esvoaçavam com a ajuda de uma ventoinha.
“Um dos motores queimou-se”, conta-nos Rui Brandão. “Tivemos de comprar um novo, mas as provas correram bem. Foi uma grande alegria, todos os anos lutámos para conseguir este prémio.” Foram uma das três equipas a ganharem. Nas provas que têm uma avaliação menos objectiva, como as de dança, não há segundo nem terceiro lugares.
Depois, por sorteio, os seis alunos da Escola Secundária de Amares participaram na prova das superequipas com uma equipa da China e outra do México. O desafio é reunir três equipas numa só, para promover a interajuda e, em 24 horas, os participantes têm de criar um novo projecto de dança com os três robôs para apresentar ao júri. Mais uma vez, ganharam. Nesta modalidade, a equipa Simãozinho, do Agrupamento de Escolas Santos Simões, de Guimarães, também ficou em primeiro lugar.Três mil participantes
Ao todo, 35 países e 3000 participantes estiveram na Robocup. Portugal levou a sétima maior delegação. A equipa da Escola Secundária de Amares foi com seis alunos e dois professores. “Tivemos muito apoio da Ciência Viva, deu cerca de metade dos fundos para a viagem até ao México”, refere Rui Baptista, explicando que esta associação contribuiu com 4500 euros para as equipas portuguesas que se qualificaram em primeiro lugar no Festival Nacional de Robótica.
Portugal, com o número de prémios e distinções que obteve, ficou bem posicionado. “Os países mais desenvolvidos estão a apostar na STEM education [educação da ciência, tecnologia, engenharia e matemática]. Esta aposta na robótica nacional nos últimos anos é uma semente que mais ano, menos ano, dá frutos”, diz o coordenador. “Os bons exemplos são muito importantes porque criam dinâmica nas outras escolas. Tenho alunos do 7º ano que já sonham em pertencer à equipa de robótica.”
Lista de prémios e distinções:
Futebol major (universidades):
Liga de robôs de tamanho médio
- 1º lugar no desafio Challenge para a equipa Cambada da Universidade de Aveiro
Futebol júnior (escolas básicas e secundárias)
Futebol A, Liga leve, escolas básicas (dos oito aos 13 anos)
- 1º lugar superequipas para a equipa AGSG2 do Agrupamento de Escolas de São Gonçalves de Torres Vedras
- Melhor apresentação para a equipa AGSG2
Futebol A, Liga leve, escolas secundárias (dos 14 aos 19 anos)
- 2º lugar individual para equipa Cenatex Light da Escola Profissional Cenatex de Guimarães
- 1º lugar superequipas para a equipa Cenatex Light
Futebol aberto A
- 3º lugar individual – Cenatex EP
- 1º lugar superequipa – Cenatex EP
Futebol aberto B
- 1º lugar superequipas Cenatex 3G
Busca e salvamento juniores
Tipo A escolas básicas
- Melhor apresentação para a equipa EÇA BOT 1 do Agrupamento de Escolas Eça de Queirós, Lisboa
Dança juniores
Dança escolas básicas
- 1º lugar superequipas para a equipa parada Disney do Agrupamento de Escolas Damião de Cóis
- Melhor uso de sensores para equipa Quinta de S. Gonçalo do Agrupamento de Escolas de São Gonçalo de Torres Vedras
Dança escolas secundárias
- 1º lugar superequipas para a equipa ESA Robots da Escola Secundária de Amares
- 1º lugar superequipas para a equipa Simãozinho do Agrupamento de Escolas Santos Simões de Guimarães
- Melhor coreografia para a equipa Simãozinho
- 1º lugar individual para ESA Robots
fonte: Público
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